Pupilando ao acaso...
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Aprendi ontem que um pavão pupila. Eu lavrava num erro imperdoável porque julgava que um pavão pipilava, mas não. O pavão não é pipi, por isso não pipila, mas sim pupila, de pupilar. Quase que gruguleja, mas o pavão não é peru, daí que, com elegância, pupile. E aprendi, enquanto numa entrevista televisiva se grasnava, palrava, latia e crocitava à volta de assuntos de política corrente. A vozearia ia por aí. Porque a nossa situação chegou a um ponto no qual é já indiferente que se pie, cuque, gana, zurre, cante, zumba ou ronque. O sentido é invariavelmente o mesmo e gira à volta de convencer o rebanho de que chegámos à situação que chegámos porque o PSD quis. Deu-lhe para ali, podia ter dado para pior. Ao PSD, não ao entrevistado, que este insiste em martelar os tímpanos da grei com a afirmação pupilante (apenas porque se ouvia pupilar em fundo, no jardim... Sócrates ontem estava particularmente zangado), de que não fosse a birra da Oposição e continuávamos calmamente a pedir dinheiro emprestado a 10% e não precisávamos do FMI para nada. E assim continuou a entrevista, entre o bramir, o ulular, o zumbido, o mugido e o miado até ao fim de um período penoso, em que já só me apetecia guinchar, berrar, balir ou grasnar para acabar com o sibilar, o cacarejar, grunhir, relinchar e rugir do animal feroz que, entretanto e segundo as notícias matinais, adoptou, um vez mais, uma postura (esta aprendi com o Gabriel Alves) de «português suave» e ei-lo por aí a arrulhar e chilrear perante este estupidificado povo, de repente surpreendido por esta passagem do tempo em que os animais falavam, para o tempo em que os animais falam outra vez. E, sobretudo, se zangam muito.
E agora vou ali coaxar um pouco com os amigos e já volto.
Aprendi ontem que um pavão pupila. Eu lavrava num erro imperdoável porque julgava que um pavão pipilava, mas não. O pavão não é pipi, por isso não pipila, mas sim pupila, de pupilar. Quase que gruguleja, mas o pavão não é peru, daí que, com elegância, pupile. E aprendi, enquanto numa entrevista televisiva se grasnava, palrava, latia e crocitava à volta de assuntos de política corrente. A vozearia ia por aí. Porque a nossa situação chegou a um ponto no qual é já indiferente que se pie, cuque, gana, zurre, cante, zumba ou ronque. O sentido é invariavelmente o mesmo e gira à volta de convencer o rebanho de que chegámos à situação que chegámos porque o PSD quis. Deu-lhe para ali, podia ter dado para pior. Ao PSD, não ao entrevistado, que este insiste em martelar os tímpanos da grei com a afirmação pupilante (apenas porque se ouvia pupilar em fundo, no jardim... Sócrates ontem estava particularmente zangado), de que não fosse a birra da Oposição e continuávamos calmamente a pedir dinheiro emprestado a 10% e não precisávamos do FMI para nada. E assim continuou a entrevista, entre o bramir, o ulular, o zumbido, o mugido e o miado até ao fim de um período penoso, em que já só me apetecia guinchar, berrar, balir ou grasnar para acabar com o sibilar, o cacarejar, grunhir, relinchar e rugir do animal feroz que, entretanto e segundo as notícias matinais, adoptou, um vez mais, uma postura (esta aprendi com o Gabriel Alves) de «português suave» e ei-lo por aí a arrulhar e chilrear perante este estupidificado povo, de repente surpreendido por esta passagem do tempo em que os animais falavam, para o tempo em que os animais falam outra vez. E, sobretudo, se zangam muito.
E agora vou ali coaxar um pouco com os amigos e já volto.
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Etiquetas: vozes de animais
14 Comments:
E olha que somos animais racionais!!
Apesar de ter me portado tal qual uma Ema. Afinal de contas estou no Brasil.
Beeijo
sempre jurei que era pipilando também :D
As coisas que você vê... e ouve, caro Nelson!
Aquele abraço.
E ninguém regouga?
xiiiiiiiiiihhh...nunca pensei que dois dedos de prosa com melros tivessem um efeito tão devastador!:)*
Coaxar???...huuuuuuuuuuummmmmmm...alguém* tem que chegar rapinho pra quebrar logo esse encanto!:)
Não sei como se chama a voz da Ema. Vou investigar, Rosário, tá?
Beijo também para si
Maria do Rosário
O comentário acima era, naturalmente, para si :)
IL
É uma inculta pipilante :))))
Torquato da Luz
Na actual situação a gente já vê e ouve de tudo. Um abraço também, meu caro :)
>Anónimo
Pode regougar daí. Alguém ouvirá com certeza :)
Dulce Braga
Primeiro não foi prosa. Foram olhares distantes, que a cornija esta longe. Depois, a coisa não foi tão devastadora assim, o assim foi muito mais devastador :))))
:)*
Anónimo
Sapos qie coaxam muito arriscam-se a coaxar tanto que a pincesa não consegue sequer dar-lhe o beijo do desencanto,tal o barulho :)))))
*
Nelson,
É que aqui no Nordeste fazemos essa alusão à políticos imitadores,
" Ave pernalta brasileira (Ahima cornuta), do porte de um peru, ..... entre essas duas aves reside no fato de possuir a ema três dedos em cada pé, .... qualquer ave psitaciforme, famosa pela facilidade com que imita voz humana."
Beijo
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