Ainda Sócrates

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Uma pessoa vem ao blogue animado de pensamentos suaves, quem sabe a roçar um pouco o lirismo de um fim de semana bem ataviado pela paz de espírito e remanso do corpo, disposto a botar prosa ligeira mas depois... a televisão, nem de propósito, começa a jorrar uma bolsa de enormidades por parte do ainda primeiro ministro, a propósito da sua reeleição como secretário geral com noventa e três por cento dos votos.

À partida, se um homem do calibre de Sócrates é eleito seja para o que for com noventa e três por cento de votos significa que o errado sou eu. Afinal, o Partido Socialista é, ainda, suposto ser uma pessoa de bem e se noventa e três por cento dos eleitores acham que Sócrates é a pessoa indicada para os pastorear, pois só posso concluir que o erro é meu, que não tenho nada que pensar que o homem foi só o pior primeiro ministro de sempre e que para além de não reunir uma envergadura mínima, moral e intelectual (deixo a envergadura física de fora, parece que o homem é bom no «jogging») e que disso se encarregou de demonstrar ao longo de seis anos de comando, conduziu o país, deliberadamente e sem pejo, para um dos mais negros períodos das sua história.

Que sejam muito felizes, pois. Mas, por favor, que não se preparem para provavelmente a mais suja campanha política que parece estar eminente. Este Partido, com Sócrates, relamente não tem uma ideia, um módico de seriedade mínima, um nico de competência que não seja para espraiar aquilo em que é exímio e que começou já a ensaiar. O insulto, o enxovalho, a confusão, a repetição até à exaustão de chavões ensaiados à vírgula. Estamos cansados deste tipo de campanhas, tanto quanto de uma grande parte de comentadores políticos cuja primeirta preocupação é tornar a estratégia abrangente e culpar todos os partidos por esta forma de fazer campanha. Qualquer pessoa minimamente informada perceberá de que lado sopra o vento. E o PSD que se cuide. Porquer ou arranja antídoto para esta vergonha nacional, consubstanciada em Sócrates e sequazes ou é capaz de passar mal. E antídoto não tem que ser necessariamente a elegância do verbo. Haverá muitos casos em que será necessário e desejável chamar os bois pelos nomes e retrucar na mesma moeda em que for atacado. Não esquecendo um simples listinha de todas as trampolinices em que Sócrates foi visto e achado, mesmo que nunca ouvido e acusado.

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