A selecção canarinha (tem de haver qualquer coisa)
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No princípio era o verbo. O verbo da finta, da habilidade pessoal, do engenho e da virtude. Jogadores que punham os olhos dos adversários em bico e os sentavam e em «reviangas» vistosas, antes de correrem e marcarem os golos das vitórias. Era o futebol brincalhão, o futebol da meia enrolada ou «brinca na areia» e a ideia de que os brasileiros eram bons de bola porque eram «pobrezinhos» e começavam a jogar logo de pequeninos e, de preferência na favela. Era a versão poética, sociológica, antropológica, psico-sociológica e outras lógicas em que os europeus foram sempre mestres, provavelmente por começarem a brincar com estes palavrões logo de pequeninos.
Mais tarde, os meninos brasileiros começaram a emigrar para a Europa. Entrosaram-se em futebóis diferentes, estilos diversos, vincada exigência de preparação física, técnica, táctica, científica e outros palavrões que tanto incomodam o Alfredo Barroso mas que é o futebol que ganha campeonatos e movimenta milhões. E não é que os brasileiros não só se adaptaram a este novo tipo de exigências e, deuses, continuavam a ser os melhores?
Ontem, no Soccercity de Joahannesburg (com uns inesperados 12º) o «escrete» deu mais uma lição de futebol. Sem fintas nem «reviangas», continuam a sentar os adversários pô-los com os olhos em bico e meter golos do outro mundo. Mesmo obedecendo aos cânones do pontapé na bola europeu que a maioria deles professa. E continuam a ser os melhores.
Há-de haver uma explicação para isto. Uma delas poderá ser o seleccionador Dunga, tão mal-amado no próprio Brasil. Vestindo um daqueles horripilantes casacos que a filha desenha, conseguiu ontem, por exemplo, calar diplomaticamente os jornalistas que, lá como cá, continuam a viver do mexerico, da mentira e da maledicência. Dunga, na conferência de imprensa de ontem não só calou a rapaziada da esferográfica e bloco de notas, indicando casos em que eles objectivamente mentiram, como lhes sugeriu que deveriam pedir desculpas à «torcida» brasileira pelos dislates que proferem. No fim da conferência ganhou um jogo. Difícil. E ganhou bem, apesar das mãos do Luís Fabiano.
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Etiquetas: FIFA world cup 2010, futebol
5 Comments:
Olá!
Tenho que discordar quanto ao casaco do Dunga, o que ele usou no jogo contra a Coréia do Norte era lindo :)
Mas o Dunga é sempre muito carrancudo, mal humorado, por mais que seja um bom técnico, ele não tem o espírito da simpatia brasileira. É isso que faz com que o povo não o aceite.
Eu, como brasileira, não tô muito satisfeita com esse mau humor dele não.
Beijos!
Espumante....só podia dar certo...hoje é 21 !!!!:)))*
Ismália
É difícil não ser carrancudo perante alguns jornalistas :)
Dulce Braga
E eu que não tinha reparado que era dia 21... Mas lembraste, está lembrado :)))
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iiiii
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