sábado, outubro 03, 2009

Ad captandum vulgus


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A justiça (????) passou a constituir uma ferramenta de peso para objectivos políticos. O cidadão comum percebe, mas como isso se está a tornar em rotina, acaba por ficar insensível. «Habituámo-nos», como nos recomendou António Vitorino e todos sabemos como, no fundo, somos bem-mandados.

O facto de os submarinos de Portas terem vindo de novo e oportunamente à baila e, desta vez, com requintes de pormenor absolutamente extraordinários, quais sejam o pré-aviso a jornalistas de que as investigações iam ser retomadas e a escolha dos magistrados, é um exemplo vivo da verdadeira farsa em que este país se está a tornar e da promiscuidade indisfarçável entre a política e a justiça. Se juntarmos a isto a tagarelice da saúde e o desastre da educação, de pouco mais precisamos para recomendar aos nossos filhos que procurem sítios mais recomendáveis para estudar e viver, ainda que de pior clima e mesmo não havendo favas com entrecosto, jaquinzinhos com feijão frade nem pataniscas com arroz de feijão.

Este assunto dos submarinos já só não fede porque já fedeu o que tinha a feder, pelo que pela parte que me toca me sinto já consideravelmente fedido. E fedidos nos sentimos todos nós em geral. Mas há um aspecto positivo nesta matéria que é o facto de Paulo Portas não ter vindo berrar para a comunicação social, bramando contra «campanhas negras». É, neste particular, um ponto a seu favor, ao contrário do que fez o nosso estimável Grande Líder a propósito do Fripór, da central de compostagem, das casas da Guarda, da licenciatura em dias de guarda, das mentiras correntes, das escrituras desaparecidas e de todo um desfile de episódios que o nosso primeiro achou que eram pura invenção de campanhas de breu absoluto.

Assim sendo, Portas 1, Sócrates 0. O que verdadeiramente não admira, já que ambos relevam de cadinhos bem diferentes.
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