Iupiiii! já reclamámos 500.000 vezes
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Ouvi há pouco que os portugueses apresentaram 500.000 queixas por escrito no ano passado. Curiosamente esta notícia é dada com um ar de júbilo que não entendo muito bem. A sensação é de que é óptimo haver tantas reclamações e que, com jeitinho e esperança, o número de reclamações para 2009 vai aumentar substancialmente.
Salvo melhor opinião, eu fico chateado com tanta reclamação. No plano teórico, o ideal seria que as reclamações fossem zero, era sinal de que tudo estava a correr bem na paróquia. Mas o que sinto é que para nós o fundamental é reclamar. É sentirmos que agora o podemos fazer sem vir a Pide ou outro exemplo de malfeitores rasgar-nos o livro de reclamações e sujeitar-nos à tortura do sono. Haver 500.000 razões para reclamar parece coisa sem importância, boa, por sinal, para que possamos, democraticamente, reclamar. Com jeitinho, o Grande Líder ainda junta as quinhentas mil reclamações ao acervo político do seu mandato.
Há coisas que não entendo. Mas, se calhar (esta do se calhar «ficou-se-me» do Artur Jorge), tudo se explica com exemplos simples. Ainda ontem entrei no carro e o rádio, sempre ligado, invadiu-me o espaço com uma entrevista a Vasco Lourenço e a pergunta, circunspecta, que lhe estavam a fazer era: Acha que alguma vez duvidou do êxito da revolução do 25 de Abril?
Quando trinta e cinco depois ainda martelamos a grei, na rádio, na televisão e nos jornais, com a presença diária de um golpe militar, é sinal de que nunca mais fizemos nada que se visse ou, tendo-o feito, consubstanciamos um caso de incontornável patologia, alimentada pela inteligentzia que continua a andar por aí. E que não há meio de nos desamparar a loja. E esta alegria com o português reclamante afina pelo mesmo diapasão. Por mim, acho tudo isto uma paranóia, independentemente do direito de todos nós usarmos um livro de reclamações. Como se impõe, afinal.
Ouvi há pouco que os portugueses apresentaram 500.000 queixas por escrito no ano passado. Curiosamente esta notícia é dada com um ar de júbilo que não entendo muito bem. A sensação é de que é óptimo haver tantas reclamações e que, com jeitinho e esperança, o número de reclamações para 2009 vai aumentar substancialmente.
Salvo melhor opinião, eu fico chateado com tanta reclamação. No plano teórico, o ideal seria que as reclamações fossem zero, era sinal de que tudo estava a correr bem na paróquia. Mas o que sinto é que para nós o fundamental é reclamar. É sentirmos que agora o podemos fazer sem vir a Pide ou outro exemplo de malfeitores rasgar-nos o livro de reclamações e sujeitar-nos à tortura do sono. Haver 500.000 razões para reclamar parece coisa sem importância, boa, por sinal, para que possamos, democraticamente, reclamar. Com jeitinho, o Grande Líder ainda junta as quinhentas mil reclamações ao acervo político do seu mandato.
Há coisas que não entendo. Mas, se calhar (esta do se calhar «ficou-se-me» do Artur Jorge), tudo se explica com exemplos simples. Ainda ontem entrei no carro e o rádio, sempre ligado, invadiu-me o espaço com uma entrevista a Vasco Lourenço e a pergunta, circunspecta, que lhe estavam a fazer era: Acha que alguma vez duvidou do êxito da revolução do 25 de Abril?
Quando trinta e cinco depois ainda martelamos a grei, na rádio, na televisão e nos jornais, com a presença diária de um golpe militar, é sinal de que nunca mais fizemos nada que se visse ou, tendo-o feito, consubstanciamos um caso de incontornável patologia, alimentada pela inteligentzia que continua a andar por aí. E que não há meio de nos desamparar a loja. E esta alegria com o português reclamante afina pelo mesmo diapasão. Por mim, acho tudo isto uma paranóia, independentemente do direito de todos nós usarmos um livro de reclamações. Como se impõe, afinal.
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Etiquetas: Ai Portugal, reclamações e revoluções
1 Comments:
Sabe que devemos ser o único país da europa a ter o tal livrinho de reclamações...?
Não me fale no seboso do Vasco Lourenço, nem naquele Vitor Alves do bem enterrado conselho da revolução (este último, janta quase sempre fora num conhecido restaurante em Oeiras à conta dos nossos impostos, mas pelo menos anda quietinho...)
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