quarta-feira, abril 16, 2008

Bibelots?


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Esta fotografia da ministra da defesa espanhola passando revista às tropas, grávida, é de um simbolismo muito grande. Não tanto pelo facto de as mulheres ocuparem hoje lugares públicos, libertas de vez do anacronismo de tempos mais ou menos recentes em que elas constituíam um mero meio de equilíbrio social dos homens e uma forma de assegurar a continuação da espécie. E ainda bem. É elementar que as mulheres estavam agrilhoadas a um indecoroso papel de bibelot da casa e da sociedade, joguete das idiossincrasias do poder dos homens. Só me preocupa se não estaremos a caminhar para uma situação de substância semelhante, em forma diferente, quando o politicamente correcto começa a resvalar para o aproveitamento de mulheres para simbolizar as políticas novas do homem novo, coisa, aliás, em que Zapatero parece ser exímio.

Esta fotografia de uma mulher frágil, bonita, grávida e licenciada em direito a passar em revista as forças de defesa de uma nação é, sem dúvida, um sinal da efectiva emancipação da mulher. E ainda bem. Só espero que a mesma foto não encerre, por outro lado, uma forma encapotada de políticas mais ou menos hábeis explorarem o impacto, no sentido de perpetuarem a sua preponderância, remetendo a mulher para uma forma diferente de ser bibelot. Mas bibelot.

Foto via

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13 Comments:

At 10:30 da manhã, Blogger Filipa disse...

vou embirrar contigo novamente! :)
Não achas que esta visão é condicionada pelo facto de seres homem? Eu achei este post um tanto ou quanto machista: antes de mais, um homem também pode ser frágil, bonito, ter filhos e ser licenciado em direito. Nesse caso, verias o seu acto de passar em revista as forças da defesa de uma nação como um uso encapotado de propaganda política? O que é que a beleza, fragilidade, família e cursos superiores têm a ver com a política? Porque é que continuamos a ver as mulheres no governo como uma ferramenta política? Para mim é simplemente um político que desempenha as suas funções, independentemente de ser homem ou mulher. Se eu visse um giraço a fazer a mesma coisa, ficaria toda contente por ver finalmente caras bonitas ao serviço do Estado! :)

ps: e vês como passo mais vezes por aqui do que as que pensas?
bj

 
At 12:00 da tarde, Blogger mulher disse...

Eu não achei o post machista. Alertou para uma coisa importante. Só darei razão à Miss Spring se a ministra da defesa só gozar um mês de licença de maternidade e for o pai a gozar os restantes meses. Ou a Miss Spring acha que um bébé de 1mês não pode ficar ao cuidado do pai?

 
At 4:36 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

miss spring

Se me releres, acharás que o post será tudo menos machista. Pelo contrário. Limito-me a referir um aspecto, qual seja o de me parecer que se está a caír num logro. O da discriminaçõ positiva, da affirmative action, neste caso em relação ás mulheres. Os homens, sobretudo os que tocam na orquestra politicamente correcta de Zapatero e correlativos, são especialistas nisso. E as mulheres que tocam no mesmo tipo de orquestra acabam por não perceber que, ainda que de uma forma diferente, se estão a enformar, de novo, na condição de detestáveis bibelots.
Foi só isso.
Machista, eu?
Não me conheces, com certeza :))
Beijinho

 
At 4:37 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

miss spring
Já agora, reparaste naquela notinha que fiz sobre o prémio BES de fotografia que o teu amigo ganhou?

 
At 4:38 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

ana
Se for breast fed... não :)))
Olha, a Santini já abriu. Disseram-me ontem. Um dia destes apito.
Beijinho

 
At 6:12 da tarde, Blogger Sinapse disse...

Eu cá acho que a fragilidade não está no físico ... mas no espírito, na fibra! Não sei qual é a fibra da ministra da defesa espanhola ... mas considerando que chegou a Ministra ... alguma fibra deve ter!!

;)

 
At 8:47 da tarde, Blogger António de Almeida disse...

-Até poderia concordar, não fosse o pequeno pormenor de não gostar de Zapatero. Os espanhóis irão pagar caro as políticas fracturantes daquele sr, a economia já está a fragilizar, o resto veremos.

 
At 1:37 da tarde, Blogger Cerejinha disse...

... e hoje no Público!
:-D

 
At 4:33 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

sinapse

Mas alguém questionou a "fibra" da senhora?
:))

 
At 4:34 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

antónio de almeida

eu acho mesmo que só os espanhóis é que gostam do homem. E o Mário Soares, claro. :)

 
At 4:36 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

cerejinha
Ainda nem passei lo olhos pelo Público...

 
At 11:15 da manhã, Blogger ana v. disse...

Concordo inteiramente, e não acho o post nada machista. Tem razão, Espumante, esta pode ser outra forma de manipulação e de discriminação das mulheres: a escolha destas pelo "politicamente correcto", que ganha eleições. Ainda assim, não me parece que as mulheres se deixem já manipular tão facilmente. Se aceitam os cargos, mesmo que a oferta tenha sido por razões menos nobres, a verdade é que têm que responder por eles e desempenhá-los bem. E, se o fizerem, deixam de ter importância as razões que as levaram lá. De certa forma é uma bofetada de luva branca que as mulheres podem dar a quem as convida apenas para ganhar votos e parecer "moderno".

 
At 8:23 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Eu não questionei a competência das mulheres que foram nomeadas para os cargos. Questiono o folclore de Zapatero o que, por si só, me coloca dúvidas sobre se a sua atitude não será apenas uma manobra politicamente correcta. Se for o caso, então, sim, aquilo a que elas se estão a prestar é uma farsa lamentável.

 

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