Acabou-se

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Fina-se a retórica obrigacionista daqueles que ao longo dos anos foram dizendo que o Paris e, mais tarde, Lisboa/Dakar era uma ostentação cruel de riqueza e vanidade junto das populações miseráveis do Magreb. Poderão, agora, dormir mais descansados, depois da prova ter sido cancelada por razões de segurança, em face do recente assassinato de quatro turistas franceses perto de Nouakschott. Vendo bem as coisas, os guardiães da moral e da justiça deviam pensar lá com os botões deles que os europeus andavam a pedi-las, com toda aquela ostentação de se atirar a poeira que conspurcava e pureza magrebina. E o profeta terá dado uma mãozinha para se cancelar a prova. É certo que uns quantos milhões de euros deixarão de entrar nas depauperadas ecomomias da região, mas isso é nada comparado com a suprema dignidade de obrigar os infiéis a recuar.

Uma vez mais se desperdiçou o talento nato do Dr. Soares. Um par de viagens a Nouakschott, Bamako e Dakar em negociações de que só ele saberá o segredo poderiam ter evitado esta maçada de se cancelar uma prova e desperdiçado uns milhões que teriam entrado naquelas carentes economias. Quem sabe, até, os turistas franceses teriam sido poupados à barbárie.

Esqueceram-se do Dr. Soares. Um desperdício.

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