Está aí o Natal
[2200]
Por alguma razão que me escapa, acordei hoje com os primeiros sintomas de espírito natalício. Acordei a pensar em flocos de neve, em verdes e vermelhos, azuis e dourados espelhados das árvores de natal, azevinho, musgos, estrelas brilhantes, pacotes de prendas, azevias, rabanadas e avelãs. Pensei em abetos e pinheiros, mas dos verdadeiros, aqueles na simetria da sua ramagem e estes com o odor da resina que me fascinava quando eu era miúdo, que na altura não havia árvores de PVC ou polietileno. Pensei em amigos, nos muitos que tive e nos poucos que tenho por razões várias e em que algumas terão muito a ver com uma vida acidentada e salteada por várias latitudes a que não quis, não soube ou não pude esquivar-me, pensei na família, pensei em guerras e em desvalidos da sorte pensei na doce privacidade de muitas recordações que guardamos como tesouros que gostamos de preservar nossos, sem partilha. Mesmo algumas recordações más que se diluem no conforto da nossa estimada privacidade e isso já é bom. Pensei nas mil coisas que fiz e no milhão que ainda gostava de fazer. Nos sítios que conheci, nos que gostava de conhecer. Pensei em crianças e até a imagem dos meus filhos se perfilou, neste rosário de recordações, com uma expressão de crianças alegres, apesar do filho já fazer a barba há uma série de anos, da filha do meio ter tido uma criança há vinte meses e a mais nova estar prestes a dar o grande salto para a vida, também. Pensei em netos, em brinquedos, em babetes e fraldas, pensei em beijos e choros. Pensei em mulheres bonitas, amantes fogosas, umas revivendo sonhos que julgavam em arquivo morto outras simplesmente matando o tédio. Pensei até em anjos. Certamente, não por associação de ideias a mulheres bonitas, porque os anjos não têm sexo. Mas pensei em anjos, não há nada a fazer, só pode ser mesmo da época. Pensei na blogosfera. No fenómeno que me leva a manter uma relação praticamente diária com um instrumento de comunicação semi-fantasmagórico onde estabeleci contacto com muita gente interessante e que não conhecia e comigo próprio, nos momentos em que me encontro sozinho a olhar para um teclado (sim, não sou daqueles que escrevem com dez dedos e só olham para o monitor), com a sensação de que estou, realmente a estabelecer contacto, ainda que interrogando-me porquê. Eu, que estabeleço contacto todos os dias com mil pessoas de mil sítios, acabo por me sentar ao teclado. E penso inevitavelmente no blog, hoje por hoje mais desinteressante e exigente, por força do quarto ano que vive já em pleno.
Para espírito natalício acho que já pensei de mais, pelo menos para o escasso tempo que me leva a tomar uma chávena de café (delicioso e aromático até ao pecado…), duas fatias de torrada e uma fatia de um queijo muito bom que não digo qual é para não despertar pecados de gula entre os apreciadores (lá está o espírito natalício). Acreditem ou não, pensei isto tudo enquanto tomava o pequeno-almoço. Sensivelmente o mesmo tempo que me levou a passá-lo para a forma de post. Porque nunca fiz posts elaborados. É sempre o que sai. Bem ou mal. Neste caso já nem sei bem o que está escrito lá para trás. Sei que fui registando uns quantos quadros que me perpassaram o espírito. Daí que, muito provavelmente, a coisa esteja desconexa. Conto com o espírito natalício que, tenho a certeza, já vai invadindo os meus amigos e outras acquaintances da blogosfera para me darem o desconto.
E agora vou trabalhar. Que a agricultura dos trópicos não se compadece com espíritos, por muito natalícios que sejam.
Depois de um post destes como fugir ao concurso da vaca do senhor Luís? Vou mesmo ter que arranjar uma. E também tenho de perguntar ao Bekx como é que põem aqueles farrapinhos de neve no blog. Também quero.
Por alguma razão que me escapa, acordei hoje com os primeiros sintomas de espírito natalício. Acordei a pensar em flocos de neve, em verdes e vermelhos, azuis e dourados espelhados das árvores de natal, azevinho, musgos, estrelas brilhantes, pacotes de prendas, azevias, rabanadas e avelãs. Pensei em abetos e pinheiros, mas dos verdadeiros, aqueles na simetria da sua ramagem e estes com o odor da resina que me fascinava quando eu era miúdo, que na altura não havia árvores de PVC ou polietileno. Pensei em amigos, nos muitos que tive e nos poucos que tenho por razões várias e em que algumas terão muito a ver com uma vida acidentada e salteada por várias latitudes a que não quis, não soube ou não pude esquivar-me, pensei na família, pensei em guerras e em desvalidos da sorte pensei na doce privacidade de muitas recordações que guardamos como tesouros que gostamos de preservar nossos, sem partilha. Mesmo algumas recordações más que se diluem no conforto da nossa estimada privacidade e isso já é bom. Pensei nas mil coisas que fiz e no milhão que ainda gostava de fazer. Nos sítios que conheci, nos que gostava de conhecer. Pensei em crianças e até a imagem dos meus filhos se perfilou, neste rosário de recordações, com uma expressão de crianças alegres, apesar do filho já fazer a barba há uma série de anos, da filha do meio ter tido uma criança há vinte meses e a mais nova estar prestes a dar o grande salto para a vida, também. Pensei em netos, em brinquedos, em babetes e fraldas, pensei em beijos e choros. Pensei em mulheres bonitas, amantes fogosas, umas revivendo sonhos que julgavam em arquivo morto outras simplesmente matando o tédio. Pensei até em anjos. Certamente, não por associação de ideias a mulheres bonitas, porque os anjos não têm sexo. Mas pensei em anjos, não há nada a fazer, só pode ser mesmo da época. Pensei na blogosfera. No fenómeno que me leva a manter uma relação praticamente diária com um instrumento de comunicação semi-fantasmagórico onde estabeleci contacto com muita gente interessante e que não conhecia e comigo próprio, nos momentos em que me encontro sozinho a olhar para um teclado (sim, não sou daqueles que escrevem com dez dedos e só olham para o monitor), com a sensação de que estou, realmente a estabelecer contacto, ainda que interrogando-me porquê. Eu, que estabeleço contacto todos os dias com mil pessoas de mil sítios, acabo por me sentar ao teclado. E penso inevitavelmente no blog, hoje por hoje mais desinteressante e exigente, por força do quarto ano que vive já em pleno.
Para espírito natalício acho que já pensei de mais, pelo menos para o escasso tempo que me leva a tomar uma chávena de café (delicioso e aromático até ao pecado…), duas fatias de torrada e uma fatia de um queijo muito bom que não digo qual é para não despertar pecados de gula entre os apreciadores (lá está o espírito natalício). Acreditem ou não, pensei isto tudo enquanto tomava o pequeno-almoço. Sensivelmente o mesmo tempo que me levou a passá-lo para a forma de post. Porque nunca fiz posts elaborados. É sempre o que sai. Bem ou mal. Neste caso já nem sei bem o que está escrito lá para trás. Sei que fui registando uns quantos quadros que me perpassaram o espírito. Daí que, muito provavelmente, a coisa esteja desconexa. Conto com o espírito natalício que, tenho a certeza, já vai invadindo os meus amigos e outras acquaintances da blogosfera para me darem o desconto.
E agora vou trabalhar. Que a agricultura dos trópicos não se compadece com espíritos, por muito natalícios que sejam.
Depois de um post destes como fugir ao concurso da vaca do senhor Luís? Vou mesmo ter que arranjar uma. E também tenho de perguntar ao Bekx como é que põem aqueles farrapinhos de neve no blog. Também quero.
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Etiquetas: natal
16 Comments:
Não precisas de descontos; tudo faz sentido!
É Natal...
:)
Beijola.
Venha de lá (daí) essa vaquinha que estamos em fase de manada :)
Abraço
:)) muito bonito!
www.dynamicdrive.com
Abraço;)
Muito bonito sim.
Jokinhas
Di
carlota
Preciso de um desconto, sim. Não estou a gostar do espumadamente, está chato e comprido, já estou a caminho dos quatro anos... não sei, há qualquer coisa. Há dias reli posts, ao acaso, de 2004 e 2005 e eram muito mais frescos, mais originais, mais tudo. Anda-me a saltar o pé para começar um novo
:)
Beijola
lnt
Vai entre amanhã e depois. Então concorri à árvore do ano passado e ia deixar passar a vaca? :)
sinapse
És uma lisonjeadora :)))
Beijinhos lisonjeados
bekx
Vou lá espreitar
Obg e um abraço
Di
És uma lisonjeadora, como a Sinapse :))
beijinho
Cheguei atrasada, mas ainda a tempo de dizer que adorei este texto.
Beijinhos
Liiiiindo!!! Lembras-te dos chupa-chupas de chocolate em forma de Pai Natal que eu distribui no ano passado depois do jantar? Se fores ao deste ano (dia 27, falta saber onde), levo uns que são umas anjinhas com totós louros, que te parece?
beijinhos
Escrever ao correr da pena(o tempo da chávena de café!!) é escrever com o coração,a melhor "caneta"que nos
resta...
Votos de um Natal(não só feito de memórias)mas de outros tantos momentos que como tal se constituam! Um abraço-
laura
Chegaste atrasada, mas between, "because I'm not for caganifâncias". Esta parte do I'm not for caganifâncias é um complemento ao between e era contado como anedota em que Gertrudes Tomás o afirmava com o maior desplante :))) Tenho a certeza que o teu Pai conheceria a anedota.
E obrigado pela tua amabilidade.
Beijinho
azulinha
Então não lembro? E vai haver um jantar a 27? Onde? Como? Com quem? Sinto-me como os maridos. O último a saber...
:))
Beijos
addiragram
Escrevo sempre assim. Ao correr da pena. Por isso é qur acho que nunca conseguiria escrever um livro. Quando chegasse ao meio já não saberia o princípio...
Um abraço, também
:)
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