Facturas que impressionam bem
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Com o advento do correio electrónico, a correspondência aqui em casa passou a ser, quase exclusivamente, composta de contas para pagar. Como sempre tive jeito para ser rico (jeito, friso, jeito, eu disse jeito…) não me ocorre alguma vez me ter demorado a esmiuçar uma factura de água, luz ou telefone em detalhes.
Pois bem. Tomo o pequeno-almoço agora mesmo e, na ausência de jornais já lidos à mão, entretive-me a abrir correio recebido de véspera. Ao acaso pego na factura da água e verifico que a conta deste mês é de €16,77. Ou seja, consumi €16,77 de água, distribuída por escalões 1, 2, 3 e 4 o que até achei razoável, sobretudo se considerarmos que se há momentos em que me abstenho de preocupações ecológicas é quando estou debaixo do duche. Mas depois… atenção: - Há um quota de serviço que eu não faço a mais remota ideia do que seja e que custa €12,26. Segue-se um saneamento. Um é variável (presumo que de vez em quando se saneia qualquer coisa cá em casa e outras vezes, não, não se saneia coisa nenhuma) e custa-me € 5,05. Outro é fixo (presumo que há qualquer coisa que é saneada em regime contínuo e custa-me €6,10. Há ainda uma rubrica de resíduos variável, donde infiro que a minha residência tem uma considerável acção residual intermitente, apesar de me interrogar que resíduos possam ser, e que me custa €2,10. Segue-se, naturalmente, uma taxa de resíduos fixos (sempre fica qualquer coisa…), no valor de €0,50. Algures, em algum momento, há alguém que me controla a qualidade da água que bebo. Isso custa-me uns modestos €0,04. Juntamos um inevitável IVA a 5% e lá está. A minha conta de água do mês de Setembro é de €45,01, apesar de eu só ter consumido € 16,77.
Sempre fomos bons nisto. A arte de as facturas oficiais terem um ar sério, assertivo, rigoroso, traduzido em quantias de casas centesimais, imagem de A bem da Nação e, de caminho, umas contas que ninguém entende mas sabe que tem que pagar. Como já vivi em países onde as contas domésticas vinham em forma de, por exemplo, "consumo do mês tal, tanto", agora, com tantos saneamentos, controles de qualidade e outros factores fixos e variáveis, estranho. E digam-me lá se não tive um pequeno almoço interessante e, sobretudo, esclarecedor.
Com o advento do correio electrónico, a correspondência aqui em casa passou a ser, quase exclusivamente, composta de contas para pagar. Como sempre tive jeito para ser rico (jeito, friso, jeito, eu disse jeito…) não me ocorre alguma vez me ter demorado a esmiuçar uma factura de água, luz ou telefone em detalhes.
Pois bem. Tomo o pequeno-almoço agora mesmo e, na ausência de jornais já lidos à mão, entretive-me a abrir correio recebido de véspera. Ao acaso pego na factura da água e verifico que a conta deste mês é de €16,77. Ou seja, consumi €16,77 de água, distribuída por escalões 1, 2, 3 e 4 o que até achei razoável, sobretudo se considerarmos que se há momentos em que me abstenho de preocupações ecológicas é quando estou debaixo do duche. Mas depois… atenção: - Há um quota de serviço que eu não faço a mais remota ideia do que seja e que custa €12,26. Segue-se um saneamento. Um é variável (presumo que de vez em quando se saneia qualquer coisa cá em casa e outras vezes, não, não se saneia coisa nenhuma) e custa-me € 5,05. Outro é fixo (presumo que há qualquer coisa que é saneada em regime contínuo e custa-me €6,10. Há ainda uma rubrica de resíduos variável, donde infiro que a minha residência tem uma considerável acção residual intermitente, apesar de me interrogar que resíduos possam ser, e que me custa €2,10. Segue-se, naturalmente, uma taxa de resíduos fixos (sempre fica qualquer coisa…), no valor de €0,50. Algures, em algum momento, há alguém que me controla a qualidade da água que bebo. Isso custa-me uns modestos €0,04. Juntamos um inevitável IVA a 5% e lá está. A minha conta de água do mês de Setembro é de €45,01, apesar de eu só ter consumido € 16,77.
Sempre fomos bons nisto. A arte de as facturas oficiais terem um ar sério, assertivo, rigoroso, traduzido em quantias de casas centesimais, imagem de A bem da Nação e, de caminho, umas contas que ninguém entende mas sabe que tem que pagar. Como já vivi em países onde as contas domésticas vinham em forma de, por exemplo, "consumo do mês tal, tanto", agora, com tantos saneamentos, controles de qualidade e outros factores fixos e variáveis, estranho. E digam-me lá se não tive um pequeno almoço interessante e, sobretudo, esclarecedor.
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Etiquetas: Facturas
7 Comments:
Sempre foi melhor que o meu que sacudi um iogurte já sem tampa e sujei tudo no raio de um kilómetro...
Por essas e outras é que não abro factura nenhuma e deixo tudo a pagar directamente no Banco. Irrito-me menos e tenho que pagar à mesma...
beijo, fom fim de semana
ai que ainda estou a rir da forma como a Azulinha inaugurou o dia! Desculpa, Azulinha, mas só de imaginar ...
Quanto à factura da água, caro Espumante, tens toda a razão ... é de ficar à banda! Agora, imagina um IVA de 21% ... como no maravilhoso país de que Bruxelas é cinzenta capital!
... a despropósito ... isto é para que vejas do que os homens são capazes está correcto.
Também tenho dessas por cá (sou vizinha), mas confesso que nunca me dei ao trabalho de analisá-las à lupa. Se soubesse que eram tão imaginativas, talvez já o tivesse feito para me inspirar!
Bom texto.
Ana
azulinha
Nem os Irmãos Estarolas pensariam em agitar um iogurte destapado. desculpa, mas estou com a Sinapse. Ainda estou a rir:))))
beijinho
sinapse
A Azulinha deve ser aquele tipo de mulher que entra no quarto, atira com o cigarro para cima da cama e lança-se a ela pela janela fora...
:)))
Quanto á semântica que referes, aquilo era uma provocação para a Laura. pode ser que ela ainda lá passe, na Carlota, e diga da sua (dela) justiça.
Beijinhos corrigidos
ana vidal
Olá vizinha.
Vindo de quem vem, o seu elogio é uma honra.
Obrigado pelo comentário que me deu oportuniade de conhecer o blog e a sua web page.
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