quarta-feira, setembro 12, 2007

Dignidade e profissionalismo



[2007]

Por vezes, é perante a morte que se descobrem as grandes lições de vida.

Por qualquer razão, eu não sabia que tinha sido possível acompanhar alguns momentos do drama do American 11 antes de o avião embater fragorosamente numa das torres gémeas. A RTP apresentou ontem uma reconstituição do que pode ter sido esses últimos momentos da viagem, sobretudo através de ligações telefónicas com as assistentes de bordo e por filme foi reconfortante verificar como a acção decidida e, sobretudo, controlada e muito profissionalizada de um grupo de mulheres conseguiu fornecer a informação necessária para a identificação dos animais criminosos que se apropriaram do avião.

É certo que não salvaram ninguém, mas puderam, pelo menos, amenizar os últimos momentos de um grupo de passageiros que nem sequer perceberam que a morte estava ali a poucos minutos esperando por eles, através de uma acção apropriada a evitar o pânico descontrolado. Puderam ainda prestar valiosa informação que serviu para, mais tarde, prender alguns dos responsáveis

É neste cenário que os últimos posts de Daniel Oliveira no seu Arrastão me chegam a parecer obscenos. No 31 da Armada acham-no de "mau gosto" . Por mim, custa a entender que se consiga encontrar ali uma espécie de ressabiamento, de raiva, uma permanente e nem sequer disfarçada animosidade em tudo o que Daniel de Oliveira escreveu neste últimos dias sobre o 9/11. Não entendendo, nada me tolhe, todavia, no sentido de apontar a dedo aquilo que me parece, repito, uma obscenidade. E uma profunda falta de respeito pelas vítimas (aqui é a parte em que Daniel Oliveira, se respondesse a este post, diria “então e as vítimas no Iraque?”)

Uma vez mais, quanto às assistentes de bordo do American 11, o meu profundo respeito pela sua digna acção. São episódios destes que fazem com que continuemos a acreditar em valores como a dignidade, o profissionalismo, a integridade e o espírito de missão. Nos homens, enfim. Vocábulos estranhos a muita gente, eu sei.



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