Lições de vida
[1937]
Samson é um macaco babuíno de meia-idade e com oito fêmeas para cuidar e cobrir. Nem sempre os seus impulsos sexuais são bem vindos, as fêmeas não querem, repelem-no ou agridem-no mesmo. A não ser quando lhes vem o cio e então todas o querem ao mesmo tempo. E é quando as oito ninfas se atiram a Samson e exigem tratamento e atenções adequados. Todas, muito e todas, já.
Não será fácil lidar com tanta exigência, uma macaca sabe deus, quanto mais oito delas em cio fremente e ávido. E depois, há a prole. Mas de tudo e de todos cuida Samson com desvelo, paciência e sabedoria, três legados da natureza que ele assume e enobrece. E a vida decorre normalmente. Os filhotes comem e são catados, as fêmeas são devida e atempadamente satisfeitas e Samson, de vez em quando, sobe a um morro e contempla o horizonte com uma expressão filosófica (não sei se é possível um macaco assumir uma expressão filosófica mas vendo-se o documentário acho que é possível, sim) e de noção de dever cumprido.
Mas eis que aparece N’kudda. Um macho mais jovem, pujante, másculo e com as hormonas a escorrerem-lhe pela baba. Fita Samson com ar de desafio e arreganha os caninos. Enche o peito e olha as oito fêmeas que, expectantes, assistem á cena. Samson não quer deixar os seus créditos por mãos alheias, muito menos as fêmeas) e arreganha os dentes, também. A luta começa, feroz, dura e sangrenta. Samson resiste enquanto pode mas N’kudda é mais jovem, é mais forte e não perdoa. Do alto de um penhasco acaba por dar o empurrão final a Samsom. N’kudda regressa, impante, ao local da contenda. As fêmeas olham-mo à distância e, pouco a pouco, vão se aproximando. Rodeiam-no e catam-no. Diligente e reverencialmente.
Ao longe, Samson, recupera da subida do penhasco. Está cansado, triste, ensanguentado. Olha para a família e percebe que ela já não lhe pertence. E numa espécie de lágrima que lhe aparece ao canto do olho reflecte-se a imagem das suas oito mulheres e respectivos filhos a afastarem-se com N’kudda a caminho de outras paragens. Samson passará a pertencer ao grupo dos babuínos mais fracos e solitários até que um dia, definitivamene cansado da selva, se deixa morrer.
Wild life, na TV.
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