segunda-feira, julho 02, 2007

Liberdade

[1852]

A blogoesfera é um dos palcos preferidos para se cantar a liberdade. Curiosamente, numa fase histórica de liberdade plena. Curiosamente, também, o cântico da liberdade provém maioritariamente de gerações que não sabem o que é a sua falta, porque nunca viveram na opressão. Sabem de ouvir falar, frequentemente, com os desvios de quem a descreve e de acordo com a respectiva sensibilidade política.

Mas há como que um maneirismo muito próprio que os leva a falar permanentemente da liberdade, assim ao estilo do “não podemos esquecer, o tempo que passou”, que alguns países africanos usavam no período de pós independência. Cânticos que mais do que lembrar os tempos maus, glosavam a ira e o despeito por quem os provocara. E com a liberdade é um bocado assim. Gerações que nunca viram um bigode de um "pide", que nunca foram revistados e, em casos extremos, nunca foram presos são, muitas vezes, aquelas que mais falam na liberdade. Em vez de a fruir como um bem natural, remexem nela a todo o momento, como se de uma necessidade fisiológica se tratasse. Não sabem bem porquê. Mas fazem-no. Será talvez o tal "chique comunista" de que há poucos dias falei. Será, talvez, porque não têm nada de mais interessante para falar.

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2 Comments:

At 7:16 da tarde, Blogger cristina disse...

Confesso que a esta não estava habituada! Costuma ser mais ao contrário: os sermões de que os jovens não sabem dar valor ao que têm; como se tivéssemos de continuamente agradecer aquilo que recebemos sem sequer termos mexido uma palha por isso. Mas, já que falas nisso, é bom também ouvir umas queixas do outro lado...

Daqui resulta que os jovens são uns desgraçados: se cantam é porque cantam, se não cantam é porque não cantam! :)

Percebo o que dizes, mas não sei bem se terá de ser assim tão negativo... Qual é o problema de remexer? Não conheço os períodos pós-independência africanos, mas, tendo em conta o que descreves, não me parece que seja isso. Não é um remexer do passado, é um remexer no presente! Mais do que um despeito pelo passado é um agitar, uma lembrança do presente. Quando não se sabe bem porquê, talvez haja problema... Mas será que só pode cantar aquilo que tem, quem soube o que era não o ter?... É claro que desses tem mais valor, é mais sentido, mas não é exclusivo. Será que só pode cantar o amor o poeta amargurado?

Quanto ao "chique comunista"... Mais uma vez, percebo o que dizes, mas acho a comparação com o que falaste há dias um bocadinho abusiva...

Por fim, o «não têm nada de mais interessante para falar»... acho que vou ignorar... Pode ser?... :)

 
At 8:38 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Cristina
Há aqui uma coisa. O post está mal escrito e induz em erro. Não foi minha intenção fazer crítica à geração actual de jovens, mas mais realçar o facto de que quando não há causas por que lutar, essas causas inventam-se e é um bocadinho o ue se passa. Por outro lado, eu referia-me mais ao facto de repetidamente, repito, re-pe-ti-da-men-te os jovens baterem na tecla da liberdade, muitas vezes sem ser por outra razão que não seja a obediência a um pensamento politicamente correto, que é uma coisa que, confesso, me causa urticária. Ou seja, berrar a liberdade por tudo e por nada, exemplo, "hoje está sol" e a liberdade etc., etc., etc :))))
E, sim, aceito a tua última crítica, quando digo, "se calhar não têm mais nada interessante para falar.
É claramente, um excesso. Leva isso à conta de retórica e faz de conta que não disse, ok?
beijinho

 

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