O sujeito, o predicado, a sintaxe, o cão de Mourinho, a FA Cup e o português ligeirinho
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Por mais que uma vez assinalei aqui que, de um modo geral, falamos mal. Cometemos erros por ignorância, mas também caímos naquilo que normalmente se designa por pontapés na gramática.
No meu entendimento o pontapé na gramática não releva propriamente da ignorância mas mais da forma ligeirinha e estouvada, tão peculiar dos portugueses, de comunicarmos. Há erros que não são aceitáveis em gente com responsabilidades públicas, sobretudo ao nível dos profissionais de comunicação social, como é normal. E esses, sim, são ou deveriam ser objecto de crítica severa se não fossem eles escrutinados por responsáveis que são, afinal, tão ligeirinhos como eles. Estou a referir-me a quem quer que seja que tenha a responsabilidade de estar atento à forma como se escreve e diz na comunicação social. Tudo farinha do mesmo saco. Tudo ligeirinho, estouvado, tipo arruma o carro descuidadamente por cima das linhas pintadas no chão.
Há inúmeros erros do tipo “eles sabem como se diz bem mas dizem mal”, desde as múltiplas formas de pronunciar helicóptero até aos juniores e seniores com a tónica na sílaba antes da penúltima sílaba (o que é, no mínimo, "bi-exdrúxulo"…), passando pelas gramas e uma lista enorme de erros ligeirinhos. Talvez o mais frequente seja a impossibilidade (genética???) que os portugueses têm de fazer uma coisa simplicíssima, qual seja a simples concordância do sujeito com o predicado. E daí que todos os dias, na maioria dos jornais, das revistas, nos noticiários das televisões, se ouça a cada passo frases do tipo “ele é um dos que diz” ou “foi um dos jogadores que mais se esforçou” e outras frases semelhantes. Para não falar no “andares vendem-se” ou no “escritórios alugam-se”.
Foi, assim, com grata surpresa que ouvi hoje na RTP, na rubrica "falar bem português", aludir ao tal erro de concordância do sujeito com o predicado. Claro que quase toda a gente indagada aplicou um sujeito plural a concordar com um predicado singular.
Este erro é particularmente frequente aqui nos blogues. Mesmo nos mais insuspeitos. É uma questão de passarem a reparar. Repare e vai ver como passará a ser um dos que mais se admira com a coisa.
NOTA: A lição de português de hoje na RTP1 foi imediatamente a seguir a uma entrevista com José Mourinho que a propósito da história do cão pedia aos jornalistas, com ar pungente: “Please, leave my kids alone. I’m not english but the FA Cup is very important for me”. Serviço público, no seu melhor.
Por mais que uma vez assinalei aqui que, de um modo geral, falamos mal. Cometemos erros por ignorância, mas também caímos naquilo que normalmente se designa por pontapés na gramática.
No meu entendimento o pontapé na gramática não releva propriamente da ignorância mas mais da forma ligeirinha e estouvada, tão peculiar dos portugueses, de comunicarmos. Há erros que não são aceitáveis em gente com responsabilidades públicas, sobretudo ao nível dos profissionais de comunicação social, como é normal. E esses, sim, são ou deveriam ser objecto de crítica severa se não fossem eles escrutinados por responsáveis que são, afinal, tão ligeirinhos como eles. Estou a referir-me a quem quer que seja que tenha a responsabilidade de estar atento à forma como se escreve e diz na comunicação social. Tudo farinha do mesmo saco. Tudo ligeirinho, estouvado, tipo arruma o carro descuidadamente por cima das linhas pintadas no chão.
Há inúmeros erros do tipo “eles sabem como se diz bem mas dizem mal”, desde as múltiplas formas de pronunciar helicóptero até aos juniores e seniores com a tónica na sílaba antes da penúltima sílaba (o que é, no mínimo, "bi-exdrúxulo"…), passando pelas gramas e uma lista enorme de erros ligeirinhos. Talvez o mais frequente seja a impossibilidade (genética???) que os portugueses têm de fazer uma coisa simplicíssima, qual seja a simples concordância do sujeito com o predicado. E daí que todos os dias, na maioria dos jornais, das revistas, nos noticiários das televisões, se ouça a cada passo frases do tipo “ele é um dos que diz” ou “foi um dos jogadores que mais se esforçou” e outras frases semelhantes. Para não falar no “andares vendem-se” ou no “escritórios alugam-se”.
Foi, assim, com grata surpresa que ouvi hoje na RTP, na rubrica "falar bem português", aludir ao tal erro de concordância do sujeito com o predicado. Claro que quase toda a gente indagada aplicou um sujeito plural a concordar com um predicado singular.
Este erro é particularmente frequente aqui nos blogues. Mesmo nos mais insuspeitos. É uma questão de passarem a reparar. Repare e vai ver como passará a ser um dos que mais se admira com a coisa.
NOTA: A lição de português de hoje na RTP1 foi imediatamente a seguir a uma entrevista com José Mourinho que a propósito da história do cão pedia aos jornalistas, com ar pungente: “Please, leave my kids alone. I’m not english but the FA Cup is very important for me”. Serviço público, no seu melhor.
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Etiquetas: comunicação social, pontapés na gramática
7 Comments:
Percebo tudo isso e também acho que os profissionais da comunicação deviam ter mais cuidado com o que dizem. "Não são erros, são gralhas!" Mas às vezes são gralhas demasiado erradas... Então nos directos!...
Agora, pedindo desculpa pela ignorância, qual é o problema de “andares vendem-se” ou “escritórios alugam-se”? - isto, claro, para além de os imóveis serem arrendados e não alugados.
[Não me batas muito, sim?... É que, se calhar, eu até sei como se diz bem, mas, pelos vistos, digo mal :)]
Espera lá... O impessoal não tem plural, é isso? "vende-se" e "aluga-se"... É isso, pois é?...
[Ufff... acho que já pensei tudo por hoje... Ainda falta muito para o dia acabar?...]
Eu, como boa estouvada, vou só comentar que desde ontem, quando ouvi a notícia do cão do José, que estou à espera do que vais escrever a respeito. Tu e a Cristina do Contra-capa. Ela já me satisfez...
Beiinhos
cristina
É "isso" mesmo, Cristina :))
E não foi preciso pensar muito
azulinha
Espero que entendas que sou totalmente alheio ao facto de a Cristina te ter satisfeito :)). Fê-lo bem melhor do que eu, porque depois de se ler o que ela escreveu sobre o cão do Mourinho pouco mais fica para dizer que consiga fazer rir as pessoas :)
beijinho
eheheheheheheheh! Eu confesso que a minha atenção está quase toda na ortografia ... o resto, passa-me um bocadito-ito-ito ao lado ... não de todo, só um bocadito!!! Portanto, devo ser daquelas pessoas que caem nessas tais ligeirezas que descreves ... de vez em quando, de quando em vez ...
Beijinhos, dos que tentam combinar com o texto (mas por vezes não há imaginação para tanto e ficam só beijinhos),
Sinapse
resolvi entar para ver sobre sujeito predicado e sintaxe mas não achei bosta de cú nenhum
vcs vão toma bem no redondo
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