quarta-feira, maio 16, 2007

O costume



[1744]

Nos socialistas, a afirmação assertiva de sentido único sobre seja o que for, é uma imagem de marca que denuncia, ainda, a faceta residual da intolerância sobre a opinião de outrem. Não obstante serem o pluralismo e a tolerância dois dos mais significativos valores que o socialismo cavalgou na transposição das suas posições doutrinárias para o domínio das massas populares, o que sempre se notou foi a mais férrea intransigência sobre as posições assumidas, sempre as boas, as correctas e jamais passíveis de debate. E mesmo quando, por exigências do mercado ou por circunstancialismo político, o debate tem de fazer parte de um cenário democrático, muito raramente o socialismo acata as regras do debate. É bem conhecida a estratégia, que fez escola, de não se deixar falar o interlocutor, interrompendo o seu discurso com apartes, entupindo a opinião dos adversários com palavreado a monte que não deixa perceber o que se diz, sendo que este é, em última análise, o verdadeiro objectivo da estratégia. Impedir que se oiça ou se entenda o que adversário tem para dizer.

As coisas hoje estão um pouco diferentes, mas os tiques permanecem e é ainda frequente observar-se a forma irredutível com que as grandes tiradas são aplicadas, implacáveis na forma e irredutíveis na substância.

Vem isto a propósito das afirmações avulsas que vão surgindo por aí de que António Costa é a única pessoa capaz de retirar Lisboa da situação em que se encontra. Os que o dizem, não acham. Declaram taxativamente que. Passam por cima dos caminhos tortuosos que levaram à substituição de um ministro, do atestado de menoridade que foi passado ao Tribunal Constitucional e por todo o cenário de aparelhismo que ressoa á distância, em nome da vitória numas eleições intercalares para um dos mais apetecidos cargos políticos. O de presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Sendo que o que está verdadeiramente em jogo é ganhar a Câmara e não a resolução dos seus problemas. Isso acontecerá ou não, com mais ou menos tempo, mas é absolutamente secundário.

É evidente que há mil pessoas capazes de "pegarem" na Câmara Municipal de Lisboa e submetê-la a uma gestão séria, eficaz e na defesa dos interesses dos lisboetas. Mas os socialistas acham que não. Pior, ainda. Acham que António Costa não é um bom candidato. É, sim, a única pessoa capaz de retirar Lisboa do atoleiro. Atoleiro que, diga-se de passagem, o próprio Partido Socialista ajudou laborioamente a criar.

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2 Comments:

At 12:32 da tarde, Blogger Bekx (JGG) disse...

Verdadeiramente importante é saber quem irá receber o Sporting nos Paços do Concelho quando formos campeões no próximo Domingo:)
Abraço

 
At 9:40 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

bekx
Confesso o meu cepticismo... mas nunca se sabe :)

 

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