Musgos, esporângios e parasitismo
Esporângio, órgao reprodutor das briófitas, vulgo musgos.
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Agora que a negação de Darwin é voz corrente nas falanges do “não” ao referendo sobre a IVG e, ao contrário, se sucedem e multiplicam os documentários sobre a evolução dos símios pelo homo erectus (300 c.c. de cilindrada de cérebro, pouco mais que uma motoreta de entrega de pizas), homo habilis, até ao homo sapiens (1300 c.c. de cilindrada, coisa assim como, deixa cá ver… um toyota corolla) pelas claques do “sim”, vale a pena pegar num exemplo feliz a favor da teoria da evolução.
Pegando num post da Miss Pearls em que ela se decide ir ao musgo e porque para o bem e para o mal a biologia e a botânica fazem parte da minha formação académica, acabei por fazer uma pesquisa ligeira sobre os musgos, afinal umas vulgares briófitas que foram caindo mais ou menos em desuso pela acção dos “patos-bravos” na zona saloia, os herbicidas e, em última análise, pelas secas mais frequentes. E passando por cima de múltiplos aspectos interessantes da composição dos musgos, detive-me na imagem de um esporângio, reproduzido em cima, e que é, mais coisa mais coisa, o órgão sexual das briófitas, vulgo musgos. Se bem que o musgo se possa reproduzir assexuadamente, leia-se corte de uma parte do corpo e transplantação para local diferente e, mal comparado no homem, o equivalente à amputação de um dedo e dele nascer um novo ser humano, a verdade é que o musgo também se pode reproduzir por via sexuada – coisa que tem muito mais graça e dá muito mais gozo que cortar um dedo.
Chegados aqui e olhando cuidadosamente para a imagem acima eu gostava que me dissessem como é possível não estabelecer uma relação imediata entre o musgo e o homem, sendo que neste particular a evolução nem parece ter sido muita… sobretudo se pensarmos nos judeus, que devem apreciar muito o musgo, apesar de não fazerem presépios. Basta olhar para a imagem e ver as semelhanças. Há, porém, uma diferença de tomo. No musgo, o esporângio, o órgão sexual, é (segurem-se) um parasita. Leram bem, pa-ra-si-ta. Nem mais nem menos. Um parasita simpático, diria eu, pois em troca do que rouba para sustento, proporciona algum prazer ao hospedeiro e a continuação da espécie. Já no homem, a coisa não é bem assim. Há um registo de parasitismo entre ele e o seu órgão reprodutor mas é um contexto totalmente diferente e resta saber se é o órgão que parasita o corpo ou o corpo que parasita o órgão. Em qualquer dos casos, uma relação muito estreita, não despicienda e, em última análise, não descartável sob pena de extinção deste bicho complicado que é o homem.
P.S. Isto é o que acontece quando se acorda às 10, se toma o pequeno almoço às 10:05, se boceja às 10:07, espreguiça às 10:10 e o cérebro nos dá voz de comando para pegarmos na bicicleta e derretermos o excesso de lípidos e hidratos de carbono acumulados durante estes dias de chuva. O resultado é escrever um post que irá servir de desculpa para pegarmos na bicicleta mais tarde, e mais acordados, ou não pegar. Vejamos o que se passará a seguir.
6 Comments:
No Homem a relação é mais simbiótica com forte pendor afectivo, dependendo do desempenho, claro está :))
(O musgo acima é achinesado, não...?)
As semelhanças não acabam... em muitos homens a "coisa" é também assim a modos que parasita, parece, ouvi dizer...
Mas o post é muitíssimo esclarecedor, adorei. E aprendi muitas palavrinhas novas! Estou tão grata!
JoãoG
Circuncisado é... se é chinês não sei :)
Ah e "aquilo" é ésporângio (!!!...) do musgo, não é o musgo
:)
Um abraço
125_azul
Ainda bem que aprendeste alguma coisa. Confessa que já ouviste chamar muita coisa mas... esporângio, nem por isso
:))
Beijinho
desculpa,mas o eporófito que carrega o esporângio não tem sexualidade. Os musgos e todos seres do reino Plantae se reproduzem pela chamada alternâcia de gerações. Com uma geração sexuada (gametófito) e uma assexuada (esporófito).
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