Popups, cookies and the like
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Num passado recente havia duas profissões que produziam uns espécimes a que eu era particularmente alérgico – médicos e pilotos. Os médicos porque são visceralmente incapazes de falar seja com quem for sem pensarem que estão a lidar com atrasados mentais, incultos e obscuros humanóides que vieram à Terra só para estar doentes (independentemente de serem as doenças que lhes pagam as despesas do fim do mês, mas isso eles não entendem) e os pilotos porque são incapazes de dizer uma frase com mais de três palavras sem que os termos “borregar” “cúmulo-nimbos”, “trem”, “turbulência” e "peso à descolagem" não venham a ser incluídos. Profusamente, diria eu.
Ora, os avanços da técnica e da ciência produziram uma nova estirpe de profissionais, injusta e vulgarmente designados por “informáticos”, que é terminologia que eu acho estar longe da presumida profundidade de conhecimentos desta gente. Acho que deveriam ser chamados de computer brain monitors ou uma coisa assim verdadeiramente sonante, embora para mim, seja mais, simplesmente, "ratos de computadores".
Constituem, por assim dizer, a terceira das classes profissionais que me causam eripsela ou, em casos extremos, autênticas hipogenesias de linfático (eu não sei bem o que é uma hipogenesia de linfático mas estava ao pé da eripsela quando fui ao google ver se eripsela estava bem escrito e, portanto, deve haver uma relação qualquer…).
É que não é possível manter um diálogo minimamente racional com estes iluminados do harware sem que nos sintamos profundamente idiotas ou, mais grave, totalmente destituídos. Por exemplo, esta semana havia um programa qualquer que eu não conseguia abrir lá no computador do trabalho, chamei o informático e ele disse, sem olhar para mim, claro, assim de viés e com um ar de quem está preste a descobrir uma vacina nova para a gripe das aves: - É o “popup”. Está sem “popup”. E quando eu repito o palavrão com um ponto de interrogação a seguir, “popup”? Como quem diz “quéssamerda”? Ele diz, sim, “cookie”, está sem “cookie” e o programa não abre.
Ora isto devia ser proibido. Um informático deveria pensar (não sei se é um desiderato possível, mas creio firmemente que sim) que ainda somos todos humanos e que ninguém nasce a saber o que é um “popup” ou um “cookie”. É que a primeira coisa que me vem à cabeça com “popup” é pipocas no cinema e com “cookie” são os biscoitos da Vovó Donalda e eu não creio que isso tenha muito a ver com computadores.
Pior que não sabermos o significado dos palavrões é que os informáticos lançam estas tiradas e depois, quando pensamos que vão fazer qualquer coisa para resolver o problema, não. Ficam a olhar para o computador, minutos infinitos, especados, com uma expressão zen, e nós com aquela duvida imaterial se os devemos interromper ou não… não vá a gente destruir-lhes algum cookie e depois, caldo entornado, lá têm eles que levar o computador não sei para onde para não sei quê não sei quantos.
Desisto. Agora, sempre que vejo um informático, borrego. Como se fugisse a um cúmulo-nimbo. Carregado de varicela!
NOTA: No offence para um par de amigos (pensando melhor, uma amiga e um sobrinho) que estimo imenso. Espero que nunca se me avarie o cookie que comanda o muito que deles gosto. Ou que fique sem popup, que um homem sem popup não é homem não é nada, já dizia a minha avozinha, muito antes de haver computadores.
Num passado recente havia duas profissões que produziam uns espécimes a que eu era particularmente alérgico – médicos e pilotos. Os médicos porque são visceralmente incapazes de falar seja com quem for sem pensarem que estão a lidar com atrasados mentais, incultos e obscuros humanóides que vieram à Terra só para estar doentes (independentemente de serem as doenças que lhes pagam as despesas do fim do mês, mas isso eles não entendem) e os pilotos porque são incapazes de dizer uma frase com mais de três palavras sem que os termos “borregar” “cúmulo-nimbos”, “trem”, “turbulência” e "peso à descolagem" não venham a ser incluídos. Profusamente, diria eu.
Ora, os avanços da técnica e da ciência produziram uma nova estirpe de profissionais, injusta e vulgarmente designados por “informáticos”, que é terminologia que eu acho estar longe da presumida profundidade de conhecimentos desta gente. Acho que deveriam ser chamados de computer brain monitors ou uma coisa assim verdadeiramente sonante, embora para mim, seja mais, simplesmente, "ratos de computadores".
Constituem, por assim dizer, a terceira das classes profissionais que me causam eripsela ou, em casos extremos, autênticas hipogenesias de linfático (eu não sei bem o que é uma hipogenesia de linfático mas estava ao pé da eripsela quando fui ao google ver se eripsela estava bem escrito e, portanto, deve haver uma relação qualquer…).
É que não é possível manter um diálogo minimamente racional com estes iluminados do harware sem que nos sintamos profundamente idiotas ou, mais grave, totalmente destituídos. Por exemplo, esta semana havia um programa qualquer que eu não conseguia abrir lá no computador do trabalho, chamei o informático e ele disse, sem olhar para mim, claro, assim de viés e com um ar de quem está preste a descobrir uma vacina nova para a gripe das aves: - É o “popup”. Está sem “popup”. E quando eu repito o palavrão com um ponto de interrogação a seguir, “popup”? Como quem diz “quéssamerda”? Ele diz, sim, “cookie”, está sem “cookie” e o programa não abre.
Ora isto devia ser proibido. Um informático deveria pensar (não sei se é um desiderato possível, mas creio firmemente que sim) que ainda somos todos humanos e que ninguém nasce a saber o que é um “popup” ou um “cookie”. É que a primeira coisa que me vem à cabeça com “popup” é pipocas no cinema e com “cookie” são os biscoitos da Vovó Donalda e eu não creio que isso tenha muito a ver com computadores.
Pior que não sabermos o significado dos palavrões é que os informáticos lançam estas tiradas e depois, quando pensamos que vão fazer qualquer coisa para resolver o problema, não. Ficam a olhar para o computador, minutos infinitos, especados, com uma expressão zen, e nós com aquela duvida imaterial se os devemos interromper ou não… não vá a gente destruir-lhes algum cookie e depois, caldo entornado, lá têm eles que levar o computador não sei para onde para não sei quê não sei quantos.
Desisto. Agora, sempre que vejo um informático, borrego. Como se fugisse a um cúmulo-nimbo. Carregado de varicela!
NOTA: No offence para um par de amigos (pensando melhor, uma amiga e um sobrinho) que estimo imenso. Espero que nunca se me avarie o cookie que comanda o muito que deles gosto. Ou que fique sem popup, que um homem sem popup não é homem não é nada, já dizia a minha avozinha, muito antes de haver computadores.
10 Comments:
É que a primeira coisa que me vem à cabeça com “popup” é pipocas no cinema e com “cookie” são os biscoitos da Vovó Donalda e eu não creio que isso tenha muito a ver com computadores.
... ainda estou a rir, até às lágrimas!!
LOOOLLL!!!
Beijinhos, salgados,
Sinapse
Maravilhoooooso!!! Hoje estavas inspirado. "popup, quéssamerda?" Eu não diria melhor. Só te esqueceste de que os pilotos também incluem em quase todas as suas sentenças o nº de assistentes, vulgo hospedeiras que comeram e o tamanho dos seus... barquinhos!
Ainda estou a rir!!!
Este texto está HILARIANTE!!! no mínimo... e olha que eu bem te compreendo já que tenho passado a semana inteira a ligar para o sapo ou para a HP... e só me falam em linguagem dessa!!
Hilariante...
looool
Bjs
Hilariante, meu caro. Um abraço
Uma injustiça indescritível, é o que isto é!
Sinto-me atingido duas vezes. Sou piloto e sou informático.
A questão, meu caro Espumante é diversa, como está bem de ver.
Primeiro, que um piloto é muito mais do que diz. É um profissional altamente especializado que tem a capacidade de o transportar por ar, de um local para o outro com rapidez, segurança e precisão, (já reparou que nunca descolou de Lisboa para New York sem atingir os seus objectivos? (e já agora pelo que se vê, vivo?)) e saber ler e escrever tão bem como qualquer outra pessoa.
Segundo, porque mistura bestas com informáticos. Os segundos permitem-lhe que utilize meios que há meia dúzia de anos não lhe seriam acessíveis e isto sem se aperceber da complexidade necessária para o fazer. As bestas são os que lhe respondem da maneira que refere sem se lembrarem que estão a falar com leigos na ciência que dominam (?).
Estranho entretanto que não se tenha referido a outras profissões que não lhe dão uma coisa nem outra e que em contrapartida nem o transportam aonde quer ir, nem lhe dão a possibilidade de expressão que está a ter aqui.
Exemplos?
Os advogados, os economistas, os politólogos, os jornalistas, etc.
Isto tem muito que se lhe diga, meu caro.
Sinapse
Desígnios inocentes, beijinhos salgados... isto está a ficar despudorado :)))
Beijinhos bem dispostos
125_azul
:)
Beijinho e bom fim de semana
Papoila saltitante
Um beijinho pela tua simpatia :)
Bom resto de fim de semana
Anonymous das 2:04 da manhã
Obrigado
lnt
O seu comentário é demasiado longo para eu responder aqui. Fiz um post que já lá está.
Um abraço para si
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