Mentalidades
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Levei o dia todo a ouvir José Sócrates, em ar comicieiro, a anunciar a duplicação da A4 entre V. Real e Bragança.
Em 2006, o meu país, europeu, rico e civilizado, ainda trata os cidadãos como aríetes duma função circense em que qualquer centímetro de auto-estrada é anunciado em regime de desígnio nacional, que é uma expressão que Jorge Sampaio institucionalizou e me parece absolutamente provinciana e bacoca. Talvez porque acho que desígnios nacionais foram, por exemplo, rechaçar os ataques nazis na Europa, integrar países separados pela cortina de ferro depois da queda das manhãs cantantes e amigos em cada esquina e outras coisas do género e de semelhante grandeza, que não têm muito a ver com uns quilómetros de auto-estrada a unir duas pequenas cidades do interior.
Ainda me recordo como há cerca de 20 anos, a abertura de novas auto-estradas na África do Sul (onde a qualidade do piso e do traçado das high-ways ainda hoje é muito superior às nossas, a A1 Lisboa/Porto, por exemplo, nunca seria autorizada naquele pais com aquele traçado nem nunca estaria em obras desde que foi aberta, anos a fio) era anunciada. Uma notícia nos jornais e nas televisões e fim de papo. Os cidadãos achavam natural que fosse assim, se o Estado fazia era porque podia e não fazia mais que a sua obrigação.
Aqui, ainda tenho de andar um dia inteiro a ouvir José Sócrates na rádio e na televisão a dizer (ralhando, o homem ralha, já devem ter reparado) que vencemos mais uma batalha, que o interior não sei quê e Bragança não sei quantos…
Começa a ser depressivo ter que ouvir esta gente!
Levei o dia todo a ouvir José Sócrates, em ar comicieiro, a anunciar a duplicação da A4 entre V. Real e Bragança.
Em 2006, o meu país, europeu, rico e civilizado, ainda trata os cidadãos como aríetes duma função circense em que qualquer centímetro de auto-estrada é anunciado em regime de desígnio nacional, que é uma expressão que Jorge Sampaio institucionalizou e me parece absolutamente provinciana e bacoca. Talvez porque acho que desígnios nacionais foram, por exemplo, rechaçar os ataques nazis na Europa, integrar países separados pela cortina de ferro depois da queda das manhãs cantantes e amigos em cada esquina e outras coisas do género e de semelhante grandeza, que não têm muito a ver com uns quilómetros de auto-estrada a unir duas pequenas cidades do interior.
Ainda me recordo como há cerca de 20 anos, a abertura de novas auto-estradas na África do Sul (onde a qualidade do piso e do traçado das high-ways ainda hoje é muito superior às nossas, a A1 Lisboa/Porto, por exemplo, nunca seria autorizada naquele pais com aquele traçado nem nunca estaria em obras desde que foi aberta, anos a fio) era anunciada. Uma notícia nos jornais e nas televisões e fim de papo. Os cidadãos achavam natural que fosse assim, se o Estado fazia era porque podia e não fazia mais que a sua obrigação.
Aqui, ainda tenho de andar um dia inteiro a ouvir José Sócrates na rádio e na televisão a dizer (ralhando, o homem ralha, já devem ter reparado) que vencemos mais uma batalha, que o interior não sei quê e Bragança não sei quantos…
Começa a ser depressivo ter que ouvir esta gente!
6 Comments:
É nestes momentos que me perdoo por não ter pachorra para telejornais, jornais, notícias, política, ...
Beijinhos, com inocentes desígnios! ;))
Sinapse
Gostei imenso da imagem dos cidadãos como "aríetes duma função circense".É que no fundo põe os cidadãos no seu real lugar ... Ao "nosso primeiro" desta vez, "fugiu-lhe a boca para a verdade".
um abraço
Sinapse
Mas devias, querida amiga, devias. Pelo menos terias sempre abundante material para postar, sem as "brancas" como a que tiveste recentemente
Tomei nota da inocência dos desígnios dos teus beijinhos e é envolto nessa inocência que igualmente te osculo :))
jpf
Um abraço para si também e um óptimo fim de semana comprido
LOOOOOOOL ralha sim senhor!!
Bom fim de semana!
Bjs
Papoila saltitante
Atéque enfim que alguém concorda comigo. O homem ralha mesmo. Tá aqui tá-nos a dar tau tau no tutu
:)
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