sábado, fevereiro 25, 2006

1/2 dúzia de reflexões num Sábado chuvoso


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Estou a tornar-me implicativo ou a idiotia, nos homens, cresce na razão directa da grossura dos nós de gravata?

Porque é que um idiota, se desconhecido, é um idiota e o Fernando Rosas só porque é do Bloco de Esquerda e diz umas patacoadas na televisão, é o “extraordinário Fernando Rosas”?

Se Daniel Oliveira acha que os símbolos religiosos xiitas são atacados pelos sunitas porque os israelitas roubam nos impostos da Palestina, que os sunitas estão fartos de ser humilhados pelos xiitas e os xiitas estão fartos de ser humilhados pelos sunitas há mais de 1000 anos, a culpa é dos americanos que têm pouco mais de 200, se os americanos são ainda os culpados de fundamentalistas libaneses governarem o mais laico dos países árabes, se no Afeganistão os traficantes sucederam a comunistas, os loucos aos traficantes e, dizendo isto tudo, ainda lhe pagam por cima, Daniel Oliveira é o “extraordinário Oliveira” ou é simplesmente ladino?

Se uma mulher gosta de um homem mas não sabe se gosta, ou se não gosta mas não tem a certeza que não goste, ou acha que não mas talvez seja melhor pensar que sim ou, talvez sim, mas é melhor não, ou talvez não e o melhor é deixar a porta aberta ou fecha a porta mas arrepende-se e chora e vai a correr abri-la mas depois arrepende-se e chora e corre a fechá-la outra vez e acha que tem culpa de ter fechado mas que foi uma estupidez abri-la, que o melhor é fechar os sentimentos para obras durante um tempo mas talvez não e o melhor é gozar mesmo o que se leva desta vida e depois logo se vê e acha que é feia , mas se calhar é bonita, vendo bem as coisas até é bonita mas será que o mundo é injusto e a acham feia, será gorda, skinny ou simplesmente mal feita? Demasiado alta? Too shorty? Comerá muito? Maquilha-se demais ou não seria melhor passar a usar um pouco mais ainda de maquilhagem na cara que lhe parece, curiosamente, horrível, deslavada e até, horror, com um par de rugas? Se uma mulher passa por tudo isto ela anda nervosa ou está a ser, na simplicidade do caos reinante, apenas e deliciosamente mulher?

Porque é que quando chove como hoje não dá jeito nenhum andar de bicicleta?

2 Comments:

At 8:47 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Espumante
Implicativos tornamo-nos todos nós com determinadas coisas, ainda que não sejam sempre as mesmas para cada um.
Para mim é muito mais importante o meu amigo A, ainda que não seja pessoa pública, do que o Fernando Rosas que eu não conheço de lado nenhum. Não tenho nenhuma dúvida de que o meu amigo A é uma pessoa extraordinária e de que não adjectivo o Fernando Rosas, simplesmente porque não merece que eu gaste o meu tempo à procura de o classificar. Não está na lista das pessoas minhas amigas, das pessoas que merecem a minha preocupação. Os amigos dele que se preocupem que eu tenho os meus e chegam-me muito bem.
Quanto ao Daniel Oliveira, digo a mesma coisa. Quanto a ele e a todos os outros que acham isto e aquilo. Leio-os, ouço-os, para não perder completamente a noção do mundo em que vivo, de uns gosto mais de outros menos, e é tudo. Não implico. Digiro, aproveito o que me parece bom e deito para o lixo o que acho que não presta.
Quanto ao arrazoado sobre os sentimentos da mulher, acho-o divertido como exercício de leitura, mas um inferno como situação a viver. Se uma mulher gosta de um homem, sabe que gosta e ponto final. Se não gosta, sabe que não gosta e está tudo resolvido. Indecisões, fechar e abrir portas, tudo me parece uma brincadeira de esconde-esconde:

(Amor e Loucura
"Contam que uma vez se reuniram todos os sentimentos
e qualidades dos homens em um lugar da terra.
Quando o ABORRECIMENTO havia reclamado pela terceira vez,
a LOUCURA, como sempre muito louca, propôs:
- Vamos brincar de esconde-esconde?
A INTRIGA levantou a sobrancelha intrigada
e a CURIOSIDADE sem poder conter-se perguntou:
- Esconde-esconde? Como é isso?
- É um jogo, explicou a LOUCURA, em que eu fecho os olhos
e começo a contar de um a um milhão enquanto vocês se escondem,
e quando eu tiver terminado de contar,
o primeiro de vocês que eu encontrar
ocupará o meu lugar para continuar o jogo.
O ENTUSIASMO dançou seguido pela EUFORIA.
A ALEGRIA deu tantos saltos
que acabou por convencer a DÚVIDA e até mesmo a APATIA,
que nunca se interessava por nada.
Mas nem todos quiseram participar:
a VERDADE preferiu não esconder-se.
"Para quê se no final todos me encontram?" - pensou.
A SOBERBA opinou que era um jogo muito tonto
(no fundo o que a incomodava era que a ideia não tivesse sido dela)
e a COBARDIA preferiu não se arriscar.
- Um, dois, três, quatro, ... - Começou a contar a LOUCURA.
A primeira a esconder-se foi a PRESSA
que caiu atrás da primeira pedra no caminho.
A FÉ subiu ao céu e a INVEJA
escondeu-se atrás da sombra do TRIUNFO que,
com seu próprio esforço,
tinha conseguido subir na copa da árvore mais alta.
A GENEROSIDADE quase não conseguiu esconder-se,
pois cada local que encontrava
parecia perfeito para algum de seus amigos:
se era um lago cristalino, ideal para a BELEZA;
se era a copa de uma árvore, perfeito para a TIMIDEZ;
se era o voo de uma borboleta, o melhor para VOLÚPIA;
se era uma rajada de vento, magnífico para a LIBERDADE.
E assim acabou escondendo-se num raio de sol.
O EGOÍSMO, ao contrário,
encontrou um local muito bom desde o início.
Ventilado, cómodo, mas apenas para ele.
A MENTIRA escondeu-se no fundo do oceano
(mentira! ela escondeu-se mesmo foi atrás do arco-íris)
e a PAIXÃO e o DESEJO, no centro dos vulcões.
O ESQUECIMENTO... não me recordo onde se escondeu
mas isso não é o mais importante...
Quando a LOUCURA já estava lá pelos 999.999,
o AMOR ainda não havia encontrado um local para se esconder
pois todos já estavam ocupados, até que encontrou uma rosa e,
carinhosamente, decidiu esconder-se entre suas pétalas.
- Um milhão! - terminou de contar a LOUCURA e começou a busca.
A primeira a aparecer foi a PRESSA,
apenas a três passos da pedra.
Depois, escutou-se a FÉ discutindo zoologia com DEUS no céu.
Sentiu-se vibrar a PAIXÃO e o DESEJO nos vulcões.
Em um descuido, encontrou a INVEJA e claro,
pode-se deduzir onde estava o TRIUNFO.
O EGOÍSMO, não teve nem que procurá-lo.
Ele sozinho saiu de seu esconderijo,
que na verdade era um ninho de vespas.
De tanto caminhar, a LOUCURA sentiu sede
e ao aproximar-se de um lago,
descobriu a BELEZA. A DÚVIDA foi mais fácil ainda,
pois estava sentada em uma cerca
sem saber de que lado esconder-se...
E assim foi encontrando todos:
o TALENTO entre as ervas frescas,
a ANGÚSTIA numa cova escura, a MENTIRA atrás do arco-íris
(mentira! na verdade estava no fundo do oceano)
e até o ESQUECIMENTO, a quem já havia esquecido
que estava brincando de esconde-esconde.
Apenas o AMOR não aparecia em nenhum local...
A LOUCURA procurou em baixo de cada rocha do planeta,
atrás de cada árvore, em cima de cada montanha...
Quando estava a ponto de dar-se por vencida, encontrou um roseiral.
Pegou uma forquilha e começou a remover os ramos, quando,
no mesmo instante, escutou um grito de DOR.
Os espinhos haviam ferido o AMOR nos olhos.
A LOUCURA não sabia o que fazer para desculpar-se.
Chorou, rezou, implorou, pediu desculpas e perdão
e prometeu ser seu guia eternamente...
Desde então, desde que pela primeira vez
se brincou de esconde-esconde na Terra:
O AMOR é cego e a LOUCURA sempre o acompanha."

autor desconhecido)

E para finalizar, quando chove, como hoje, não dá jeito nenhum andar de bicicleta porque se se passar numa poça de água, alguém pode apanhar com o jacto de água e ficar definitivamente mais molhado.

Beijinhos reflexivos num Sábado chuvoso

 
At 10:49 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

Laura Lara

O teu comentário é um post. brilhante claro, mas um post. E que eu agradeço muito, porque enriquecedor do pechibeque em que o Espumadamente, com alguma frequência, se torma. São quase dois anos a debitar prosa (e mesmo alguma poesia, minha e alheia) e nenhum mortal sem uma pontinha ou centelha de génio, o consegue fazer impunemente. Impunemente, leia-se sem o brilho desejável para quem, de alguma forma, criou alguma responsabilidade no facto de ter gerado expectativas de leitura a um punhado de gente.
O que eu escrevi no post era uma meia dúzia de reflexões, ideias avulso que nos passam pela cabeça quando o ócio (coisa a que gosto de me entregar aqui e ali, talvez por ter uma vida demasiaso ocupada ou demasiado árida, que sei eu...) nos faz companhia.
De um modo geral, quem me lê sabe que tenho uma profunda rejeição pelos idiotas, a questão está em saber-se quando e se estou a ser justo na catalogação dos idiotas. Mas são meus, os meus idiotas e, por isso, merecedores da minha referência.
Quando à extensa prosa que me mandas sobre uma inocente e pretensamente divertida reflexão sobre as mulheres, não te esqueças que eu rematei com um "deliciosamente mulher", thus meaning que toda a reflexão se enforma num enquadramento que eu posso não entender mas não só aceito como me diverte, pelo facto de a mulher ter sido o mais inmportante factorr de vida para mim, para o bem ou para o mal, sendo que este "a mulher" deve ser entendido por um restrito grupo de mulheres que foram importantes para mim, do passado até ao "very present moment". E não deixava de ser um, repito, pretensamente divertido momento reflexivo. Tu "atiraste-me" com um texto que cá para mim que ninguém nos ouve, deve ter sido escrito também por uma mulher. Longo mas elaborado, confuso mas claro, lógico mas sssente na lei do paradoxo em que se caldeia a verdade, a mentira, a indecisão, o amor, o desejo, os sentimentos e, sobretudo, a suprema capacidade de reduzir a tangled lines (para usar uma expressão de pescadores de alto mar) aquilo que às vezes é simples e escorreito.

Um beijinho para ti, obrigado pelo comentário (só mostra que me lês com agrado e fico vaidoso por isso) e agora vou andar de bicicleta por está sol...
:))))
Bom domingo para ti

 

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