Embuste
Uma imagem demasiado séria e que mereceria outro tipo de respeito
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Ainda estou por tentar perceber como se gerou a ideia de que Mário Soares é um homem de cultura e que essa condição poderia criar engulhos a um tecnocrata como Cavaco Silva. Por muita vasta que seja "a biblioteca" de Soares, este não tem demonstrado mais do que uma tosca manipulação de conhecimentos e factos que, como toda a sua acção governativa, parece conhecer pela rama e usar como arma de arremesso político. Questões tão sensíveis e importantes como a globalização, o fundamentalismo religioso, os oceanos, o ambiente e outros servem para Soares debitar verbo mais ou menos inócuo, constituem excelente veículo de pensamento politicamente correcto, mas mostram facilmente a fragilidade de Soares nestas e noutras matérias, quando ele se limita a aflorar (aflorar é o termo) estas questões sem qualquer fundamento ou conhecimento científico.
No fundo, esta atitude é bem típica da esquerda porta-estandarte da ciência e da cultura que mais não precisa que brandir um punhado de chavões para impressionar a maralha obscura e tirar, disso mesmo, proveitos. É, no mínimo, constrangedor verificarmos que em Portugal este tipo de procedimento ainda rende dividendos.
Foi isso mesmo que Soares demonstrou ontem no debate. Cavaco Silva frequentemente demonstrava dificuldades em dar respostas cabais às questões colocadas. Não porque fosse difícil combatê-las com argumentário adequado, mas porque elas eram postas numa forma e num estilo que, francamente, estão totalmente desfasadas do tempo em que vivemos e da nossa realidade política. Além de que Soares, enervado, continua a ser um exemplo de irritante falta de educação e agressiva arrogância que são, como se sabe, as armas dos que não têm razão ou dos que não tem a mínima ideia do que estão a dizer. E, assim, é difícil debater seja o que for.
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