segunda-feira, dezembro 19, 2005

Um Natal diferente

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Há Natais assim. Não são quando um homem quer, mas quando um homem sente. Ora vejam:


Não houve outro Natal que me fosse tão propício:
era Março, não Dezembro, e a cidade
acordava por entre o nevoeiro
mais denso de que me lembro.

A mãe levantou-se cedo, como de costume,
e tratou das rotinas da casa.
Depois, foi até ao nosso quarto
e disse-me baixinho: é a hora.

O carro afrontou veloz o nevoeiro,
vencendo ruas e avenidas,
eu ao volante, a mãe à janela
indicando-me o caminho,
indiferente à dor, a qualquer dor.

E quando, mais tarde,
te apertei contra mim pela primeira vez,
é certo que não vi estrelas
nem anjos a adorar-te, mas senti
que te iria amar
para o resto dos meus dias.


Natal, por Torquato da Luz

1 Comments:

At 6:42 da tarde, Blogger Torquato da Luz disse...

Um grande abraço, meu caro!

 

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