Um Natal diferente
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Há Natais assim. Não são quando um homem quer, mas quando um homem sente. Ora vejam:
Não houve outro Natal que me fosse tão propício:
era Março, não Dezembro, e a cidade
acordava por entre o nevoeiro
mais denso de que me lembro.
A mãe levantou-se cedo, como de costume,
e tratou das rotinas da casa.
Depois, foi até ao nosso quarto
e disse-me baixinho: é a hora.
O carro afrontou veloz o nevoeiro,
vencendo ruas e avenidas,
eu ao volante, a mãe à janela
indicando-me o caminho,
indiferente à dor, a qualquer dor.
E quando, mais tarde,
te apertei contra mim pela primeira vez,
é certo que não vi estrelas
nem anjos a adorar-te, mas senti
que te iria amar
para o resto dos meus dias.
Natal, por Torquato da Luz
1 Comments:
Um grande abraço, meu caro!
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