Palmas correctas
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Não conheço os critérios de Fátima Campos Ferreira na selecção da plateia ao "Prós e Contras". Tenho para mim, porém, que o critério não é importante. A verdade é que neste programa, tal como aliás em muitos outros do género, eu sei EXACTAMENTE quando é que a assistência estreleja em aplausos. É um fenómeno que eu gostaria de ver analisado por alguém que perceba da poda. Na verdade, o que levará as nossas plateias a aplaudir TUDO o que seja politicamente correcto ou tudo o que se compagine com facilidade numa percepção das massas relativamente aos clichés de uma sociedade correcta?
Está neste momento a decorrer um "Prós e Contras" sobre os incêndios (inevitavelmente...). Cada vez que se fala na "eucaliptização" ou "pinheirização" do país, a assistência desfaz-se em palmas... perceberão eles alguma coisa de floresta? Cada vez que se fala nos lóbis (sejam eles quais forem... basta a enunciação do vocábulo), aí está o aplauso frenético. O professor Varela Gomes insurge-se com a excessiva carga de futebol das televisões e rádios em desfavor de programas pedagógicos e aí está a plateia zangadíssima com as televisões porque dão futebol a mais (provavelmente a pensarem que "aquilo" nunca mais acaba para irem para casa ver um joguinho qualquer).
O fenómeno das palmas pelas causas correctas é realmente descoroçoante e remete para uma sociedade, bem no fundo, gelatinosa, pateta e inquinada por anos e anos de uma verdadeira agressão de causas boas e justas, frequentemente sem que as pessoas façam a menor ideia do que se está a tratar. Como poderá ser o caso dos eucaliptos e dos pinheiros. As pessoas sabem que estas árvores são más... porque significam lóbis. E isso é que é importante. No campo não saberão distinguir um carvalho de um castanheiro, mas sabem que os grandes interesses preferem os eucaliptos. E se eles preferem os eucaliptos, as árvores não podem prestar, Em linha, aliás, com as malfeitorias próprias dos "poderosos" que todos os dias acordam a pensar como é que vão lixar o pessoal.
É claro que todos temos culpa. Porque num debate como o de hoje raramente se ouviu falar no ordenamento caótico do nosso país, na ausência de espírito de cidadania dos portugueses, da nossa desorganização, laxismo e incumprimento das leis. Falou-se muito dos tais lóbis, dos tais poderosos e as pessoas bateram muitas palmas.
Assim, realmente, não vamos lá!
2 Comments:
Saquei ao João Tunes isto:
"É de, facto um valor terrível – 80% da nossa população não completou o ensino secundário (a IO completou este quadro com a indicação que só muito recentemente se chegou aos 50% dos que completaram o ensino escolar obrigatório, ou seja, os que terminaram com aproveitamento o 9º ano)."
Com um cenário destes qualquer plateia, a troco de algum, faz o que lhe pedem que faça. É triste mas é o que vamos tendo.
Assim não vamos lá, não vamos mesmo.
jazevedo
Mesmo a troco de nada. Basta o "impulso"...
:)
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