Lá Foi Ela Outra Vez...
[465] - Este fim de semana fiquei a saber que Vila Nova de Paiva é uma terra simpática mas que só serve mesmo para escavações. A minha júnior, que vai andar por lá duas semanas, informou-me na passada sexta feira, peremptoriamente, que estava a cinco minutos de se meter no autocarro e regressar a Cascais pois não sabia, DE TODO o que ficaria lá a fazer de sexta a segunda.
E foi assim que cheguei a casa na sexta, e tudo estava saudavelmente bem mais desarrumado. Entre mochilas, papéis, material de desenho, ténis (que eu suponho deverão ter sido brancos), óculos e bisnagas de protecção solar, senti o conforto mimento de ter a filha de volta. Não que ela parasse em casa muito tempo, mas sempre havia a mochila, os ténis e etc. a lembrar-me que ela estava "cá".
Fascina-me esta dinâmica de jovens que têm sempre que fazer, onde ir e com quem falar. E que conseguem ainda encaixar uma pausa ou outra para comer, tomar duche e até ter um gesto meiguço para o pai.
Eu era assim. Melhor, eu sou assim. Mas a dinâmica da vida vai-nos ensinando a ter as coisas mais no sítio, fastidiosamente arrumadas, a não falar com tanta gente nem ter tantas coisas para fazer. São ensinamentos que têm tanto de sábios como de chatos, eu sei. Talvez por isso seja muito gratificante revermo-nos naqueles (neste caso naquela) que vão assegurando a continuidade de um estilo e uma filosofia de vida que, sem eu ter feito qualquer esforço especial, asseguram uma forma de estar. A nossa. Que é, basicamente, estarmos felizes por ter nascido.
O fim de semana passou a correr. Mal "a" vi. Correu, esvoaçou, riu, telefonou, dormiu aos bocados e ontem lá foi ela de novo à re-descoberta do nosso passado arqueológico (!…).
Boa viagem filhota, que as escalas vão sendo cada vez menos e mais curtas. E, por um dia destes, numa das escalas, farás um connection flight qualquer e aí… bom... aí, ainda bem e só me resta desejar-te que embarques na melhor viagem do mundo.
12 Comments:
Durante a adolescência, ia acampar durante 10 dias com amigos que se reuniam propositadamente para isso. Era um dos acontecimentos que aguardava com expectativa todo o ano, já que havia gente de todo o País que só se via por essas alturas. Uma das zonas onde mais vezes acampei: perto do Paiva. E, na altura, fazíamos as festas sozinhos, sem necessidade dos barulhos nem da azafama das cidades. Aliás, era disso que fugíamos e é disso que mais saudades tenho: uma fogueira à noite, as guitarradas, os sacos camas, a luz brilhante das estrelas, o cheiro de terra pura, as cantorias, ir tomar banho ao rio, ver o nascer do sol... Até da roupa encardida e das mochilas pesadonas tenho saudades! Devia ser mesmo um mundo diferente... eu nunca mais me senti tão livre, como quando estava perdida, no meio de nenhures, sem ter como chegar à cidade grande.
(lindo post, Espumante)
Vim parar aqui por acaso (através de um seu comentário no Aviz) e fiquei agradavelmente surpreendido. Não só com a qualidade da escrita mas também com algumas afinidades (nada isaltínicas, é claro...) que julgo ter encontrado.
Um abraço, se não se importa.
hipatia
Tudo o que dizes me remete também para a minha adolescência 8que foi antes da tua...) :)))
No caso da minha miúda... não é bem isso. Ela foi porque é parte curricular do curso. Já voltou para lá, já telefonou a dizer que tá tudo na boa, volta esta sexta e na segunda seguinte vai para o Alentejo, para outra escavação :((
O post... saiu daquela pontinha de mariquice que todos temos dentro de nós.
Beijinho
torquato da luz
Fico honrado com as suas palavras. Eu não sou jornalista, nem escritor e muito menos poeta.
Este blog nasceu da novidade e depois... reparei que me divertia e suscitava alguns comentários que me honravam muito.
O seu é um bom exemplo, vindo de quem vem.
E quanto ao abraço, aí vai ele. Com muito gosto, porque haveria de me importar?
Já fui à sua página. Não sabia que tinha uma. Nem blog, claro
Pois foi essa "mariquice" que fez com que eu lesse este post e ficasse com um sorriso nos lábios e tb fez com que me lembrasse de certos momentos passados ao ar livre longe da cidade, dos carros e da rotina normal. Era assim de umas férias que eu precisava.
Bonito post este. hajam mais momentos de mariquices :P
Very sweet! Ela tem sorte de ter um pai assim! :) Beijos
Gosto sempre de ler estes teus 'posts' de papá, espumante!! - abraço amigo, IO.
...a mesma "mariquice" ou baboseira, como se diz na minha terra que tenho sentido nos últimos dias, ao fim de quase duas semanas fora, e fora do país, com falta dos mimos das filhotas e do mais pequenino...(urghhh que raiva)
Cláudia
Um beijinho pelas tuas palavras e obrigado
lilla mig
Ela nem sempre diz isso... mas está bem :))
beijinho para ti
IO
Ainda bem, porque sei que há alguns que tu não aprecias por aí além. Mas eu gosto de ti à mesma...
:))))))
Beijinho
abf
Olha o viajante :)))
Bem aparecido e que tudo corra bem por essas bandas, porque por estas está tudo cada vez mais na mesma. Eu sei que você entende...
:)
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