domingo, junho 05, 2005

Baleias em Junho



[408] - A cerca de 35 milhas a NE de Maputo há um «reef» de rocha e coral (Baixo Danae) que é o paraíso dos pescadores desportivos e dos mergulhadores mais afoitos.

Do fundo arenoso do mar, quarenta e cinco a cinquenta metros abaixo do casco, eleva-se um maciço rochoso até quase à superfície. O ponto mais alto das rochas chega quase a uns escassos seis metros do nível do mar, sobretudo no pico da baixa-mar, em período de marés vivas. Os tunídeos abundam e, de entre eles, o cobiçado «wahoo», tido com o mais veloz de todos os peixes e que proporciona momentos de verdadeiro êxtase àqueles que, como eu, tiveram o privilégio de apanhar alguns. O peixe-serra (cuda), a barracuda, a albacora, o bonito, o kawa-kawa, o xaréu (há magníficos exemplares de xaréus no Oceanário de Lisboa), o dourado (dolphin fish), a «queen fish» (palmeta), o tubarão cinzento, o tubarão martelo são exemplares de uma microfauna que se banqueteia com os extensos cardumes de cavala, sardinha e pompano que, por sua vez, predam uma imensa colónia de peixes de coral.

Este cenário ilustra bem como pode ser gratificante uma incursão ao Baixo Danae, apesar das setenta milhas náuticas de ida e volta que é preciso percorrer. Mas não é de peixes que quero falar. É que estamos em Junho - e Junho é aquele mês em que, pendularmente, alguma baleias se «instalam nos subúrbios» do Baixo Danae, aproveitando as baixas temperaturas da água do mar nesta época do ano. Durante alguns anos tive o privilégio de marcar encontro com elas e, frequentemente, partilhei escassas centenas de metros quadrados na zona. A enorme massa destes mamíferos, sobretudo quando emergiam a não mais de quinze ou vinte metros de mim, tornavam o meu barco pequenino e faziam-me sentir a mim próprio insignificante. Um dia tive mesmo a felicidade e assistir e fotogragar um parto. Foi nesse dia que fiquei a saber que as baleias parem a prumo... não sabia, fiquei a saber. Tendo visto de longe aquilo que me parecia uma avioneta despenhada no mar, desloquei-me rapidamente para o local, verificando que o que julgava ser as asas do avião mais não era que a cauda do enorme cetáceo fora de água. E foi aí que percebi que uma nova baleia vinha ao mundo, provavelmente para acabar no prato de um japonês. Curiosamente, desta vez não me foi permitido aproximar-me mais que cinquenta a sessenta metros. Porque a baleia que presumi ser o macho, nadava em círculos e de cada vez que eu tentava aproximar-me, emergia majestosamente a demarcar o território e a avisar-me para ter juizinho...

É... baleias em Maputo! Tanto quanto julgo saber o paralelo 27 é o máximo a que estas magníficas criaturas se aventuram, vindas das águas gélidas do Antártico. E só em Junho. Pendularmente em Junho. Mês das calmarias, das águas frias, dos dias curtos e do regresso da pesca a apontar para o Clube Naval já com as luzes acesas e o Sr.Covas (já falecido) a refilar pela rádio que se quer ir embora e tal, senhor fulano regresse lá, os marinheiros também querem sair, etc., etc.

Devia ser obrigatório gostar de mar e conhecer as baleias do Baixo Danae
...

7 Comments:

At 4:28 da tarde, Blogger Passada disse...

Falta-me aquele barco que está ali no Naval à espera que o seu original dono o reclame. O Fame e se ele estivesse à minha espera eu já lá estaria, não só para ver as baleias mas para passar as inúmeras horas de mar interminável, como eu gosto. Beijos

 
At 9:07 da tarde, Blogger Hipatia disse...

Devia ser obrigatório não apenas gostar de mar, mas também poder escapar para o mar, a caminho do Baixo Danae.

Eu, com a crise que vai, até já me contentava se fosse obrigatório mandarem-me ver os cachalotes ao largo dos Açores :(

 
At 1:44 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

mmicr

Não é só a ti que o Fame faz falta.
Beijos e... força :))

 
At 1:46 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

hipatia

Se eu puder ajudar... ainda posso patrocinar uma ida à Trafaria ver umas taínhas :)))
Beijinhos

 
At 2:51 da tarde, Blogger lilla mig disse...

Lindas meninas estas! :)

 
At 10:53 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

A ultima veiz que eu estivi em mozambique foi em 1992, ja vao 14 anos, nao posso acreditar. Ese ou um ano antes foi a ultima veiz que mergulhei em baixo danae e foi a primeira veiz que vi uma garopa gigante vivo e mergulhando mais ainda em compania de Sergio o dono do coco loco da inhaca com seo filho, esqueci seo nome. Nao sei como chegei a esta pagina mais nao poso faltar de saludar e mandar um grande lembransa da minha vida de criansa e adolecencia, Rui paolinho, joao lopez, alex, e muito mais, saludos

 
At 1:51 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

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