domingo, abril 03, 2005

Golf... adas



[302] - Confesso. Não acho graça. Ainda que o golfe me pareça um desporto de apreciável moldura plástica, saudável (e especialmente indicado para anginas de peito, obesidade, cardiopatias de diversa itiologia, varizes, stress laboral, angústias de vária índole, deficiência alveolar de extensão e outras estimáveis condições que nos reprovariam para a prática de qualquer outro desporto que se preze, talvez com a excepção do monopólio e do xadrês) e socialmente recomendável para ricos velhos, novos ricos, dondocas, proprietárias de boutiques e lojas de antiguidades, executivas de publicidade, esposas amantíssimas e amantes de esposos com as doenças lá em cima listadas e, num assomo de recente democratizacão e abertura à plebe, até a delegados de propaganda médica e corretores de seguros, a verdade, dizia eu, é que o golfe, em si, é uma estucha (e isto para usar léxico geograficamente apropriado) do tamanho da Sé de Braga, de competição frouxa, que obriga a caminhadas idiotas e longas e onde a conversa gira à volta de holes, handicap, greens, pegs, lawns, turf, automóveis de marca e as respectivas mulheres dos pobres que, na altura, estejam dez minutos a olhar para uma bola e a balancear um taco até desferirem um golpe que arranca um punhado de relva e empurra a tal bola para algumas centenas dos metros que, depois, lá temos de percorrer a pé, falando do tempo, dos greens, dos carros, das mulheres que, e assim.

Já experimentei várias vezes... a pedido, por conveniência, por amizade indefectível a indefectíveis golfistas, por ócio ou por absoluta ausência de melhor opção. To no avail (sorry, mas este «to no avail» vai bem com o hole que queremos atingir mas que falhamos porque o god damned taco não era o indicado). Eu bem me esforço. Sou visceralmente sociável, conversador, não tenho nada contra holes, greens e, muito menos, esposas amantíssimas de outros esposos que não os delas. Mas aquela cena de ter de andar quilómetros a ouvir falar do mesmo até chegarmos ao buraco seguinte (lá dizia Jorge Amado, é impossível chegar aos buracos todos do mundo mas, pelo menos, devemos tentar...) e depois ficarmos horas a olhar adversários a estudar a distância, o ângulo. o declive, o vento, a humidade relativa, mesmo quando as bolas estão a vinte centímetros do buraco (honi soit!) é coisa que tira do sério o mais pintado e faz com que cada vez que eu vá ao golfe me sinta uma espécie de escuteiro a cumprir a boa acção do dia.

Eu já tinha tido uns ameaços... há alguns anos atrás, vivendo num país de extracção anglosaxónica, as tarde televisivas de Sábado eram quase exclusivamente preenchidas com golfe e (segurem-se) cricket. Um pouco mais tarde, adquirindo uma parabólica que me permitia ver o good old soccer da velha Europa, até o meu filho me aparecia empunhando o controle remoto a querer ver o cricket. Vá lá... «curou-se» e virou-se para os aviões.

Acontece que, hoje, por razões geográficas sou particularmente permeável a ser desafiado para ir ao golfe. Nem sou desajeitado de todo... mas ver uma colecção de social climbers jovens misturados com uma colecção varicosa, anginosa, obesa e hipertensa de senior citizens a discutir greens e holes à mistura com o torque dos Porches, a fertilidade dos Labrador comparada com os Setter e referências veladas (veladas, claro) ao último romance da com o, é coisa que não faz sapatilha para o meu pé. E me faz sentir a modos que «golf’dido» cada vez que o telefone toca para uma sessão destas. Sobretudo menos de doze horas depois de ver o Sporting dar um banho de bola ao Boavista, apesar das cenas edificantes extra-tapete verde (não acredito que disse isto...), com tudo quase ao estalo e a demonstrar-me que sou excelente em lip-reading. Sobretudo o Sá Pinto que tem um «lip talking» particularmente expressivo e familiarmente abrangente. Começa na coisa da mãe, passa nos coisos do pai e acaba na coisa da tia. Mas é a emoção!
Já agora... porque é que o Sporting joga desta forma e não vai à frente do campeonato?

15 Comments:

At 4:38 da tarde, Blogger Hipatia disse...

Não havia necessidade de falar do meu Boavistinha...

bbbuuuuuáááááááá

 
At 6:15 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Bolas a 20 cm do buraco? Mas que raio de golf é esse? :)
IL

 
At 8:51 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Hipatia

Eu sabia... eu sabia que não eras perfeita :))))

 
At 8:52 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

IL
Posso explicar... mas ainda não é meia noite :)

 
At 8:52 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

IL
Posso explicar... mas ainda não é meia noite :)

 
At 10:27 da tarde, Blogger t-shelf disse...

O Sá Pinto? Rapaz tão finamente educado, de boas famílias (daí o nome). Muito me espanta o seu vernáculo ;)

 
At 11:11 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

A única koisa que joguei, que metia tacadas, foi crocket, no jardim de minha casa em LM _ boa semana, IO.

 
At 7:58 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

t-shelf

Os homens são uma caixinha de surpresas. Quandoensamos ue o Sá vai muito bem, vem o Pinto e estraga tudo.:)

 
At 8:00 da manhã, Blogger Nelson Reprezas disse...

_IO

Se bem me lembro, o crocket +e aquele jogo no qual se usa um taco com duas pontas (tipo martelo) para se gazer passar uma bola por baixo de pequenos arcos. Ou estou errado?

 
At 10:10 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

Crocket é isso mesmo. Também joguei no colégio em Inglaterra e em Moçambique. Tá-tá

 
At 11:16 da manhã, Anonymous Anónimo disse...

Esse mesmo, Espumante!, abraço, IO.

 
At 7:03 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Laura Lara

Dar com o teu blogue é mais difícil que jogar crocket num colégio inglês :))) tátá

 
At 7:06 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Incompetente

Ora aqui temos um comentário COMPETENTE. Pelo visto, temos aqui um golfista encartado. Peço que não leve a mal o que disse e creia que tenho bons amigos no golf :))
Tentei visitar o seu blogue mas dá "error". Está visto que esta Blogger é profundamente incompetente.
Saudações amigas.

 
At 10:14 da tarde, Blogger Madalena disse...

O Sportinguismo está em alta, não é? Eu estive a assistir à assistência. Aí é que estava o grande espectáculo!
Beijinho verde, sem quadradinhos.
Como é que se chama o blog da Laura? Também não consigo encontrar!

 
At 10:55 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Madalena
Imagino os rugidos aí por casa :)
Não faço ideia qual o blog da Laura ou, sequer, se tem blog... e se a gente lhe perguntasse?
:)

 

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