quinta-feira, janeiro 13, 2005

A diferença



Hoje fui ao Imaviz.
E, por um triz,
As lojas sorriram;
As portas abriram
Para eu entrar,
Sem pensar.
Pelo menos sem questionar
Nada nem ninguém,
Para o mal ou para o bem.
E foi assim que entrei.
E por tudo aquilo que sei
Resolvi apreciar,
Até para o tempo passar,
Como estava aquilo por dentro
Que era feito daquele Centro
Que há tanto tempo não via,
Nem dele nada sabia.
E tinha tanto de seu
E que saudade deus meu...
Mas foi curta a ilusão;
Pois em mera observação
Vi que tudo estava na mesma
Diz o povo, como a lesma.
Na mesma não é bem assim.
Havia por ali um fim,
Qualquer coisa de acabado,
Diferente, desajustado
Às novas realidades.
Mesmo as lojas de vaidades
Pareciam de outro cenário,
De diferente itinerário.
Tudo, enfim, era diferente!
Outra vida, outra gente.
E assim me vim embora,
Deixando ali a memória
De outros dias, outras vidas
Noutro contexto vividas.
Talvez seja a diferença;
De outra ser a pertença
De um local vivido a esmo
Que, hoje com outra nuance,
Se veste de fria outrance
E não é realmente o mesmo...

12 Comments:

At 11:48 da tarde, Blogger Madalena disse...

Pois é, Espumante, não tem nada a ver com o que era o Imaviz. Foi lá que comprei um coker há vinte anos. Os meus filhos apaixonaram-se pelo cão e lá veio ele de imediato para casa, tipo mais um filho, mas desta vez instântaneo. Para mim o Imaviz era a maternidade do meu cão, mas agora prefiro nem lá entrar, por um lado porque me dá a saudade do cão, por outro lado porque me custa ver que as coisas podem mesmo degradar-se...
O Apolo 70 resistiu melhor à passagem do tempo.
Beijinhos

 
At 6:56 da manhã, Blogger Passada disse...

Esse é o da Picoas? Se sim, só lá fui duas vezes de tão "abandonado" estava. E sim concordo, Apolo 70 aguentou o baque do desenvolvimento. Beijinho e começo a ver a tua poesia a sair da gaveta.

 
At 9:55 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Como entendo as tuas palavras, era o CC coqueluche, quando cheguei a Portugal, no fim de 76... a última vez que lá entrei, foi em Abril de 98, para comprar o primeiro computador (tinha um sonho chamado 'DB/81' _ deu certo...). Beijo, IO.

 
At 12:18 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Madalena
mmicr
_IO

Nem sempree o que parece é. Aqui onde me vêem estão a ver-me a fazer versos de pé-quebrado ao Imaviz?? :)))))
Às vezes à falta de assunto, assunto a mais, uma reacção alérgica ou a droga do micro-ondas que resolveu avariar podem espoletar a elevação do espírito ao ponto de falar do Imaviz :))
Em todo o caso, as vossas observações são pertinentes e também eu me lembro do fascínio do Imaviz quando ele apareceu. Hoje... é um "sítio" por debaixo do concultório de otorrimo que solenemente me diagnosticou uma plebeia rinite alérgica e dos escritorios de uma empresa que ganha a vida dos que para ela trabalham a fazer projectos para países africanos.
Beijinhos para todos e não se esqueçam de passar no Imaviz um dia destes, mesmo essa tuga desnaturada que dá pelo nome de mmicr e que acha que em Portugal só se cospe para o chão. Beijos :)))))

 
At 3:22 da tarde, Blogger Passada disse...

Oh esta! Posso ser uma tuga desnaturada (e perdoa-me mas vejo a beleza sim, postarei a tempo)mas áfrica está para ti como o tremoço para a besjeca. E mais não me esticarei por ora. Ah é verdade e na vale a pena a negação. Apesar de tão inato da nossa condição. :)

 
At 8:21 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Chichisbeu
Não conhecia o seu blog e gostei.
Quanto ao mais... nem sei o que dizer. Admito que parti de uma ideia desinteressante e saíu "aquilo". E sim, é verdade que existiam outras componentes para além das lojas de vaidades.
Obrigado pelo elogio.
Hasta :)

 
At 8:24 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Sempre achei que havia um poeta escondido no espumante :))
IL

 
At 9:26 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Eu não acho. Tenho a certeza!
Leonor

 
At 9:54 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

IL
Leonor
Beijinhos :)

 
At 2:37 da manhã, Blogger Francisca disse...

Lembra-se de um diálogo imaginado entre o Álvaro de Campos e o Alberto Caeiro àcerca de um excerto de um poema de Wordsworth?
A yellow primrose by the river brim,
A yellow primrose was to him.
And it was nothing more.
(desculpe alguma falha mas estou a reproduzir de cor)
Tanto quanto me lembro, o Caeiro disse qualquer coisa como: "Mas isso é que não está certo...amanhã o amarelo não é o mesmo, a luz... eu próprio não sou o mesmo..."
(não me lembro de tudo, mas o Espumante lembra-se de certeza).
Independentemente da qualidade poética, há, de facto, qualquer coisa por trás da simples loja de vaidades: um jogo de passado e presente, no espaço desesperado da impermanência. Nada, de facto, é o mesmo. Por isso pode haver melhor futuro.
Um beijo:)

 
At 10:46 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Francisca

O espaço da impermanência não é desesperado. É apenas um espaço que desesperadamente tentamos ignorar. Ou, seguindo a sua sugestão, alternativamente seguir o pensamento de Caeiro "...esse simples via bem. Uma flor amarela não é senão uma flor amarela..." mas, pensando melhor, acabou por dizer: " Há uma pequena diferença. Depende se se considera a flor amarela como uma de várias flores amarelas, ou como aquela flor amarela só".

Caeiro, dizendo saber pouco de plantas, não se atreveu a traduzir "primrose" :))
Um beijinho e obrigado pelo magnífico comentário.

 
At 6:06 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Thank you!
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