Jogos florais
Passos Coelho disse, no Pontal, que se o Tribunal
Constitucional chumbar as medidas do corte de despesa, o governo ver-se-á
obrigado a tomar medidas compensatórias.
A esquerda indignou-se, a direita empertigou-se e até as
vacas sagradas do comentário político nacional acharam engraçado recorrer a florilégios de retórica para acharem que Passos Coelho não respeita a Constituição
e resolveu colocar pressão no TC.
Eu, que ouvi o discurso, pensei no assunto e juro que não
encontrei outra forma de dizer que se o Tribunal Constitucional chumbar as
medidas do corte de despesa, o governo se verá obrigado a tomar medidas
compensatórias, senão dizer que se o tribunal Constitucional chumbar as medidas
do corte de despesa, o governo ver-se-á obrigado a tomar medidas compensatórias.
Não vejo bem onde está a pressão, o desrespeito pela Constituição, mas nós
somos assim. Indignamo-nos imenso quando sentimos que nos podem ir ao bolso,
mesmo que tenhamos andado anestesiados quando no-lo faziam para enchermos os
bolsos de outrem. E fazemos chiste quando nos especializamos em dizer que sim,
que não, que talvez, que quem sabe ou, de uma forma redutora, quando achamos
que o que devemos fazer é aproveitar a maré e dizer aquilo que a mole gosta de ouvir. Sobretudo quando embirramos com alguém que use risco ao meio ou baínha nas calças.
Fico-me na minha. O que Passos Coelho disse é verdade. Com
pressão ou sem pressão, o significado é claro. E é bom que seja dito sem ser
tergiversado. O resto são jogos florais em que somos particularmente exímios
artífices.
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Etiquetas: Comentário político, momento político, Tribunal Constitucional
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