sábado, junho 23, 2012

Os meus carros (do 9 ao 11)

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De 1977 a 1987 dispus de um longo cortejo de carros de serviço. Um deles foi um Peugeot 504 com motor diesel. Foi o primeiro carro diesel que tive na vida e não fiquei cliente. Primeiro porque corria o ano de 1984, salvo erro, e os motores de combustão não tinham ainda a sofisticação dos de hoje. Faziam um barulho que eu imagino semelhante ao de uma máquina de fazer pregos. Resultava que uma viagem de Maputo a Nelspruit, trajecto que eu percorria com frequência, fosse porque tinha filhos a estudar em White River fosse porque dava jeito ir comprar uns artigos de luxo que faltavam em Maputo, como pasta de dentes, papel higiénico, sabonete, velas e outros caprichos da vida moderna, tornava-se um suplício para os tímpanos. Para não falar de que acima dos 120 (de resto o carro pouco mais dava…) era preciso gritar, ooooooolhaaaaa, tira-me aí os cigarroooooooos do porta luuuuuuuvas! Sério, não gostei e não durou mais de um ano. Consegui convencer o meu chefe alemão que tinha um problema nos tímpanos e uma clara degradação do olfacto (não é que ele acreditou?) e regressei ao good old petrol engine.

De todos os carros que tive neste período, merecem relalce um Mercedes 200 (uma emergência, recebemo-lo por uma dívida) e um Opel Rekord Berlina,

um excelente carro, motor dois litros, com magnífica upholstery e com a particularidade de ter sido o primeiro carro automático que tive, Daí para a frente só tive automáticos até regressar a Portugal, onde percebi que ter um carro automático parecia que significava novo-riquismo e não dá pica nenhuma porque não se fazem reduções nas curvas e não dá para fazer ponto de embraiagem nas rampas, enquanto esperamos o sinal verde. Recordo até um pormenor de um empregado da Avis, no balcão do Aeroporto, se afobar com uma série de telefonemas, até que lhe perguntei se havia problema e ele me ter respondido (assim com aquela variante malcriada do tuga que acha que está a atender fregueses mas acha que este país é uma merda que não dá oportunidades aos cidadãos e ele devia era ser secretário de estado dos transportes), que sim, havia um problema porque eu tinha reservado um Golf e o único Golf que eles tinham disponível era automático. Quando eu lhe disse que não fazia mal, ele aprimorou a malcriadice e perguntou-me: - Mas sabe conduzir automáticos?

Rendi-me aos factos e voltei aos manuais.
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