O borralho nacional
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Toda a minha vida tive uma tremenda dificuldade em entender a verdadeira devoção dos portugueses pelo calor. Desde miúdo. Tal como o horror do frio. Abaixo dos 20º o português encasaca-se, põe peuguinhas de lã, receia as correntes de ar, o gelo torna-se uma coisa mais ou menos exógena, as criancinhas ouvem insistentemente a ordem fecha a janela e os empregados de restaurante são frequentemente instados a desligar os aparelhos de ar condicionado. A água não pode ser gelada, tem de ser natural para não fazer mal às amígdalas ou ao esófago.
O português gosta de calor, mesmo que tenha de andar suado na rua, em atmosferas oprimidas no escritório, restaurante ou autocarro e mesmo no metro, mau grado os odores corporais contidos em camisas de mudança semanal, dormir com o corpo molhado, o português não suporta estoicamente o calor, ele desfruta a bênção que Deus lhe deu, inundando este país de sol quase em regime de permanência.
Daí que a foto lá em cima (Rio de Janeiro, ontem) enforma bem o paraíso na terra para muita gente. Por mim, só de olhar para a foto, apetece-me tomar um duche frio, mergulhar numa máquina de fazer gelo ou ver um filme com muitos pinguins. E pensar como é possível dar ao calor o tratamento mais ou menos iconográfico que nós lhe damos. Basta recordar os nossos apresentadores de rádio quando, em períodos de canícula de Agosto anunciam que o tempo vai continuar delicioso. E fazem-no com aquele arzinho sensual de quem possivelmente vai dormir nos braços daquele abençoado anticiclone centrado a noroeste dos Açores que nos mantém o país em regime de borralho permanente.
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Toda a minha vida tive uma tremenda dificuldade em entender a verdadeira devoção dos portugueses pelo calor. Desde miúdo. Tal como o horror do frio. Abaixo dos 20º o português encasaca-se, põe peuguinhas de lã, receia as correntes de ar, o gelo torna-se uma coisa mais ou menos exógena, as criancinhas ouvem insistentemente a ordem fecha a janela e os empregados de restaurante são frequentemente instados a desligar os aparelhos de ar condicionado. A água não pode ser gelada, tem de ser natural para não fazer mal às amígdalas ou ao esófago.
O português gosta de calor, mesmo que tenha de andar suado na rua, em atmosferas oprimidas no escritório, restaurante ou autocarro e mesmo no metro, mau grado os odores corporais contidos em camisas de mudança semanal, dormir com o corpo molhado, o português não suporta estoicamente o calor, ele desfruta a bênção que Deus lhe deu, inundando este país de sol quase em regime de permanência.
Daí que a foto lá em cima (Rio de Janeiro, ontem) enforma bem o paraíso na terra para muita gente. Por mim, só de olhar para a foto, apetece-me tomar um duche frio, mergulhar numa máquina de fazer gelo ou ver um filme com muitos pinguins. E pensar como é possível dar ao calor o tratamento mais ou menos iconográfico que nós lhe damos. Basta recordar os nossos apresentadores de rádio quando, em períodos de canícula de Agosto anunciam que o tempo vai continuar delicioso. E fazem-no com aquele arzinho sensual de quem possivelmente vai dormir nos braços daquele abençoado anticiclone centrado a noroeste dos Açores que nos mantém o país em regime de borralho permanente.
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Etiquetas: climas
3 Comments:
estou a ver que tens saudades de um comentário meu...;)
não há como negar que quando acabei o post me lembrei imediatamente de ti ... :))))))
Isto é que é o nosso Fado!
Sofrer com o calor , sofrer com o frio...
A sofrer é que se está bem ! LOL.
Sou um poartuguesa que gosta de temperaturas amenas.
xx
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