A força do futebol
A. Lobo Xavier não apanhou o avião para Lisboa, em acção de protesto
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Um jogo de futebol entre o Benfica e o Porto anunciado para este fim-de-semana foi o suficiente para uma evidente borbulhagem, pela capacidade reactiva de ilustres portuenses (uns não assim tão ilustres, mas com reconhecida capacidade de mobilização) contra a capital do império.
Em menos de vinte e quatro horas, assisti mais ou menos “estupêfacto” (aprendi ontem…) ao seguinte:
- Dois insignes comentadores políticos e que eu genuinamente aprecio perderam nitidamente as estribeiras na Quadratura do Círculo. Lobo Xavier fez uma acção de protesto não vindo a Lisboa ao programa e Pacheco Pereira silvou, positivamente, a expressão sou do Porto, ao mesmo tempo que fuzilava António Costa com o olhar. Com o olhar, porque se tivesse ali uma G3 ou uma Úzi, não daria um tostão pela integridade física da A. Costa. E porquê? Porque o poder central levou uma corrida de aviões para o Tejo. Tal e qual.
- O presidente do principal clube da cidade do Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, discursou algures num jantar, brandindo o verbo guerreiro do costume. Desta vez diz que "eles" (entenda-se os lisboetas…) querem destruir o Fóculporto (com licença do FNV, mas acho esta expressão deliciosa), mas que o Fóculporto teve um princípio mas não tem fim. Vai daí, e entre outras tiradas enérgicas, arranca uma afirmação num estilo muito conhecido (à Octávio, um sulista catapultado para a fama pela escola do FCP), segundo a qual ele sabe uma data de coisas, mas agora não diz. Não disse porque não dizia, mas agora não lhe dava muito jeito. Mas quando disser, as pessoas ficarão estupefactas. Com acento circunflexo e tudo. O séquito aplaudiu entusiasmado e salivou só de pensar no que o presidente terá para dizer que tantos vai “estupefactar”.
- Hoje de manha deparo com um outro ilustre blogger a escrever isto. Que me recuso a comentar, como lagarto que sou.
Houve mais manifestações deste tipo. Mas isto chega para definir bem o peso e importância do futebol. Da forma como desperta bairrismos exacerbados e cauciona campanhas intimadatórias como pré-tácticas. O costume, afinal. Formas de ebulição que acabam por contaminar os estádios, mas não faz mal, culpa-se depois as claques, já que elas são constituídas por energúmenos malfeitores, nazis, skin-heads semi-analfabetos e fica a coisa resolvida.
Quanto às corridas de aviões, tenho a certeza que os lisboetas não se importam nada que elas voltem para Porto e Gaia. O que não quer dizer que o festival não tenha audiência no Tejo, sabendo-se como Lisboa tem uma população exógena (muita dela do Porto…) superior aos indígenas. Já quanto a destruir o FêQuêPê, também me parece que ninguém anda verdadeiramente preocupado com isso. Apesar dos incontidos esforços de alguns dos seus responsáveis e simpatizantes para despertar esse sentimento.
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4 Comments:
Gostei do seu comentário.
Tem toda a razão no que escreve.
Que fiquem com os aviõezinhos e os metam no estádio do Dragon...
Obrigado pelo seu blogue.
Tás impossível de aturar :D
Cascalense Lagarto
Não nada para agradecer, meu caro
IL
Sério???????
:)
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