O embaraço no «Prós e Contras»
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É lamentável que artigos como este que abaixo transcrevo de Eduardo Cintra Torres no Público passem mais ou menos despercebidos na voragem do consumo diário de informação, sobretudo quando esse informação se pauta pela adulação quase permanente e generalizada do regime no Poder e pelo branqueamento de situações que de tão claras chegam a parecer inverosímeis.
No último Prós e Contras foi patente a impressão de que a única coisa que faltou foi dizer-se loud and clear de que o Partido do Governo terá montado uma campanha de propaganda mentirosa, ainda que hábil, conducente ao envenenamento da imagem do Presidente da República perante a opinião pública, a propósito dos famigerados mails publicados pelo servil Diário de Notícias. As coisas não correram bem a Fátima Campos Ferreira que terá perdido o «ponto» e se desmultiplicou em emendas bem piores que o soneto que estava encomendado, qual fosse o de pôr em cheque a posição do Público e de José Manuel Fernandes, contando como ovo na cu da galinha a colaboração de Henrique Monteiro que, afinal acabou por dizer claramente que não publicou os mails por provirem de uma fonte politica.
Fátima Campos Ferreira terá prestado um bom serviço à verdade, ainda que sem querer, como é óbvio. Só é pena que no «dia seguinte» não se tenha «esmiuçado» mais a questão. Por delicado que fosse.
Ler abaixo o artigo de Eduardo Cintra Torres via Portugal dos Pequeninos e foto do Kaos:
«Prós e Contras. Tal como o Telejornal, este programa é, na minha opinião, um importante instrumento da estratégia e da táctica concreta de comunicação da central de propaganda governamental. Mas, no programa de segunda-feira, 12.10, auto desmascarou-se. A edição foi toda construída como armadilha ao director do PÚBLICO e para ligar o jornal a "disparates de Verão" de Belém e a "encomendas" de notícias. Disfarçar-se-ia com temas anódinos e estafados (sondagens, etc.), apenas para se centrar no caso da vigilância. Mas aconteceu a beleza do directo. A RTP (a central de propaganda do Governo?) contava com uma posição do director do Expresso que não veio a confirmar-se. Em Agosto, Henrique Monteiro tinha sido mais crítico com o PÚBLICO e escarneceu com a possibilidade de vigilância. O Expresso usou em manchete uma expressão derivada da posição então assumida por Sócrates: sillygate. Entretanto, o Expresso investigou o assunto. E uma "fonte política" (que presumo do Governo ou do PS) tentou passar ao Expresso o famigerado e-mail entre jornalistas do PÚBLICO. O Expresso ter-se-á apercebido, entretanto, da montagem de uma acção de envenenamento pela propaganda mentirosa. Mas a central do Governo e a RTP não devem ter notado a alteração de posição do director do Expresso. Resultado: além de José Manuel Fernandes ter desmentido uma série de mentiras que a apresentadora queria fazer passar como factos e ter reposto a essência jornalística do trabalho do PÚBLICO em 18 e 19 de Agosto, o director do Expresso revelou em directo para todo o país que foi uma "fonte política" quem tentou plantar o e-mail no Expresso e que, não o conseguindo, o passou para o DN, sempre pronto a fazer fretes ao poder. A apresentadora do Prós e Contras e o director de Informação da RTP ainda tentaram salvar as posições da propaganda governamental, mas a intervenção de Monteiro, não cumprindo o papel que aqueles esperavam dele, estragou a jogada. Pela primeira vez em anos, o Prós e Contras não conseguiu servir cabalmente a propaganda do Governo e, pelo contrário, viu desmoronar-se a cabala e revelar-se a sua natureza abjecta.»
É lamentável que artigos como este que abaixo transcrevo de Eduardo Cintra Torres no Público passem mais ou menos despercebidos na voragem do consumo diário de informação, sobretudo quando esse informação se pauta pela adulação quase permanente e generalizada do regime no Poder e pelo branqueamento de situações que de tão claras chegam a parecer inverosímeis.
No último Prós e Contras foi patente a impressão de que a única coisa que faltou foi dizer-se loud and clear de que o Partido do Governo terá montado uma campanha de propaganda mentirosa, ainda que hábil, conducente ao envenenamento da imagem do Presidente da República perante a opinião pública, a propósito dos famigerados mails publicados pelo servil Diário de Notícias. As coisas não correram bem a Fátima Campos Ferreira que terá perdido o «ponto» e se desmultiplicou em emendas bem piores que o soneto que estava encomendado, qual fosse o de pôr em cheque a posição do Público e de José Manuel Fernandes, contando com
Fátima Campos Ferreira terá prestado um bom serviço à verdade, ainda que sem querer, como é óbvio. Só é pena que no «dia seguinte» não se tenha «esmiuçado» mais a questão. Por delicado que fosse.
Ler abaixo o artigo de Eduardo Cintra Torres via Portugal dos Pequeninos e foto do Kaos:
«Prós e Contras. Tal como o Telejornal, este programa é, na minha opinião, um importante instrumento da estratégia e da táctica concreta de comunicação da central de propaganda governamental. Mas, no programa de segunda-feira, 12.10, auto desmascarou-se. A edição foi toda construída como armadilha ao director do PÚBLICO e para ligar o jornal a "disparates de Verão" de Belém e a "encomendas" de notícias. Disfarçar-se-ia com temas anódinos e estafados (sondagens, etc.), apenas para se centrar no caso da vigilância. Mas aconteceu a beleza do directo. A RTP (a central de propaganda do Governo?) contava com uma posição do director do Expresso que não veio a confirmar-se. Em Agosto, Henrique Monteiro tinha sido mais crítico com o PÚBLICO e escarneceu com a possibilidade de vigilância. O Expresso usou em manchete uma expressão derivada da posição então assumida por Sócrates: sillygate. Entretanto, o Expresso investigou o assunto. E uma "fonte política" (que presumo do Governo ou do PS) tentou passar ao Expresso o famigerado e-mail entre jornalistas do PÚBLICO. O Expresso ter-se-á apercebido, entretanto, da montagem de uma acção de envenenamento pela propaganda mentirosa. Mas a central do Governo e a RTP não devem ter notado a alteração de posição do director do Expresso. Resultado: além de José Manuel Fernandes ter desmentido uma série de mentiras que a apresentadora queria fazer passar como factos e ter reposto a essência jornalística do trabalho do PÚBLICO em 18 e 19 de Agosto, o director do Expresso revelou em directo para todo o país que foi uma "fonte política" quem tentou plantar o e-mail no Expresso e que, não o conseguindo, o passou para o DN, sempre pronto a fazer fretes ao poder. A apresentadora do Prós e Contras e o director de Informação da RTP ainda tentaram salvar as posições da propaganda governamental, mas a intervenção de Monteiro, não cumprindo o papel que aqueles esperavam dele, estragou a jogada. Pela primeira vez em anos, o Prós e Contras não conseguiu servir cabalmente a propaganda do Governo e, pelo contrário, viu desmoronar-se a cabala e revelar-se a sua natureza abjecta.»
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Etiquetas: à la PS, bloggers, campanhas negras
3 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
Comentário de João Pedro Lopes:
Para mim, a frase chave do artigo é "que presumo do governo ou do PS". Presume? Fraco alicerce para tão vistoso edifício...
João Pedro Lopes
Nota: Peço desculpa a João Pedro Lopes, mas eliminei o comentário no post anterior que era ainda e apenas um draft, só que o seu comentário foi feito quase em simultâneo. Todavia, aqui fica agora o comentário reposto. As minhas desculpas.
João Pedro Lopes
Não creio que o «presumo» tenha outro papel que não seja uma mera aplicação retórica. Acho que o cenário é por demais evidente. Sem ser preciso «vistoso edifício» para nada...
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