Verdades inconvenientes
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Economia vista pela opinião pública portuguesa
1. Mais vale uma empresa com prejuízo do que uma empresa com lucros astronómicos.
2. Mais vale um gestor que gera prejuízos que um gestor com salários escandalosos.
3. A melhor explicação para os preços nunca é a escassez, é sempre a existência de carteis.
4. Todos os sectores estão cartelizados (O que até é um mal menor. Mais vale um sector cartelizado como consequência da hiperregulamentação do que a entrada nesses mercados de um player agressivo que teria lucros astronómicos e seria dirigido por um gestor com salários imorais).
5. Crime da usura: a actividade bancária é sempre imoral e é ainda mais imoral quando os bancos têm lucros astronómicos.
6. Quado os bancos não têm lucros astronómicos estamos perante gestão danosa.
7. A Caixa Geral de Depósitos deve ser mantida na orla do Estado para moderar o mercado financeiro, mesmo que a própria CGD tenha lucros escandalosos.
8. Reminiscências do tempo da fome: o preço do pão é sempre um drama.
9. Ginásios para os obesos e pão para os esfomeados são prioridades sociais.
10. O BCE deve manter os juros baixos. Em simultâneo, os comerciantes não devem fazer repercutir a inflação gerada pelos juros baixos nos preços ao consumidor.
João Miranda in Blasfémias
Este post mereceu alguns comentários a roçar o obsceno, mas eu gostava que alguém minimamente habilitado em matéria de sociologia me dissesse o que é que estas linhas contêm de errado. Infelizmente, não só me parecem correctas como explicam muitas das razões pelas quais nos mantemos na cauda da Europa. Todavia, o curioso é que muitos daqueles que verberam o sentido deste post do João Miranda seriam os primeiros a roubar no peso para aumentarem os lucros da mercearia. Ou usar materiais de construção baratos para aumentar os lucros na construção civil. Ou viciarem os documentos de um automóvel usado comprado em Bruxelas para fugirem ao fisco.
Desta realidade resulta a convicção de que se por um lado não somos flor que se cheire, por outro somos suficientemente estúpidos para nos embalarmos em estratégias políticas e de comunicação social, também elas suficientemente estúpidas para manterem vivas três ideias de base. Uma, a de que estamos a ser permanentemente enganados por aqueles que conduzem os destinos do país. Outra a de que o lucro, esse filme de terror protagonizado pelos capitalistas que comem pobrezinhos ao pequeno-almoço (para glosar uma expressão conhecida em sentido oposto) é a causa de todas as nossas desgraças. Finalmente a de que o Estado tem a obrigação estrita de zelar por nós e nos pôr a salvo de todas as malfeitorias em que vivemos mergulhados. Se juntarmos a esta premissa uma outra - a de que sucessivos governos socialistas exploram exactamente este desiderato, está explicada muita da nossa desgraça.
Economia vista pela opinião pública portuguesa
1. Mais vale uma empresa com prejuízo do que uma empresa com lucros astronómicos.
2. Mais vale um gestor que gera prejuízos que um gestor com salários escandalosos.
3. A melhor explicação para os preços nunca é a escassez, é sempre a existência de carteis.
4. Todos os sectores estão cartelizados (O que até é um mal menor. Mais vale um sector cartelizado como consequência da hiperregulamentação do que a entrada nesses mercados de um player agressivo que teria lucros astronómicos e seria dirigido por um gestor com salários imorais).
5. Crime da usura: a actividade bancária é sempre imoral e é ainda mais imoral quando os bancos têm lucros astronómicos.
6. Quado os bancos não têm lucros astronómicos estamos perante gestão danosa.
7. A Caixa Geral de Depósitos deve ser mantida na orla do Estado para moderar o mercado financeiro, mesmo que a própria CGD tenha lucros escandalosos.
8. Reminiscências do tempo da fome: o preço do pão é sempre um drama.
9. Ginásios para os obesos e pão para os esfomeados são prioridades sociais.
10. O BCE deve manter os juros baixos. Em simultâneo, os comerciantes não devem fazer repercutir a inflação gerada pelos juros baixos nos preços ao consumidor.
João Miranda in Blasfémias
Este post mereceu alguns comentários a roçar o obsceno, mas eu gostava que alguém minimamente habilitado em matéria de sociologia me dissesse o que é que estas linhas contêm de errado. Infelizmente, não só me parecem correctas como explicam muitas das razões pelas quais nos mantemos na cauda da Europa. Todavia, o curioso é que muitos daqueles que verberam o sentido deste post do João Miranda seriam os primeiros a roubar no peso para aumentarem os lucros da mercearia. Ou usar materiais de construção baratos para aumentar os lucros na construção civil. Ou viciarem os documentos de um automóvel usado comprado em Bruxelas para fugirem ao fisco.
Desta realidade resulta a convicção de que se por um lado não somos flor que se cheire, por outro somos suficientemente estúpidos para nos embalarmos em estratégias políticas e de comunicação social, também elas suficientemente estúpidas para manterem vivas três ideias de base. Uma, a de que estamos a ser permanentemente enganados por aqueles que conduzem os destinos do país. Outra a de que o lucro, esse filme de terror protagonizado pelos capitalistas que comem pobrezinhos ao pequeno-almoço (para glosar uma expressão conhecida em sentido oposto) é a causa de todas as nossas desgraças. Finalmente a de que o Estado tem a obrigação estrita de zelar por nós e nos pôr a salvo de todas as malfeitorias em que vivemos mergulhados. Se juntarmos a esta premissa uma outra - a de que sucessivos governos socialistas exploram exactamente este desiderato, está explicada muita da nossa desgraça.
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Etiquetas: Ai Portugal, bloggers, política
2 Comments:
uff, isto é muita areia para esta camioneta, que já deu o que tinha a dar nestas questões político-enonómicas ... abstenho-me de comentários!
;))
sinapse
Mas... é tudo tão clarinho...
Beijinhos
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