segunda-feira, outubro 29, 2007

Psicologia de massas



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Este fim-de-semana vi pouca televisão (muito pouca) e rádio quase nenhuma. Mesmo assim, registei uma entrevista na rádio (Rádio Clube Português, Ana Sousa Dias) com um psicólogo a propósito do comportamento das crianças em idade escolar e da adequada e desejável acção dos pais em relação a esta matéria. E a uma capciosa pergunta sobre como é que os pais deveriam reagir perante um filho que tivesse agredido algum colega, o psicólogo respondeu: - Repare. Desde logo, deve conversar com o filho.

Ainda sustive a respiração a ver o que é que vinha a seguir, mas não veio nada. Fiquei a saber assim, assim, que se o meu filho mandar umas lambadas num colega, espetar um alfinete nos olhos do canário ou atirar com o apagador à professora, eu devo falar com ele. Não vá esquecer-me e não dizer nada ao miúdo. E nesta conversa deve estar implícito, presumo, que ele está ser vítima de uma sociedade infectada com uma série de malfeitorias que só a minha preclara e correcta alocução poderá compensar. Não fosse o entrevistado do RCP e eu ficaria sem saber o que deveria fazer ao meu filho brigão.

Eu sei que os psicólogos (independentemente da muita estima que alguns deles me merecem e que fazem o favor de ser meus amigos) são uma peça fundamental do regime na construção da sociedade aberrante correcta que andamos todos a construir. Mas, que diabo, o RCP poderia rever os seus critérios de escolha, pelo menos no diz respeito à loquacidade dos seus entrevistados.

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6 Comments:

At 12:15 da tarde, Blogger Bekx (JGG) disse...

Não tenho a mínima pachorra para a Ana Sousa Dias. Faz parte daquele tipo gente que circula no meio daquele lobby de 30 ou 40 pessoas que se consideram a "elite cultural". Além disso, irrita-me aquele tom de voz e a passividade politicamente correcta com que entrevista;)

 
At 2:01 da tarde, Blogger Passada disse...

A Patusca entra na 3ªsemana de escolinha. Até aqui não sabe o que "tau-tau" quer dizer sequer. Há uns dias atrás veio ela da escola, e de tarde agarrou a esfregona faz de conta dela, acerta umas bem dadas à boneca "bébé". Mãe- "Faz festinha filha, feeestinha". Sugiro a leitura "O pequenos Ditador" de Javier Urra e cito pg 207 como medida, "Na Dinamarca, embarcam os adolescentes indolentes, vagos, conflituosos ou déspotas durante 3 meses com pescadores. Magnífico"!!!

 
At 8:18 da tarde, Blogger t-shelf disse...

Por muito que te espante há mesmo pais que não conversam com os filhos, nem mesmo quando agridem alguém (às vezes até são eles os agradidos)mas de resto acho que esses senhores deviam ser obrigados a dar umas aulas numa escola daquelas com subsídio de risco e tentar conversar com os seus alunos e com os pais deles. Até aposto que iam preferir embarcar com pescadores! bjs

 
At 9:33 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

bekx
A definição é boa... provavelmente deixo-me arrastar pela irritação e depois qualquer coisa acaba por soar mal.

 
At 9:35 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

passada
essa dos adolescentes de "torna viagem", como os vinhos do séc XVII é capaz de ser uma boa solução. Nunca tinha pensado nisso. Já agora, acho que se podia mandar mais gente além dos adolescentes
:)

 
At 9:51 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

Ti
Pensando melhor, és capaz de ter razão. Estás mais por dentro do problema do que eu. A questão é que a forma como os assuntos são abordados pelos vários intervenientes da questão é que me condicia a clareza de raciocínio. A subtileza pedagógica desta gente e o politicamente correcto acabam comigo. Passam-nos atestados de menoridade em regime de permanência. Mas aceito a tua crítica, acho que sim, acho que há pais que nem no assunto falariam aos filhos. Why bother?
Beijinho

 

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