A exoneração fecal como acto político
[2070]
Que pena não haver Contra Capa nem eu ler a Cristina quando comecei a gatinhar no palco do reviralho político.
Muito jovem e com uma formação política próxima do zero, a que não era estranho o facto de eu ter passado parte da minha adolescência em África, lembro-me de ouvir, absolutamente fascinado, a retórica política dos colegas mais velhos, alguns deles quase com idade para serem meus pais e que faziam gala em chumbar na Universidade anos seguidos, porque era preciso acabar com o fascismo. Eram discussões absolutamente espantosas e frenéticas, em que algumas vezes a unanimidade corrente e desejável era quebrada por opiniões tímidas que questionavam esta ou aquela acção. E lembro-me alguém uma vez ter questionado se partir os vidros da montra de uma pastelaria da Rua da Sofia em Coimbra seria, na verdade, um acto político e não um mero acto de vandalismo. Ao que um veteranão, dos tais que faziam escola de cursos tirados em dez e mais anos de academia respondeu: - Até o “cagar” é um acto político. Logo… parta-se a montra da pastelaria, como um acto político.
Aquela expressão linear de raciocínio e a forma assertiva como se politizava um acto tão natural como a evacuação intestinal deu-me matéria de reflexão por muitos anos. Felizmente que reflecti sempre em termos de “cagar”. Soubesse eu da expressão exoneração fecal nessa altura e a reflexão teria sido muito mais longa, quiçá dorida e angustiante, ainda que de muito maior elevação cultural.
NOTA SÉRIA: Tape o nariz ou aromatize o ambiente e inteire-se dos mistérios e segredos da exoneração fecal, incluindo a incómoda obstipação, neste excelente post da Cristina.
Que pena não haver Contra Capa nem eu ler a Cristina quando comecei a gatinhar no palco do reviralho político.
Muito jovem e com uma formação política próxima do zero, a que não era estranho o facto de eu ter passado parte da minha adolescência em África, lembro-me de ouvir, absolutamente fascinado, a retórica política dos colegas mais velhos, alguns deles quase com idade para serem meus pais e que faziam gala em chumbar na Universidade anos seguidos, porque era preciso acabar com o fascismo. Eram discussões absolutamente espantosas e frenéticas, em que algumas vezes a unanimidade corrente e desejável era quebrada por opiniões tímidas que questionavam esta ou aquela acção. E lembro-me alguém uma vez ter questionado se partir os vidros da montra de uma pastelaria da Rua da Sofia em Coimbra seria, na verdade, um acto político e não um mero acto de vandalismo. Ao que um veteranão, dos tais que faziam escola de cursos tirados em dez e mais anos de academia respondeu: - Até o “cagar” é um acto político. Logo… parta-se a montra da pastelaria, como um acto político.
Aquela expressão linear de raciocínio e a forma assertiva como se politizava um acto tão natural como a evacuação intestinal deu-me matéria de reflexão por muitos anos. Felizmente que reflecti sempre em termos de “cagar”. Soubesse eu da expressão exoneração fecal nessa altura e a reflexão teria sido muito mais longa, quiçá dorida e angustiante, ainda que de muito maior elevação cultural.
NOTA SÉRIA: Tape o nariz ou aromatize o ambiente e inteire-se dos mistérios e segredos da exoneração fecal, incluindo a incómoda obstipação, neste excelente post da Cristina.
.
2 Comments:
Achas que o veteranão saberá essa da "exoneração fecal"? É que daria mais pinta aos seus argumentos. Ou será que é como o outro que mandou tirar do iutubi (como dizem alguns por aí) a prova do seu passado de esquerda festiva?
Vou já lá ler a Cristina.
também gosto à brava dessa expressão. ja viste o tumulto quando disseres : vou ali exonerar?
Enviar um comentário
<< Home