Ler à mão...
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Chego a casa e abro, maquinalmente, a caixa do correio. Três envelopes com contas para pagar, um envelope duma loja de marca com um cartão lá dentro que me garante um desconto qualquer (não me lembro de alguma vez lá ter comprado alguma coisa, mas deve ser a famosa “base de dados”…), o jornal da região, um postal da PSP a dizer que tenho de ir à esquadra para apresentar os papeis do carro, uma circular assinada por um senhor Ferreira que faz trabalhos em estuque, pinturas e pequenos arranjos e que se eu estiver interessado que telefone para um número qualquer, uma carta-menu de refeições já cozinhadas e mais um punhado de lixo do género.
Tenho saudades do tempo em que me sentia um ser humano quando abria a caixa, reconhecia três ou quatro cartas de amigos ou familiares, me sentava na sala e as lia. Eu sei que é o progresso, a facilidade de abrir o computador ter o correio ali à disposição para ser lido e “movido para a pasta x", mas palavra de honra que me apetecia receber uma carta genuína, daquelas escritas à mão, a começar chamando-me pelo nome e, numa caligrafia familiar, me proporcione o intimismo próprio duma conversa com alguém que conhecemos e apreciamos. É que dou comigo a pensar que com o advento do e-mail tenho inúmeros amigos que me escrevem e acreditam que não lhes conheço a letra? Não é exagero, eu conheço pessoas com quem mantenho contacto mais ou menos regular e cuja caligrafia é para mim totalmente desconhecida. Conhecê-la seria coisa, suponho, que não devia ferir os grandes princípios gerais da modernidade.
E fico-me por aqui. Porque com tantas contas e circulares que recebi na caixa do correio está, finalmente na hora de abrir os e-mail. Gente diferente, toda com a mesma letra…
Chego a casa e abro, maquinalmente, a caixa do correio. Três envelopes com contas para pagar, um envelope duma loja de marca com um cartão lá dentro que me garante um desconto qualquer (não me lembro de alguma vez lá ter comprado alguma coisa, mas deve ser a famosa “base de dados”…), o jornal da região, um postal da PSP a dizer que tenho de ir à esquadra para apresentar os papeis do carro, uma circular assinada por um senhor Ferreira que faz trabalhos em estuque, pinturas e pequenos arranjos e que se eu estiver interessado que telefone para um número qualquer, uma carta-menu de refeições já cozinhadas e mais um punhado de lixo do género.
Tenho saudades do tempo em que me sentia um ser humano quando abria a caixa, reconhecia três ou quatro cartas de amigos ou familiares, me sentava na sala e as lia. Eu sei que é o progresso, a facilidade de abrir o computador ter o correio ali à disposição para ser lido e “movido para a pasta x", mas palavra de honra que me apetecia receber uma carta genuína, daquelas escritas à mão, a começar chamando-me pelo nome e, numa caligrafia familiar, me proporcione o intimismo próprio duma conversa com alguém que conhecemos e apreciamos. É que dou comigo a pensar que com o advento do e-mail tenho inúmeros amigos que me escrevem e acreditam que não lhes conheço a letra? Não é exagero, eu conheço pessoas com quem mantenho contacto mais ou menos regular e cuja caligrafia é para mim totalmente desconhecida. Conhecê-la seria coisa, suponho, que não devia ferir os grandes princípios gerais da modernidade.
E fico-me por aqui. Porque com tantas contas e circulares que recebi na caixa do correio está, finalmente na hora de abrir os e-mail. Gente diferente, toda com a mesma letra…
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11 Comments:
Eu compreendo-te, mas não partilho esse saudosismo.
E não me importo de não conhecer a caligrafia das pessoas com que me correspondo. Assim, pelo menos, consigo ler tudo o que me escrevem. E vice-versa! :)
Já agora, se ao menos as facturas também chegassem todas pelo e-mail, poupavam-me a trabalheira que tenho de abrir os envelopes e de acumular papéis.
E aqui fica a quarta e última beijola. Por hoje.
Mas tu... tu... hum... tu... tu és uma caso perdido, um exemplo acabado da teoria da evolução. Fizeste do rato a caneta e as tuas reacções sensoriais estão plasmadas num clique do lado esquerdo ou do lado direito conforme o destino que queres dar aos conteúdos lidos. Reacções sensoriais, digamos (este "digamos" dá um jeito enorme) directamente ligadas ou on line com a utilização da cibernética. Admito que tenhas fugazes exercícios de hermenêutica mas mesmo esses sempre sujeitos a um prévio antivírus qualquer que te previna e isente de surpresas ou de excessos sinápticos (deixa estes últimos para a Sinapse.
Bom... depois de este continuado chorrilho de disparates ou me mandas a quinta beijola (o que não tem nada a ver com uma beijola numa quinta, onde a informática não está ainda imlantada a níveis aceitáveis)ou encho-te esta missiva de vírus, spam e pop-ups. Já agora, depois de receber a quarta beijola andei por aí procurando onde estão as outras três e não encontrei nada. Se calhar, não reparei.
Bom, beijolas a sério, amigas, apesar da caligrafia ser a mesma de ontem. E de anteontem. E de sempre...
E que tenhas feito boas compras. Já agora, pegando no mote, para que é que foste à compras? Afinal, sentas-te ao computador, Visa à frente para veres o número e podes começar o teu shopping spree sem saíres da cadeira :))))
E vou acabar, agora é que é, que este meu comentário está quase tão grande omo o da Sinapse desde qe ela foi para NY
:)))
Eu também gosto das cartas do correio "normal" - facturas e afins, não contam, obviamente. Gosto de as ler em qualquer lado, ansiosa ainda de pé junto à porta ou bem sentada a apreciar. Não é tanto pela caligrafia, até porque muitas últimas carta que recebia já estavam passadas a computador. Mas é pelo momento e pelo objecto em si.
As outras beijolas estão espalhadas pelos posts mais antigos, ali para baixo.
Se recebes os comentários no e-mail, não devem ser muito difíceis de encontrar.
Quanto às compras, não precisei de me deslocar um centímetro. Face à possibilidade que tu próprio mencionas, comprei tudo on-line, claro!!!... Mas o tempo que isso me levou afastou-me da blogosfera...
E aqui vai a quinta beijola: chuac!
Espumante, eu também tenho saudades desse tempo. Do papel bonito, de boa qualidade, cinzento claro, com monograma em relevo. Da escrita com caneta de tinta permanente, em cor azul turquesa ou royal blue.
Beijinhos
carlota
os teus comentários ilustram bem o que disse sobre a tua atracção fatal pelo teclado :)))
Uma beijola
E.T. Os belgas desde ue desembarcaram esta tarde em Lisboa só têm dado bronca...
cristina
Convenhamos que a handwriting dá um toque pessoal à coisa :)))
Coloquei uma música linda hoje para a vossa "festa",
Um beijinho
laura lara
Quem tiver a oportunidade e o provilégio de te conhecer pessoalmente percebe ao fim de dois escassos minutos que forçosamente apreciarás uma carta escrita à mão...
:)))
Beijinho
Tenho uma certa nostalgia das cartas e postais ... eu era daquelas amigas que escrevia sempre, muitas cartas, e enviava postais sempre que ia de férias, um fartote!
... mas também me dou muito bem com os e-mails! ... já não escrevo é tanto ... e deixei completamente de enviar postais ...
Postais, agora, só blogosféricos! ;)
Beijinhos, enviados por correio azul,
Sinapse
Percebi que andávamos por aqui em "coro" :)) enquanto postava aquela anção da DW.
Mas... não se trabalha? Que horas são aí? Cinco e meia ou seis e meia? De qualquer modo, um luxo!
Beijinhos invejosos
Neste momento, são 20h06 ... e durante 15 dias estamos com apenas 4 horas de diferença ... porque a hora já mudou aqui mas ainda não mudou na Europa ... no fim do mês, quando a Europa avançar uma hora nos relógios, voltamos às 5 horas de diferença ...
... eu hoje cheguei a casa às 19h00 ... para que conste! ;)))) ... sou trabalhadeira!
Beijinhos, ocupados,
;)
Sinapse
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