Se a menina está bem...

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Razoavelmente esclarecido depois de ter lido o acórdão que atirou com o sargento Luís para prisão preventiva e de ter ficado conhecedor de uma série de inúmeros factos sonegados pela maioria dos jornalistas da minha terra, ouvi uma notícia que me deixou profundamente confuso.

Basicamente, Maria Barroso disse para a rádio que sabia onde estava a pequena Esmeralda e que ela estava bem. Como não sou jurista, não posso julgar até que ponto a afirmação de Maria Barroso não deveria ser considerada obstrução à justiça. Tudo o que eu pudesse dizer sobre isto não poderia ir além da percepção que se tem de quando se lê um livro ou vê um filme policial. Mas se uma criança está sequestrada e se um cidadão afirma que sabe onde está a criança, parece-me elementar que:

- Maria Barroso devia dirigir-se à polícia Judiciária e denunciar o facto;
- Que o deveria fazer, ainda, com a máxima discrição e deixar às autoridades o julgamento de como deveria lidar com a situação.

Mas em Portugal temos uma camada de gente mais ou menos inimputável, a que diz e faz o que quer e lhe apetece e sobra-lhe tempo. Não tenho nem deixo de ter qualquer preconceito contra Maria Barroso pelo facto de ser mulher de Mário Soares, pessoa que decididamente não aprecio, mesmo tentando encaixar as declarações de Vasco Pulido Valente há dias…), mas causa-me uma profunda impressão que à luz da justiça (boa ou má) haja um cidadão sequestrado (Esmeralda) e um outro cidadão (Maria Barroso) que afirme loud and clear que sabe onde a Esmeralda está, rematando com um “ela está bem” para descansar as consciências e, claro, avalizar a actuação da mãe adoptante que, parece-me nunca esteve em causa neste particular.

Este episódio é lamentável é de um provincianismo atroz e reflecte com clareza a cepa da nossa casta. E, quanto a isso, parece-me pouco haver a fazer.