Conduzido por um profissional

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Ontem cheguei muito tarde a casa. Afazeres retiveram-me no trabalho até horas impróprias de uma alma bem comportada como a minha e que gosta de chegar a casa pelo menos a tempo de ver os telejornais.

Fiz-me ao regresso Infante Santo abaixo, como de costume, que eu sou um animal de hábitos e faz tempo que esta é a minha rotina, vou trabalhar Infante Santo acima e regresso a casa Infante Santo abaixo. A minha dirty mind (aquele diabinho que tenho cá dentro e que não pára quieto) diz-me que seria muito mais giro se eu tivesse uma avenida com outro nome para ir por ela acima e vir por ela abaixo, sei lá, Scarlett Johansson Avenue, ou assim, mas não se pode ter tudo e calhou-me a Infante Santo e não há nada a fazer…). Infante Santo abaixo como dizia, naquela velocidade que nem é muita nem é pouca, é a possível, vejo uma furgoneta branca com uns dizeres nas portas que, confesso, acabei por nem ler, mas que tinha um letreiro na traseira rezando: Esta viatura é conduzida por um profissional. Se etc etc etc queira telefonar para o nr. tal e tal. É claro que não me lembro da empresa nem do número. Só retive aquela da viatura conduzida por um profissional, quando a profissional viatura, provavelmente cansada de se deslocar encarneirada no tráfico, decidiu progredir aos “esses”. Num dos “esses”, acaba por bater de lado num pequeno carro branco conduzido por uma senhora cujo pecado era ir (encarneirada como eu) ao meu lado. Pois o profissional continuou os esses, abalroou a senhora e continuou por ali abaixo e seguiu a vida dele, quiçá soltando umas quantas imprecações pelas velhinhas que andam a empatar quem “trabalha”.

Não me lembro da empresa, muito menos do telefone. Só sei que era (salvo erro) uma Peugeot branca daquelas fechadas e, claro conduzida por um profissional.