Jornalismo de causas
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A coisa funciona por marés. A RTP anda novamente absolutamente cometida ao “jornalismo de causas”. As notícias são fátuas, parciais, ditas em tom gravoso e reflectivo e todas elas orientadas no sentido de passar a imagem ao comum cidadão que estamos aqui todos (os portugueses em geral e os jornalistas da RTP em particular) para salvar o mundo. Está a tornar-se verdadeiramente insuportável esta total ausência de profissionalismo e, mais importante, HONESTIDADE, no desempenho de uma missão que deveria ser sublimada no respeito pelos cidadãos que pagam impostos, incluindo o IVA dos televisores.
A última reportagem sobre o dia a dia no Iraque (um trabalho do enviado especial Castro, um mocetão cheio de visões salvíficas do destino tenebroso que os americanos nos andam por aí a arranjar) e a reportagem da manifestação no Largo de Camões com cerca de 300 pessoas a representarem 56 organizações (cerca de seis pessoas por organização!...) são um exemplo vivo deste estado de coisas. De registar sobretudo, aqueles apontamentos de reportagem a adolescentes que balbuciavam pérolas do género: - Aquilo são ratazanas, pá, os americanos são ratazanas e aquilo é uma sarjeta. O que atesta bem o nível e o conhecimento de causa dos manifestantes.
A liberdade é um bem que nem se discute, o que se passa é que a RTP é um bocadinho minha, pelo que sinto ter a prerrogativa de achar que “aquilo” está entregue a meia dúzia de maus jornalistas, politicamente desonestos. Para além de incultos e de falarem mal o Português. Para isso é que há iniciativa privada, donde esta gente poderia muito bem registar uma empresa de comunicação social (agora leva vinte e quatro horas…) e depois vinham para a rua dizer o que lhes desse na gana e, militantemente, dedicar-se ao tal “jornalismo de causas”. E quem quisesse saber notícias, ligava então para o serviço público da RTP, que é para isso que o serviço público existe. E para o qual se paga.
3 Comments:
Isto é o que se pode descrever como um post 'há que dizê-lo com frontalidade'. E sempre com graça!
Beijinhos,
Sinapse
Sinapse
É... nem sei como é que ainda consigo achar graça a estas coisas! Mais misterioso é como é que ainda me conseguem achar graça a mim :)))
beijinho pela tua gentileza
Interessante...
Aqui está a leviandade de quem escreve no conforto do sofá. Eu fui lá, tenho ido lá e vejo aquilo que nunca irá ver: a realidade com os meus próprios olhos.
Cego não é aquele que não vê, é o que não quer ver!
Luís Castro
o tal "mocetão" das visões.
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