500.000 x 150
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Há pouco tempo atrás, Paulo Portas atribuiu um suplemento de reforma de 150 Euros aos ex-combatentes do ultramar. Pouco tempo depois, Bagão Félix disse que estavam reunidas todas a condições orçamentais para que esse suplemento se tornasse exequível.
Agora, o actual ministro da defesa diz que tem de estudar melhor o assunto porque não está certo de que possa dispor de verbas para esse fim. O Forum da TSF abordou a questão e as opiniões dividiam-se entre aqueles que cantaram a "glória pátria e os grandiosos serviços prestados à nação" e os que disseram, preto no branco, que "os nossos soldados iam para África bater nos pretos e dar pontapés nas caixas dos engraxadores pretos" (sic).
Pondo de parte a elevação de processos e de verbo (tanto dos governantes como dos opinadores do Forum), parece-me curial classificar a atitude do ministro como inadmissível. Se a informação não me falha (e apoio-me apenas no que ouvi na comunicação social) há 500.000 recenseados para a atribuição do tal suplemento, num valor médio de 150 Euros/ano. Ora, como dizia o Guterres, "é uma questão de fazer as contas" para se concluir que são precisos 75.000.000 Euros para honrar o compromisso assumido. Se nos lembrarmos que as SCUT em 2007 irão representar um encargo de 780.000.000 Euros, apenas porque João Cravinho e sus muchachos acharam que assim é que estava bem, parece-me da mais elementar justiça que não se equacione sequer o pagamento do suplemento e se institua desde já as portagens nas SCUT, ainda que de uma forma faseada, como já ouvi dizer.
O problema é que os combatentes do Ultramar não devem constituir contestação por aí além e muitos deles morrerão daqui por uma dúzia de anos. Já com as SCUT a coisa é diferente, a constestação será muita e rouba muitos votos.
A isto se chama governar à portuguesa – leia-se, sem vergonha.
9 Comments:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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Meu caro, a falta de vergonha é mesmo o traço dominante do carácter de quem nos governa, a começar pelo soi-disant eng. primeiro-ministro. Um abraço!
Caro espumante,
há alturas em que por mais que pretenda não posso ficar calado.
Sendo um ex-combatente, que ainda hoje sofre de algumas maleitas que por lá tiveram origem, creio que terei o direito de opinar sobre o assunto.
Por decisão do ministro Portas, e do restante governo a que pertencia, eu e muitos como eu, não podíamos ser beneficiários dessa pensão, pelo simples facto de não termos descontos para a CNP, muito embora paguemos todos os impostos devidos e solicitados pelo Estado.
Assim, o sr. ministro Portas e o seu séquito, decidiu que havia combatentes merecedores, e combatentes que não eram merecedores, baseados em critérios que nada tiveram a ver com coragem, determinação, obrigação, sentido do dever, mas na escolha de uma profissão errada.
Por outro lado, não entendo como é que me posso gabar de ter servido a Pátria e querer que a Pátria me pague um prémio por tê-la servido! Para já não falar na miséria do prémio que é, pois trinta contos anuais já não chegam para levar a minha Maria e a minha criancinha a comer no restaurante cá do sítio, ao menos uma vez por mês, para brindarmos ao glorioso desastre que foi a guerra colonial.
Se, o suplemento de reforma fosse devido apenas aos combatentes que dele necessitassem para fugir à fome ou ao frio, e tivesse um valor capaz de igualar a dignidade dos que combateram, aqui estaria eu a bater palmas a tal atitude e a insurgur-me contra o actual governante, mas como me parece que foi apenas mais uma medida sem pés nem cabeça, populista e sem sentido, e que nem servirá para mitigar a fome de alguns, mas concerteza servirá para acrescentar uma migalha a quem dela não precisa, preferia que se repensasse a medida.
Cumprimentos
Torquato da Luz
Outro para si. E obrigado pelo comentário.
Teófilo M
Tenho todo o prazer em que não se cale e me comente.
Apenas uma questão.
Eu não pretendi discutir a dimensão do tal suplemento. Ao fim e ao cabo está na proporção das pensões miseráveis do nosso país. Ainda que ache bem que um ex combatente do ultramar tenha uma recompensa, por pequena que seja. O que mexe comigo é esta arbitrariedade de os governos desfazerem no que foi feito pelos antecessores. Neste caso foi Portas, mas poderia ser outro qualquer. E, ainda, pela irresponsabibidade com que o Partido Socialista foi useiro e vezeiro em medidas populistas e demagógicas (daí eu ter falado nas SCUT), em prejuízo de outras medidas que me parecem quase inócuas em face do tremendo gasto que as SCUT exigem.
Quanto aos combatentes merecedores ou não merecedores, a coisa tem de ser vista de um posto de vista abrangente e não esmiuçadamente. Tão simples como isso.
Um abraço e comente sempre.
Muito bem!!!
Além do mais, um país que não respeita os seus militares, aqueles que dão o corpo ao manifesto pelo país, sejam as razões certas ou erradas, não merece ser respeitado.
Muito bem dito.
António Torres
Concordo totalmente. Ainda hoje há um forte preconceito contra aqueles que cumpriram o serviço militar obrigatório no tempo da guerra colonial. Porque não foram suficientemente "iluminados" ou, ainda, porque não tinham chorudas mesadas que lhes permitia desertar para França e para a Argélia.
Enfim, a coisa esbate-se um dia derstes :)
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