quinta-feira, agosto 18, 2005

Tire a senha, saxavor



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Está prestes a entrar em vigor a legislação que permite a venda de medicamentos não sujeitos a prescrição médica e não comparticipados.

Como não sou médico nem farmacêutico, tenho de encarar a questão na minha condição de mero utente que parte do princípio que há regras e instituições que regem a minha vida em sociedade e, por isso, se um medicamento é classificado como de venda livre é porque as associações e instituições públicas entenderam que esse medicamento não oferece perigo. Se os tais "panadois" (designação usada com alguma ironia para os medicamentos que dispensam receita médica mas que prefiguram o perigo de efeitos secundários) são perigosos, e tanto quanto o meu entendimento e sensibilidade me permite ajuizar, pois que passem a precisar de receita médica. Tão simples como isso. E quem tem conhecimentos científicos sobre a matéria que decida. Agora, passarmos a vida a dizer que é perigosíssimo vender panadois, que o público é idiota e se vai enfrascar em venenos, criar habituação e desenvolver resistências é que me parece falacioso.

Os médicos são um bocadinho como os pilotos de aviação e adquirem, com alguma frequência, aquela atitude de criarem uma espécie de reserva de conhecimento sobre as matérias que dominam. Daí que aconteça, quase sempre, alguma sobranceria sempre que um leigo discuta cúmulo-nimbos ou a queda de cabelo provocada por um molécula destinada à neutralização dos sucos gástricos. Eu entendo que o uso do medicamento é uma matéria sensível e cabe aos médicos e aos laboratórios decidirem sobre se um medicamento pode ou não ser vendido sem prescrição. Mas não façamos do debate uma montra de conhecimentos em regime de exclusivo, uma feira de vaidades ou uma descarada defesa de interesses por parte das várias partes envolvidas.

Quanto aos farmacêuticos, eu entendo alguma reacção corporativa. Tanto quanto entendo, o facto insofismável de o utente, em geral, e ao contrário do que li neste post do
Besugo, ser frequentemente mal servido por muitas farmácias, ainda de má qualidade, mal localizadas, algumas delas em instalações tipo vão de escada, com quase permanentes bichas de utentes que esperam horas para ser atendidos, sujeitos ao cerimonial indescritível de corte de cartões de preços, fita-cola, chisato, contas, cálculos, fraco domínio do uso de computadores e longas discussões sobre profilaxia e terapêutica que, no meu modesto entender, deveriam ter lugar nos consultórios médicos e não ao balcão de uma farmácia.

Por outro lado, se existissem regras mínimas de licenciamento de farmácias, uma das quais deveria ser a obrigatoriedade de espaços reservado á venda dos tais medicamentos não sujeitos a prescrição, assim como produtos dietéticos, higiene, etc., onde um utente se pudesse servir e pagar num caixa à saída, em vez de ter de esperar pela sua vez, talvez não fosse sequer necessário equacionar a venda de medicamentos em super mercados e/ ou bombas de gasolina.

No fundo, nas farmácias, como em tudo, bastaria que existisse rigor, pragmatismo e, sobretudo, respeito pelos utentes. O que na maioria dos casos, não há. Por mais que me digam que as farmácias são de boa qualidade e que os farmacêuticos cumprem um papel social e blá blá blá.

1 Comments:

At 5:38 da tarde, Blogger Teófilo M. disse...

Já estou a ver o Besugo quando vai à farmácia:

Besugo: - Uma caixa de Aspirinas, faz favor.

Farmacêutico: Aspirina?! Ó homem você sabe se é alérgico?

Besugo: Quem, eu? Não são para mim.

 

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