Rigoroso Inquérito - JÁ
[444] - Ontem vi um sketch com o Zé Pedro Gomes no Canal 1, glosando aqueles programas interactivos em que as pessoas vão à televisão queixar-se das mais diversas coisas e reclamar da justiça do nosso país.
A cena é que a mulher (do Zé Pedro) tinha apanhado com um carro na espinha, carro que lhe tinha caído do andar de cima onde o vizinho teria uma oficina na varanda. O quadro era hilariante, metia várias nuances, desde o advogado conselheiro que ia consultando o Código Penal procurando descobrir falhas, até ao juíz que ia debitando um arrazoado qualquer enquanto a vítima ( a tal que apanhara com o carro caído da varanda) se desconjuntava na cadeira por causa da lesão na espinha.
Há uma altura em que raiou uma luz de esperança para a vítima – quando o advogado conselheiro descobre que o Código previa a proibição de haver oficinas aberta a menos de 6 km de uma estação de serviço. O marido da vítima rejubilou, porque um outro vizinho tinha uma estação de serviço dois andares acima e, logicamente, a muito menos de 6 km de distância…
E por aí fora! A cena foi hilariante, talvez porque ilustrava bem o nosso linguajar neste tipo de situações, a pose dos intervenientes neste tipo de desgraças e, sobretudo, pelo absurdo de uma oficina de automóveis que o vizinho tinha aberto no segundo andar e de onde teria caído a viatura na espinha da vizinha do rés do chão. Mas… absurdo? Será tão absurdo assim? Quando hoje oiço a notícia da morte de um piloto que, ao descolar, chocou com o seu avião contra uma viatura que, nesse momento, ia a atravessar a pista, acho que o sketch de ontem tem toda a propriedade. Sobretudo depois de ouvir hoje na TSF que "…tá ver Dr Manel Acácio, aquilo é derivado das casas clandestinas que fizeram do outro lado da pista e os donos das casas deitaram a vedação abaixo para poder passar com os carros, eles têm de passar por algum lado, não é?…"
Gravíssimo é que esta situação parece que se arrastava há alguns anos.
Mas prontos. Agora abre-se um inquérito rigoroso e daqui a uns anos logo se vê…
5 Comments:
Ia eu calmamente na 2ªCircular (calmamente ia o carro ...)quando ouvi a notícia do choque. Primeiro pensei: ele há cada maluco! O que raio estaria a fazer uma carro numa pista de ... eis senão quando me apercebo que estão a dizer que a estrada existe mesmo e atravessa a pista ... devo ter ficado com cara de ponto de exclamação!!! Agora venho a saber pelo teu blog que é uma estrada clandestina ... Não me ocorre mais nada para dizer ... é um filme português...
Mas também que estava ali a fazer o avião? A atrapalhar o povo, só pode. Coitado do povo, que não tem dinheiro para andar de avião e ainda leve com um em cima das cruzes...
(é surreal mesmo...)
:))))
Não encontro palavras para comentar o absurdo e o "incomentável"!
O pior é que há vidas a lamentar!
Na segunda circular, os aviões passam tão juntinho aos carros!!!
beijinhos
Impõe-se uma correcção.
Quem morreu foi o automobilista e não o piloto como fora noticiado de manhã.
por outro lado, a estrada não é clandestina, é uma estrada municipal da responsabilidade da Câmara de Espinho, para servir um aglomerado de casas na praia, essas sim, clandestinas.
De qualquer forma, um caso deprimente que atesta bem a nossa sociedade. Ainda por cima... fiquei a saber no telejornal que há mais aeródromos (??!...) nestas condições.
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