Histórias de Moçambique (1) - Subir na Terraça
[441] - O Anthony Wooler, Tony para os amigos e colegas, era um inglês de Bristol. Botânico de formação, colaborava no departamento técnico de uma multinacional em Moçambique, identificando espécies, catalogando-as, estudando-as e, naturalmente, participando activamente nos “brain storm” que precediam a decisão sobre os fitó-fármacos a usar no controle das infestantes de várias culturas em Moçambique.
Homem de boas maneiras, sobriedade e fleuma adequadas à sua condição de súbdito de Sua Majestade, enquadrou-se bastante bem na sociedade moçambicana. De tal maneira bem, que se rendeu aos encantos de uma mulata linda que lhe estilhaçou a fleuma e revisitou algum cromossoma latino que o bom do Tony teria no recôndito do seu alforge de hormonas,
O Tony passou a andar diferente. Ria muito, brincava e era flagrante a alegria com que regressava a casa, no fim de mais um dia de trabalho, para os braços da sua fogosa eleita.
O problema é que às tantas o Tony se sentia indisposto. Queixava-se que, sem razão aparente, todos os dias se sentia mal, depois do pequeno almoço. Ele não entendia... tomava a sua chávena de café, umas torradas com queijo, sumo de laranja, uns ovos estrelados, subia ao terraço (a casa dele tinha um terraço lindíssimo, cheio de buganvílias...) e desmaiava.
Aconselhado pelos amigos resolveu ir ao médico. E no seu português típico (os ingleses são impossíveis para línguas) lá dizia:
- Senor Doutorre, eu não saber bem porque, but todo dia eu comer normalmente meu breakfast, um juice de laranja, fried ovos, comida normal, um pouco de cheese, café... subo na terraça e desmaia!
E o médico, atrapalhado...
- Mas, senhor Wooler, deixe ver se percebi bem... o senhor toma uma chávena de café, come duas torradas, um pouco de sumo, dois ovos e depois sobe ao terraço e desmaia?
- Clarro senhor doctor, isso mesma, come esse pouco comida, sobe na terraça e desmaia...
O médico acabou por lhe dizer para mandar a namorada lá ao consultório, talvez ela pudesse ajudar na comunicação.
E a namorada lá foi. O médico pôs-lhe a questão, disse que não encontrava nada de mal no Tony, tudo parecia estar bem e que não percebia a razão dos desmaios sempre que o Tony subia ao terraço. Aí a namorada disse:
- Olhe doutor. Isto é assim. O meu namorado além de parecer que só agora descobriu o sexo, não diz a verdade toda e, além do mais, nunca mais aprende a falar português decente. É que ele quando diz que toma um pouca de café, não é verdade. Toma dois ou três baldes. O juice de laranja... é para aí uma garrafa de litro. Os ovos, não são dois. São quatro ou cinco ovos estrelados mais bacon, mais salsicha, tomate grelhado e não sei que mais. O toast como ele diz... é para aí quase um pão de forma às fatias, mais um quarto de queijo. E quanto a subir ao terraço... eu estou farto de dizer àquele imbecil que me chamo Teresa, TE-RE-SA e não TERRAÇA...
ET. Esta história está um pouco enfeitada mas tem um fundo de verdade. O Tony e a Teresa acabaram por casar e ele hoje é country manager em Seul. Está bem de saúde, já tem dois filhos e, tanto quanto pude perceber da última vez que falei com ele, continua a fazer as suas frequentes incursões ao “terraço”...
Homem de boas maneiras, sobriedade e fleuma adequadas à sua condição de súbdito de Sua Majestade, enquadrou-se bastante bem na sociedade moçambicana. De tal maneira bem, que se rendeu aos encantos de uma mulata linda que lhe estilhaçou a fleuma e revisitou algum cromossoma latino que o bom do Tony teria no recôndito do seu alforge de hormonas,
O Tony passou a andar diferente. Ria muito, brincava e era flagrante a alegria com que regressava a casa, no fim de mais um dia de trabalho, para os braços da sua fogosa eleita.
O problema é que às tantas o Tony se sentia indisposto. Queixava-se que, sem razão aparente, todos os dias se sentia mal, depois do pequeno almoço. Ele não entendia... tomava a sua chávena de café, umas torradas com queijo, sumo de laranja, uns ovos estrelados, subia ao terraço (a casa dele tinha um terraço lindíssimo, cheio de buganvílias...) e desmaiava.
Aconselhado pelos amigos resolveu ir ao médico. E no seu português típico (os ingleses são impossíveis para línguas) lá dizia:
- Senor Doutorre, eu não saber bem porque, but todo dia eu comer normalmente meu breakfast, um juice de laranja, fried ovos, comida normal, um pouco de cheese, café... subo na terraça e desmaia!
E o médico, atrapalhado...
- Mas, senhor Wooler, deixe ver se percebi bem... o senhor toma uma chávena de café, come duas torradas, um pouco de sumo, dois ovos e depois sobe ao terraço e desmaia?
- Clarro senhor doctor, isso mesma, come esse pouco comida, sobe na terraça e desmaia...
O médico acabou por lhe dizer para mandar a namorada lá ao consultório, talvez ela pudesse ajudar na comunicação.
E a namorada lá foi. O médico pôs-lhe a questão, disse que não encontrava nada de mal no Tony, tudo parecia estar bem e que não percebia a razão dos desmaios sempre que o Tony subia ao terraço. Aí a namorada disse:
- Olhe doutor. Isto é assim. O meu namorado além de parecer que só agora descobriu o sexo, não diz a verdade toda e, além do mais, nunca mais aprende a falar português decente. É que ele quando diz que toma um pouca de café, não é verdade. Toma dois ou três baldes. O juice de laranja... é para aí uma garrafa de litro. Os ovos, não são dois. São quatro ou cinco ovos estrelados mais bacon, mais salsicha, tomate grelhado e não sei que mais. O toast como ele diz... é para aí quase um pão de forma às fatias, mais um quarto de queijo. E quanto a subir ao terraço... eu estou farto de dizer àquele imbecil que me chamo Teresa, TE-RE-SA e não TERRAÇA...
ET. Esta história está um pouco enfeitada mas tem um fundo de verdade. O Tony e a Teresa acabaram por casar e ele hoje é country manager em Seul. Está bem de saúde, já tem dois filhos e, tanto quanto pude perceber da última vez que falei com ele, continua a fazer as suas frequentes incursões ao “terraço”...
4 Comments:
Coitada da Terraça!!!!
Beijinho divertido!
brejeiro, hein
Madalena
Coitado mas é do Tony, que às vezes estávamos 3 dias sem saber dele...
:)))
Beijinho para tit ambém
jpt
Meu caro jpt, a coisa por aqui anda tão sisuda que se não for uma brejeirice de vez em quando andamos a dar com a cabela nas paredes
um abraço aí para o paraelo 27 :)
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