O Partido Vaselina
José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa
Nascido em Vilar de Maçada
(escolhi a foto mais bonita que encontrei para não dizerem que não gosto do homem)
[371] - Ferreira Leite chegou ao governo e disse: - O Partido Socialista é uma colecção de incompetentes e salafrários que rebentaram isto tudo através de uma política irresponsável de facilitismo, compadrio e despesismo. Como resultado vou ter de arrumar a casa e depois vamos pensar em investimento e desenvolvimento. Caiu o Carmo.
Durão Barroso acrescentou que estávamos de tanga e caiu a Trindade.
Foi um período em que se esboçou alguma retoma, no meio da mais assanhada campanha de descredibilização por parte da oposição, dos jornais, da televisão e comentadores encartados. Falava-se mais da «obsessão do défice» e de MFL do que do futebol e do Pinto da Costa e as pessoas conspiravam na rua, nos locais de trabalho, cinemas e supermercados, parques e jardins, esplanadas. A culpa era da Manuela, feia e obcecada, e do «Cherne», inábil e demagogo, a dar-nos a tanga da tanga.
Agora é diferente. Temos uma maioria que primeiro nos dá papas e bolos durante uns tempos. SCUTS grátis, redução de desempregados, choques disto e daquilo, incentivos às empresas para já nem me lembro quantos licenciados, milhares para aqui, milhões para ali, milhares de milhões por tudo e por nada. Era o discurso positivo. O discurso «não tanga».
Mas a realidade acaba sempre por se impor, não há os tais almoços grátis e a situação financeira está a atingir proporções «monstruosas» (parti-me a rir com a expressão de Sócrates a mostrar-se surpreendido com as revelações de Vítor Constâncio...) e eis que se assiste à mais refinada sessão de preliminares em que o PS é fértil, antes da cópula final. Uma intervençãozinha do Ministro das Finanças (que andava hibernado), uma notícia aqui, um comentário de Peres Metello ali, um Forum da TSF a preceito, uma visita de Vítor Constâncio a Belém, cirurgicamente relatada pelos media e «voilá». Estamos na merda, vamos pagar SCUTS, a gasolina vai subir, o tabaco vai disparar, vamos pagar mais impostos e a notícia chega, qual dor fininha sem vaselina: - «primeiro temos de tratar do problema das finanças, depois trataremos da economia».
No fundo, nada do que está a acontecer é verdadeiramente novidade. É o PS no seu melhor. A tal vaselina antes da dolorosa sodomização. E assim ficamos todos contentes. «Fodidos e mal pagos», mas contentes e felizes por termos nascido. A questão é que a vaselina é uma forma incompetente de chegar aos «finalmentes». Pelo que, infelizmente, receio que vejamos mais depressa as estrelas que a tal luz ao fim do túnel.
12 Comments:
Recado ao Incompetente
Relendo o texto, reparei naquela "forma incompetente de..."
Juro que foi sem intenção :)))))))) Aliás, pode reparar que nem pus link
:)
Espumante
Não foste mais meigo que os críticos de MFL/Durão.
Mas não foi apenas este José que virou o bico ao prego ao verbo fácil pré-eleitoral. O anterior, que entratanto já descobriu novas pátrias carecidas dos seus préstimos, não andou a prometer baixar o IVA, e acabou por o aumentar? Cést la vie...
Como era mesmo o provérbio?
"Se queres conhecer o ...,
põe-lhe a varinha na ...".
Um abraço
António Ferrão
O sentido da minha reflexão ia mais no sentido da forma como as coisas são feitas. No fundo, a frontalidade com que se diz : - Isto está em cacos e a maneira sinuosa de ir "preparando" o rebanho para se adoptarem exactamente as mesmas políticas.
Um abraço
Ora bem, vamos lá discordar!
Entre Durão Barroso e Sócrates, houve Santana Lopes. E isso não pode ser esquecido.
Milagres, ninguém vai fazer, mas há medidas e medidas.
Esperemos que o Eng Sócrates saiba encarar a questão pelo lado dos pobres e não pelo lado dos ricos. Foi aí que o governo PSD falhou redondamente: quiseram resolver os problemas à custa dos já naturalmente desfavorecidos. Se este governo enveredar por soluções semelhantes, eu calo-me, para sempre!!!
Não vai é ser fácil para ninguém governar sempre contra os mesmos!
Apesar de estares muito zanagdo com aqueles em quem eu votei, deixo aqui o beijinho habitual!
Madalena
Mais uma vez refiro, tal como fiz ao António Ferrão, que o sentido da minha reflexão ia mais pela forma do que pela substância. Mas já que puxas por mim:
1) Parece-me indesmentível e é consensual que o Governo Guterres foi responsável directo pelo descalabro das finaças públicas, por força de uma política de compadrios, despesismo e incompetência, tudo camuflado numa aparente política de solidariedade e preocupações sociais. Um par de exemplos poderão ser o RMG e o autêntico crime das SCUTS que endividarão (ou endividariam, depende do que Sócraste fizer) os portugueses até 2030, em dezenas de milhares de milhões de Euros (este números não são meus, foram amplamente divulgados), passando pela farsa das Fundações, das quais é emblemática a Fundação de Segurança Rodoviária com o Armando Vara à frente.
2) A MFL tentou e conseguiu uma relativa estabilização das finanças através de medidas tão impopulares como necessárias.
3) A saída de Durão para Bruxelas e a catástrofe Santana Lopes interromperam o ciclo positivo que se estava a sentir.
Sócrates ganha as eleições e debitou um rol de promessas que não só os mais avisados sabiam ser impossível cumprir, como ELE PRÓPRIO SABIA, e isto é que eu acho ser a imagem de marca do PS. Claro que agora, alguma cosa terá de ser feita. E como vai ser impopular, houve que deitar mão da tal vaselina para se ir preparando o rebanho.
No fundo, foi isto que eu quiz dizer. Não estou a defender o PSD e muito menos o Santana, Limitei-me a reiterar a muinha absoluta desconfiança em relação a um governo que NUNCA foi capaz de perder a sua génese de oposição em favor de uma atitude de poder. Nunca souberam fazer nada do poder que não fosse em proveito de alguns, em prejuízo de quase todos nós. Daí que o voto no PS permanece para mim como um dos mais insondáveis fenomenos da nossa socidedade.
beijinho para ti
Discorda sempre, que eu gosto
:)
MADALENA II
Para não pensares que sou filho único nesta reflexão sobre o Partido Socialista, fui roubar uma parte apenas de um post do INSURGENTE (por acaso num contexto toalmente diferente, tem a ver com o lançamento do Livro de José Gil na Fnac. Cito, melhor, copio:
«...Ora se ha época ou governação em Portugal no pos 25 de Abril que é o paradigma da não-inscrição é o guterrismo. Julgo que descrevendo o que este foi e como (não)governou seria o caminho mais rapido para perceber os efeitos recentes dessa “sombra branca”. O medo do confronto, a procura quase obssessiva do consenso, a hesitação, a inveja, a exaltação da mediocridade, a negação da excelência, a culpa, o “é a vida” e todos os outros muros que José Gil vê na sociedade portuguesa estão presentes no guterrismo. Com o devido respeito e consciência da distância intelectual que me separa de José Gil esta ausência parece-me tudo menos desengajada...»
Fim de citação.
Santana tinha que sair. A bem ou a mal. A bem não quis - mesmo depois da dissolução entendeu ir a votos; a mal só no voto massivo no PS. As razões não foram insondáveis, foram concretas, precisas e, claro está, despicientes...
O PS pós-guterrista só cirandou os nomes dos ministros, o aparelho está lá, firme e hirto, como bóia circular de rabinho na boca. A forma, avaselinada, não é surpreeendente, é máscara descaída. Agora quanto ao conteúdo... bom, mau, muito mal... até tremo só de pensar no que eles querem fazer mas não conseguem sequer pensar nisso. Mais uma cambada, uma súcia do catano!
Na verdade, Durão e a MFL acentuaram duramente a prova de fogo que teríamos de passar para nos equipararmos aos nossos (cada vez menos) parceiros da UE. Ao anunciarem publicamente a tanga e o mau estado das finanças fizeram com que os consumidores se retraíssem e foi a partir daí que o descalabro se acentuou...agravado pela obsessão da senhora em tudo fazer, tudo vender e tudo empenhar em nome de um número. Pôs todas as pessoas a falar em 3% quando países mais esclarecidos do que nós encolhiam os ombros e prosseguiam na sua vidinha e promoviam o seu desenvolvimento. O resultado está à vista: estamos num buraco, esperemos que com fundo. Não se pode esperar que em seis meses tudo mude. pelo menos não há esta política alarmista que tanto mal fez aos portugueses e á nossa imagem no exterior
JoãoG
Aparentemente, o meu post terá deixado a ideia que eu estaria a defender ou branquear Santana Lopes. É evidente que não era esse o meu propósito. Santana tinha que sair e nisso parece que houve consenso nacional. É provável é que a própria saída dele tenha constituido factor de agtravamento da situação finnaceira, tal como a sua presença. Deixo essa análise para os economistas...
Quanto à súcia... e vão duas. Era eu jovem apanhei a súcia do «caetano», agora apanho a súcia do «catano», para usar o seu próprio léxico :)
Tudo uma questão de súcias, eis o panorama que se nos depara.
Um abraço
P.S. Ando à procura do mail do GF para mandar umas fotos à Prima sobre o Portugal Bonito, mas aparentemente retiraram-no. Muitos fans??
:))
Odala
Não concordo com a ideia de que foi o discurso negativista de Durão que desencorajou os nossos empresários. Estes têm outros elementos de análise e não actuam em função do discurso político. É a minha opinião.
Em qualquer dos casos, não creio ser boa política mascarar a verdade. E a verdade é que Guterres deixara isto de pantanas.
Beijinho
Caro Espumante,
Mande lá essas fotos bonitas para o mail que está (sempre esteve) debaixo do nome do blog: guarda_factos@hotmail.com
Outro abraço,
JoãoG
Já mandei. Veio devolvido com a seguinte indicação:
One of two things may happen - Recipent's box is full or recipient's box has no sufficient capacity, blá blá blá...
e eu que nunca duvidei da capacidade do GF. Afinal...
:)
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