Currycabralado
[365] - O que é que poderei pensar de um país (que, por acaso, é o meu) onde um enxame de gente (doente, já que estava na sala de espera do atendimento das urgências do Curry Cabral !...);
1) Se «atira» a uma máquina de venda de sandes, bolicaos (não sei se é assim que se escreve...), fatias de bolo, iogurtes e outras iguarias, perante a circunstância feliz de a mesma estar avariada e escancarar as portinholas sem necessidade de introduzir a moeda? Fazendo autêntica bicha em risadas alarves e, na maior alacridade, se vai «servindo» dos artigos gratuitos, arrastando os putos pela mão, berrando para as consortes para que digam se querem sandes de «xóriço», bolo ou bolicao?
2) Passa metade do tempo da espera a falar em telemóveis que emitem in-ce-ssan-te-men-te os mais variados toques polifónicos que vão da «Cavalaria Rusticana» ao hino do SLB, passando por trechos de Beethoven, música pimba, relinchos cavalares, sinos e sinetas, gaitas, rufos de tambores de banda filarmónica, assobios estridentes e uma infindável série de ruídos correlativos?
3) Produz uma algaraviada de feira onde se fala de tudo, de todos, do almoço, do Benfica, do almoço, do Benfica, do almoço, do Sporting, do jantar, do carro a «gasol» que acabaram de comprar e que tornam imperceptível as chamadas dos doentes pelos altifalantes?
4) Discute a permanente degradação do serviço de atendimento, como uma senhora que dizia para quem a queria ouvir que «há anos que vinha ali ao Curry Cabral» (com aquele ar douto e esclarecido de quem percebe da coisa...) e que aquilo estava cada vez pior e que agora até os médicos das triagens eram pretos brasileiros?
5) Mantem um permanente vai-vem entre as salas, de e para os lavabos, de dentro para fora e de fora para dentro, normalmente com putos a reboque (a chorar ou a rir, mas nunca calados) sem que eu alguma vez percebesse onde é que iam, de onde vinham ou o que é que andavam a fazer)?
É a segunda vez que, circunstancialmente, me vejo a passar cerca de seis horas nas urgências de um hospital. Chego a casa deprimido e... doente. Mas devo ser eu que sou esquisito.
11 Comments:
Ó Espumante tu estás doente?
As urgências são mesmo assim. Estão cheias de gente que não está tão doente assim e se entretém. Em Albufeira, no Centro de Saúde, estive uma noite até às 3 da manhã com um panorama idêntico. Mas nos hospitais era suposto ser diferente, não era?
O que eu desejo mesmo é que fiques bom depressa e regresses aos posts vigorosos e discordáveis. Aqui não posso discordar.
Beijinhos.
(Eu volto antes do derby, para ver se já estás melhor!)
Em primeiro lugar, espero que já tenhas esquecido as cenas deprimentes do Curry Cabral.
Em segundo lugar, espero que as seis horas de espera não te tenham provocado uma acumulação excessiva de nervos.
Em terceiro lugar, espero que, depois de uma noite bem dormida, não questiones o país em que vivemos. (What for?)
Em último lugar, e mais importante que tudo, espero que já estejas bom.
Tá-tá
É só mesmo para mandar uma beijoca solidária e desejos de melhoras :)
Madalena
O doente não era eu...
Obrigado pelo teu cuidado.
Quanto á feira, a minha reacção deve-se ao facto de eu não ter "prática" destas idas às urgências e ter ficado pouco menos que siderado com o espectáculo. Não creio que haja reformas de saúde que sobrevivam à reforma das gentes. Beijinho e boa queima das fitas.
Laura Lara
Tal como disse à Madalena, o doente não era eu.
Beijinhos, obrigado pelo teu cuidado e bom fim de semana.
Hipatia
Eu estou bem e recomendo-me. Fui apenas acompanhante.
Obrigado pelo teu cuidado e um bom fim de semana para ti.
uma vez estive cinco horas nas urgências com o m-shelf e quando finalmente foi atendido mandaram-no embora, porque não tinham urgência oftalmológica ali e como tal, só apartir das 8h da manhã é que poderia dirigir-se aos outros serviços, de um outro hospital que tinha o tal atendimento. Pois... e pergunto eu: porque é que na primeira triagem ninguém nos disse isto? Neste meu caso, não foi tanto o pouco célere atendimento que provocou a irritação surda que levei para casa, mas antes a falta de bom senso e respeito pelo sofrimento alheio.
As melhoras para quem foste acompanhar.
Exigir, exigir, exigir... e depois exigir! :)
t-shelf
Eu passei «por cima» das incidências do atendimento. Limitei-me à assistência e à cena da vending machine. O atendimento dá para um post só sobre o assunto...
:)
Luna
Eu exijo, exijo e depois exijo. Mas não me ligam nenhuma...
:)
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