segunda-feira, maio 25, 2009

Inquietação


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Há gente assim. Gente que nasce para ganhar bem e fazer mal, ou pouco, ou mesmo nada, apesar da difícil tarefa de terem de se preocupar e inquietar com as maleitas do mundo.

O Secretário-Geral da ONU, por exemplo. Uma posição com as vicissitudes próprias de um lugar de grande responsabilidade como, por exemplo, ter de saber falar inglês e, sobretudo inquietar-se imenso. Veja-se Ban Ki-moon. A Coreia do Norte lança um míssil e ele inquieta-se. Profundamente. Os palestinianos atiram umas bombas para Israel e ele preocupa-se. Vagamente, mas preocupa-se. Os Israelitas mandam um balázio para Gaza e ele preocupa-se e indigna-se. Muito, como convém e é para isso que lhe pagam. Morrem uns milhares de paquistaneses com umas inundações e lá está Ban Ki-Moon preocupado. O Irão anuncia que lançará mais um foguetão e ele pensa já como se vai inquietar outra vez. Uma maçada. E depois é a emigração na Europa, o genocídio em vários países de África, os refugiados do Sri Lanka, a Sida e a malária, o racismo, a xenofobia, a economia de casino, enfim, uma série de inquietações a prazo. Muitas para um homem só.

Eu, se fosse convidado para Secretário-Geral da ONU pensava duas vezes. Que isto de uma pessoa levar a vida inquieta bem basta já o desemprego cá na terra e ter de aturar o Bloco e a RTP. É por isso que me colo à máxima salazarista de antanho, a minha política é o trabalho e não quero saber de florestrias. Se querem alguém que se inquiete vão bater a outra porta. Nem toda a gente está preparada para se inquietar com esta intensidade.

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