Comunismo e comunistas
[1891]
Às vezes tenho de resistir ao impulso de escrever sobre comunistas e comunismo. Há quem se encarregue de o fazer com a autoridade própria de quem estudou a fundo o fenómeno e sobre ele escreve com a propriedade que o conhecimento lhe confere, há quem o faça porque o viveu em directo e, factor não despiciendo, há o facto indesmentível de o comunismo se parecer cada vez mais com um museu de obsolescência que a juventude vai visitando cada vez menos e cada vez com menos curiosidade, tal a bizarria das suas pretensas virtudes.
Mas, como dizia, às vezes tenho de resistir a esse impulso, como por exemplo quando leio textos extraordinários como este em que se vitupera o percurso de Zita Seabra, a propósito do seu livro Foi assim. Nós vamos desfiando as peças desses textos, no caso o de Nuno Ramos de Almeida do Cinco Dias e apercebemo-nos do à-vontade com que se passa por cima de uma realidade factual que emoldurou o comunismo e que só o desconhece quem não o viveu ou quem, mau grado a sua inteligência e cultura, não consiga ter a honestidade de reconhecer a verdade terrível sobre um regime sanguinário e, não menos grave, responsável por uma criminosa manipulação de gerações inteiras que tiveram que descobrir por si próprias a mentira.
Por isso me espanto (e "m’avergonho") como é, ainda possível produzir textos destes e à noite, adormecer bem. Espanto, porque não é único. Significa que há muita gente ainda a achar o comunismo como um regime defensável, mesmo que para isso tenha de fazer malabarismos teóricos como aquele que recentemente parece fazer escola, em que há que separar o comunismo do marxismo-leninismo e do stalinismo.
Já não me espanto com a forma adventícia com que alguns bem intencionados vão defendendo o regime, muito menos com a forma reciclada de uma esquerda pretensamente moderna, inteligente e elegante, que nos vai enxameando de boçalidades oportunistas, umas, puramente idiotas, outras.
Continuo a resistir. Mas que me apetece descrever um punhado de episódios que conheci e vivi de perto, apetece. Mas já não vale a pena perder tempo com tal defunto. Desde que não aparecem muitos textos como este.
Nota: Hilariante tem sido a referência crítica que alguns comunistas da nossa praça têm feito ao rebanho de excursionistas que o PS pastoreou até ao Hotel Altis em Lisboa, nas últimas eleições intercalares. Comunistas a glosarem o transporte de manifestantes "espontâneos"? Sim. Mais grave. Fazem-no, sem se rirem. Mas rio-me eu, que bem preciso.
.Às vezes tenho de resistir ao impulso de escrever sobre comunistas e comunismo. Há quem se encarregue de o fazer com a autoridade própria de quem estudou a fundo o fenómeno e sobre ele escreve com a propriedade que o conhecimento lhe confere, há quem o faça porque o viveu em directo e, factor não despiciendo, há o facto indesmentível de o comunismo se parecer cada vez mais com um museu de obsolescência que a juventude vai visitando cada vez menos e cada vez com menos curiosidade, tal a bizarria das suas pretensas virtudes.
Mas, como dizia, às vezes tenho de resistir a esse impulso, como por exemplo quando leio textos extraordinários como este em que se vitupera o percurso de Zita Seabra, a propósito do seu livro Foi assim. Nós vamos desfiando as peças desses textos, no caso o de Nuno Ramos de Almeida do Cinco Dias e apercebemo-nos do à-vontade com que se passa por cima de uma realidade factual que emoldurou o comunismo e que só o desconhece quem não o viveu ou quem, mau grado a sua inteligência e cultura, não consiga ter a honestidade de reconhecer a verdade terrível sobre um regime sanguinário e, não menos grave, responsável por uma criminosa manipulação de gerações inteiras que tiveram que descobrir por si próprias a mentira.
Por isso me espanto (e "m’avergonho") como é, ainda possível produzir textos destes e à noite, adormecer bem. Espanto, porque não é único. Significa que há muita gente ainda a achar o comunismo como um regime defensável, mesmo que para isso tenha de fazer malabarismos teóricos como aquele que recentemente parece fazer escola, em que há que separar o comunismo do marxismo-leninismo e do stalinismo.
Já não me espanto com a forma adventícia com que alguns bem intencionados vão defendendo o regime, muito menos com a forma reciclada de uma esquerda pretensamente moderna, inteligente e elegante, que nos vai enxameando de boçalidades oportunistas, umas, puramente idiotas, outras.
Continuo a resistir. Mas que me apetece descrever um punhado de episódios que conheci e vivi de perto, apetece. Mas já não vale a pena perder tempo com tal defunto. Desde que não aparecem muitos textos como este.
Nota: Hilariante tem sido a referência crítica que alguns comunistas da nossa praça têm feito ao rebanho de excursionistas que o PS pastoreou até ao Hotel Altis em Lisboa, nas últimas eleições intercalares. Comunistas a glosarem o transporte de manifestantes "espontâneos"? Sim. Mais grave. Fazem-no, sem se rirem. Mas rio-me eu, que bem preciso.
Etiquetas: bloggers, comunistas
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