A luta continua...
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Tenho a sensação de que as pessoas não sabem exactamente porque é que há greve. Desta vez, então, é manifesta uma certa “ausência” dos cidadãos sobre os motivos que levaram o PC a patrocinar mas uma greve. A verdade é que exceptuando os suspeitos do costume que vieram dizer mais do mesmo, como aconteceu no Prós e Contras, por exemplo, ninguém parece ter uma ideia formada sobre o assunto. Dei-me ao trabalho ontem, de perguntar a várias pessoas se fariam greve e porquê. Ninguém me deu uma razão suficientemente forte. Falaram-me em políticos corruptos, falaram-me nas marcas dos carros em que “eles” se deslocam, falaram-me nos direitos que lhe estão a ser retirados (talvez a argumentação mais aproximada com uma razão), falaram-me no “deserto do Jah Meh” mas ninguém foi capaz de dizer objectivamente porque é que ia fazer greve. Desta vez até Carvalho da Silva se envolveu num argumentário do tipo não estão contra o governo, estão contra as políticas do governo, o que é uma coisa extraordinária e me faz pensar que os nossos sindicalistas (Carvalho da Silva orgulha-se de uma só vez ter feito greve na vida) precisam de greves tanto quanto eu preciso de comer. Porque é delas que se alimentam, esgotadas que estão razões plausíveis para o exercício à greve. E sem greves, os sindicalistas poderão ver-se na obrigação de terem de trabalhar o que, desconfio, não sabem ou não querem fazer (até porque trabalhar é uma trabalheira), a avaliar pelas décadas em que se dedicaram ao sindicalismo. Precisariam, no mínimo, de cursos de reciclagem e aperfeiçoamento para voltarem a trabalhar e a produzir.
Quanto ao cidadão comum, ao “utente”, ao “trabalhador” a coisa vai passar-se como de costume. Toda a gente se vai prejudicar e incomodar mas lá para o fim do dia vão aparecer algumas entrevistas na televisão a dizer que as greves são uma chatice mas que compreendem as razões dos grevistas, que é para isso que se fazem as televisões de serviço público. Sobretudo ao nível dos transportes que é onde a CGTP actua com mais acuidade, por ser o sector onde interessa mais desorganizar o sistema por ser o de maior visibilidade.
Nada de muito novo, assim. Será um dia como os outros em que muitos portugueses viverão a “vã esperança de mandar”, porque vão sentir que contam para qualquer coisa e outros, muitos mais, sentirão que vivem num país onde um grupo de activistas inteligentes mas retrógrados e oportunistas continuarão a fazer aquilo em que se especializaram nas últimas dezenas de anos: - chatear o próximo e contribuir decisivamente para arrastar o processo natural de melhoria das condições de trabalho dos portugueses. O que se deve a uma dinâmica natural de processo de desenvolvimento e melhoria das condições dos trabalhadores continua a ser contrabalançado pelos profissionais da greve.
Esperemos que a renovação de mentalidades se faça rapidamente e sem grande turbulência.
Nota: Não posso deixar passar em branco alguns blogues excitadíssimos com a greve. Alguns fizeram greve também, leia-se, não escrevem hoje e postaram um dístico de greve. Lá vou eu acabar o dia a ler blogues “fassistas”…
Tenho a sensação de que as pessoas não sabem exactamente porque é que há greve. Desta vez, então, é manifesta uma certa “ausência” dos cidadãos sobre os motivos que levaram o PC a patrocinar mas uma greve. A verdade é que exceptuando os suspeitos do costume que vieram dizer mais do mesmo, como aconteceu no Prós e Contras, por exemplo, ninguém parece ter uma ideia formada sobre o assunto. Dei-me ao trabalho ontem, de perguntar a várias pessoas se fariam greve e porquê. Ninguém me deu uma razão suficientemente forte. Falaram-me em políticos corruptos, falaram-me nas marcas dos carros em que “eles” se deslocam, falaram-me nos direitos que lhe estão a ser retirados (talvez a argumentação mais aproximada com uma razão), falaram-me no “deserto do Jah Meh” mas ninguém foi capaz de dizer objectivamente porque é que ia fazer greve. Desta vez até Carvalho da Silva se envolveu num argumentário do tipo não estão contra o governo, estão contra as políticas do governo, o que é uma coisa extraordinária e me faz pensar que os nossos sindicalistas (Carvalho da Silva orgulha-se de uma só vez ter feito greve na vida) precisam de greves tanto quanto eu preciso de comer. Porque é delas que se alimentam, esgotadas que estão razões plausíveis para o exercício à greve. E sem greves, os sindicalistas poderão ver-se na obrigação de terem de trabalhar o que, desconfio, não sabem ou não querem fazer (até porque trabalhar é uma trabalheira), a avaliar pelas décadas em que se dedicaram ao sindicalismo. Precisariam, no mínimo, de cursos de reciclagem e aperfeiçoamento para voltarem a trabalhar e a produzir.
Quanto ao cidadão comum, ao “utente”, ao “trabalhador” a coisa vai passar-se como de costume. Toda a gente se vai prejudicar e incomodar mas lá para o fim do dia vão aparecer algumas entrevistas na televisão a dizer que as greves são uma chatice mas que compreendem as razões dos grevistas, que é para isso que se fazem as televisões de serviço público. Sobretudo ao nível dos transportes que é onde a CGTP actua com mais acuidade, por ser o sector onde interessa mais desorganizar o sistema por ser o de maior visibilidade.
Nada de muito novo, assim. Será um dia como os outros em que muitos portugueses viverão a “vã esperança de mandar”, porque vão sentir que contam para qualquer coisa e outros, muitos mais, sentirão que vivem num país onde um grupo de activistas inteligentes mas retrógrados e oportunistas continuarão a fazer aquilo em que se especializaram nas últimas dezenas de anos: - chatear o próximo e contribuir decisivamente para arrastar o processo natural de melhoria das condições de trabalho dos portugueses. O que se deve a uma dinâmica natural de processo de desenvolvimento e melhoria das condições dos trabalhadores continua a ser contrabalançado pelos profissionais da greve.
Esperemos que a renovação de mentalidades se faça rapidamente e sem grande turbulência.
Nota: Não posso deixar passar em branco alguns blogues excitadíssimos com a greve. Alguns fizeram greve também, leia-se, não escrevem hoje e postaram um dístico de greve. Lá vou eu acabar o dia a ler blogues “fassistas”…
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6 Comments:
«Tenho a sensação de que as pessoas não sabem exactamente porque é que há greve.» - Tens a sensação?!!!... :)
Viver a “vã esperança de mandar” não me parece mal, «sentir que contam para qualquer coisa» também não, desde que, de facto, soubessem aquilo em que é suposto quererem mandar, aquilo para que é suposto estarem a contar!
E «trabalhar é uma trabalheira»! Essa é que é essa! :)
Está a decorrer uma greve de blogs no dia de hoje. Se desejares participar podes copiar a imagem que está no meu blog
abraço
Caramba! Logo hoje que arranjei um tempinho para fazer um post e visitar os amigos é que há greve! E eu também ainda não atinei porquê! E prontessss também sou um bocadinho "fassista" e não alinho nesses comboios. Porque trabalhar dá uma trabalheira, mas eu a-do-ro.
FEITIOS! Beijinhos e prepara-te que o trânsito vai estar uma miséria!
cristina
Estamos em full agreement :))))
kaos
Obrigado pela convite
azulinha
Tenho andado a rezar para não ires ao supermercado outra vez :)))
Beijinho
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