terça-feira, maio 08, 2007

Alcinhas



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Inicia-se hoje, com os 29º anunciados para Lisboa, a época das alcinhas. Muitas mulheres vão aparecer hoje nos restaurantes da minha zona mais frescas, mais leves, mais expostas. Estimo que a bondade do cenário não seja maculada pela lusitanus paradoxalis, que é aquela mulher que vai almoçar de vestido de alcinhas e depois manda chamar o senhor Zé para lhe dizer que o ar condicionado está muito forte. Para estas situações há sempre um casaquinho de malha (aquele que se leva para o fim do dia, por causa do arrefecimento nocturno que nos ensinam na rádio) que se pode pôr pelos ombros e manter o cenário. Recomenda-se, pois, que levem o tal do casaquinho.

Também sei que os aparelhos de ar condicionado vão começar a ser ligados a medo. Os donos do restaurante hesitarão entre ligá-los e interrogarem-se se não “aguentará” mais um dia ou dias sem gastar uns kilovátios. Se o calor apertar, talvez se condoam e não façam aquela cara de quem viu um ET com varicela se lhes pedirmos para os ligarem.

Enfim, é o Verão que volta. O calor, o suor, provavelmente os fogos e aquela atmosfera em que as pessoas, em materia de trabalho, parecem já nada fazer sem denunciarem aquele ar de quem “tou aqui tou a arrancar para as Canárias” e que só passa um mês depois das férias, depois daquele período em que as pessoas não fazem nada sem aquele ar de quem “acabei de vir de Puntacana que estava o máximo", enquanto perdem os últimos pigmentos de bronze que armazenaram nos ombros e nas faces e, provavelmente, os últimos fungos dos pés que adquiram nas piscinas dos “rissortes”.

Enquanto isso, ainda não é este ano que poderei cumprir a fantasia que me pinta os sonhos (nos dias em que não acordo com a RTP a ensinar-me o plural de artesão) e que é o de passar um Verão inteiro no gelo. Lá para a Escandinávia, onde existem aqueles países que não conheço e que tenho de conhecer. Porque terá de ser. Porque tive muitos anos de sol, de mar, de peixes, de corais, de skis, de camisas às florinhas e cocktails de fruta com um chapelinho de sol no copo. Coisas que, entretanto, se tornaram turismo de massas. E ainda bem, que o progresso é isso mesmo. Mas eu, que não sou homem de massas (no sentido abrangente da coisa), mantenho este desejo secreto. Uma noite no hotel de gelo da Finlândia. No regresso vou arranjar as unhas e a minha manicura conta-me como é que estava a água em Varadero…


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6 Comments:

At 11:40 da manhã, Blogger mulher disse...

:))))))

 
At 7:38 da tarde, Anonymous Anónimo disse...

Já o ano passado esta alcinhas apareceu no Espumante :D

 
At 10:46 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

ana
Só tu a dares um ar da tua graça quando se fala de calor e a D. Constança quando se fala de festa e de festança...
:)))))
Beijinho

 
At 10:47 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

IL
A "alcinhas" está bem arquivada :))

 
At 2:17 da tarde, Blogger 125_azul disse...

E onde arranjavas alcinhas para espichar o olho no hotel do gelo, ahn, ahn???
Beijinhos

 
At 11:28 da tarde, Blogger Nelson Reprezas disse...

azulinha
Adorei essa do espichar o olho
:))

 

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