Torres Vedras, Portugal, 2004
Ontem, ou anteontem, uma repórter da RTP (daquelas bonitinhas que dizem "ilecóptero", as "características que caracterizam" e que conseguem a proeza de acentuar palavras na sílaba anterior à antepenúltima - i.e. JÚ - ni - o - res - relatava, entusiasmada, uma ideia (louvável, a todos os títulos) da autarquia de Torres Vedras em pôr criancinhas a distribuir cinzeiros de plástico pelos banhistas, nas praias. Isto porque "as praias se estavam a tornar em gigantescos cinzeiros"... vai daí que a repórter, imbuída daquele espírito contagiante que deve reinar lá pela estação de fazerem perguntas estúpidas quase irrespondíveis, lembrou-se de entrevistar um rapazito e perguntava: - Então o que é que costumas encontrar na praia? E o puto respondia... conchas. E a repórter insistia: E que mais? E o puto respondia... pedrinhas. E a repórter, com cara de "raios partam o sacana do puto que nunca mais diz beatas..." insistia ainda: E que mais? E o puto, pestanejante, olhava para a repórter, pensava, hesitava... e a repórter, numa tirada brilhante: E beatas, não encontras beatas? E o puto... siiiiiiiim, que é o que 90% dos putos portugueses usa como resposta a qualquer pergunta que lhe façam. Um siiiiim arrastado e que "caracteriza as nossas características". E a repórter, triunfante: Ahhh, encontras beatas. E diz-me: O que costumas fazer às beatas? O puto, coitado, olha para a repórter, as audiências suspensas de tão edificante e construtivo diálogo e responde: "Amando-lhes um chuto". Eu seja ceguinho... mas foi esta a resposta "verbatim" do miúdo. Ainda fiquei com esperança de que o chuto seria para a repórter mas, desgraçadamente, era para as beatas que a criança encontrava...
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