terça-feira, julho 13, 2004

Os populistas

O termo populista irrita-me. Só por si. E irrita porque, por definição, me chama estúpido. Se o povo não fosse estúpido não havia populismo. É a forma mais racional que encontro para descodificar o vocábulo, mas estou aberto a opiniões. E, todavia, diz-se frequentemente que o "o povo não é estúpido" com a mesma desfaçatez com que se acusa opositores de serem populistas. O que, à partida é um paradoxo. Mas ainda aceito que qualquer fenómeno é paradoxal pelo que, com algum esforço, sou capaz de acomodar o vocábulo. O que não podemos é misturar populismo com falta de vergonha e isso é recorrente e profundamente irritante. Quando Carlos Carvalhas diz de Sampaio o que o diabo não disse da cruz, raiando o insulto, e não tem a honestidade nem estrutura ética para se demitir do Conselho de Estado (aliás convidado pelo próprio Jorge Sampaio), não estamos perante uma forma de populismo mas da mais refinada falta de vergonha de alguem que ainda representa uma fatia do eleitorado português. Sei por experiência e vivência próprias que um dirigente comunista é, quase sempre, desonesto e mentiroso. Não é preconceito. É factual. Mas quando um dirigente comunista aceita o jogo da democracia terá inevitavelmente de aceitar as regras. Carvalhas deu um bom exemplo do que é, como homem e como dirigente político.