A fraude informativa das nossas televisões
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Hoje tive uma experiência interessante. Tive necessidade de me deslocar de comboio de Cascais para Lisboa (circunstancialmente, o meu carro pernoitou em Algés). Para minha surpresa, cheguei à estação e havia greve dos maquinistas. Das cinco da manhã às nove. Como eram 09:10 achei que a greve estaria terminada. Não estava. O primeiro comboio a sair de Cascais seria às 12:48. Deambulei pela estação, tomei café, li o Destak, o Metro e outros jornais gratuitos da nossa praça e lembrei-me de greves anteriores, durante as quais as nossas televisões, coincidentemente, só pode, esbarram sempre com pessoas que acham as greves muito bem. Que é preciso respeitar os interesses dos trabalhadores, que a greve é um direito constitucional, etc., etc., enfim aquela listagem completa da bondade das greves.
E é aqui que mora a surpresa. Passeei-me pelas centenas de pessoas que iam viajar e não ouvi um único comentário semelhante aos que normalmente se ouve nas televisões. Que os maquinistas deviam era ir todos para o c…, que os f... da p... ganhavam tanto como os pilotos da TAP, que os sindicatos eram uma vergonha, que este país está a saque, se foi para isto que se fez o 25 de Abril e toda uma série de impropérios a enfeitarem a verdadeira angústia daquelas pessoas que aguardavam o transporte. Pensei, assim, como as televisões têm um papel fulcral na passagem de uma imagem falsa e de como elas gostam de se arvorar em espelho de uma ideologia desejável e de uma mentalidade correcta da população. Até entendo as razões desse procedimento, mas não deixa de ser uma atitude condenável e estruturalmente «socialista». E é mentira. O que ouvi foi o que referi acima. Para não falar de um comboio (o primeiro do dia, às 13:00) apinhado com as pessoas com os nervos à flor da pele, repetindo os apupos e com cenas degradantes em cada uma das estações em que o comboio parava (parava em todas), pela simples razão de que não cabia mais ninguém. Em Algés saiu a maioria das pessoas. Muitos dos passageiros batiam com violência nas vidraças das cabines dos maquinistas e insultavam-nos.
Logo à noite, provavelmente, uma reportagem do exterior mostrará uma jovem compostinha dizendo que temos de respeitar os direitos dos trabalhadores.
Hoje tive uma experiência interessante. Tive necessidade de me deslocar de comboio de Cascais para Lisboa (circunstancialmente, o meu carro pernoitou em Algés). Para minha surpresa, cheguei à estação e havia greve dos maquinistas. Das cinco da manhã às nove. Como eram 09:10 achei que a greve estaria terminada. Não estava. O primeiro comboio a sair de Cascais seria às 12:48. Deambulei pela estação, tomei café, li o Destak, o Metro e outros jornais gratuitos da nossa praça e lembrei-me de greves anteriores, durante as quais as nossas televisões, coincidentemente, só pode, esbarram sempre com pessoas que acham as greves muito bem. Que é preciso respeitar os interesses dos trabalhadores, que a greve é um direito constitucional, etc., etc., enfim aquela listagem completa da bondade das greves.
E é aqui que mora a surpresa. Passeei-me pelas centenas de pessoas que iam viajar e não ouvi um único comentário semelhante aos que normalmente se ouve nas televisões. Que os maquinistas deviam era ir todos para o c…, que os f... da p... ganhavam tanto como os pilotos da TAP, que os sindicatos eram uma vergonha, que este país está a saque, se foi para isto que se fez o 25 de Abril e toda uma série de impropérios a enfeitarem a verdadeira angústia daquelas pessoas que aguardavam o transporte. Pensei, assim, como as televisões têm um papel fulcral na passagem de uma imagem falsa e de como elas gostam de se arvorar em espelho de uma ideologia desejável e de uma mentalidade correcta da população. Até entendo as razões desse procedimento, mas não deixa de ser uma atitude condenável e estruturalmente «socialista». E é mentira. O que ouvi foi o que referi acima. Para não falar de um comboio (o primeiro do dia, às 13:00) apinhado com as pessoas com os nervos à flor da pele, repetindo os apupos e com cenas degradantes em cada uma das estações em que o comboio parava (parava em todas), pela simples razão de que não cabia mais ninguém. Em Algés saiu a maioria das pessoas. Muitos dos passageiros batiam com violência nas vidraças das cabines dos maquinistas e insultavam-nos.
Logo à noite, provavelmente, uma reportagem do exterior mostrará uma jovem compostinha dizendo que temos de respeitar os direitos dos trabalhadores.
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Etiquetas: direitos a prazo, greve
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